Se não consegue sequer colocar a hipótese de vir a ter uma velhice financeiramente instável ou insatisfatória, provavelmente já pensou que devia começar a poupar… já.
Preparar um fundo financeiro para o futuro deve ser um objetivo que nos acompanha desde o primeiro dia no nosso primeiro emprego – porque é antecipando os problemas que melhor os resolvemos.
Claro que ninguém está à espera de ter uma ótima margem de poupança logo a partir do primeiro ordenado, mas poupar é um hábito e só tem a ganhar se o implementar desde o primeiro dia – nem que seja para poupar um euro.
Sabendo que a poupança não tem idade, contudo, há um determinado valor que devemos acautelar em cada fase da vida – valor que, segundo os especialistas, serve para nos garantir conforto num futuro a curto, médio e longo prazo.
O valor que vamos considerar neste artigo é aquele que os especialistas apontam como o objetivo a cumprir até aos trinta anos. Se chegar aos trinta anos com estes valores assegurados, está no bom caminho para uma velhice tranquila. Se não está perto do valor apontado, é hora de repensar a sua estratégia financeira o quanto antes.
Ressalvamos, no entanto, que quando referimos que a poupança não tem idade queremos dizer que nunca é cedo de mais para começar a poupar, mas também entendemos que nunca é tarde de mais para começar a poupar. Se já passou dos trinta anos e não tem dinheiro nenhum posto de parte, ainda vai a tempo de acautelar a reforma – só terá de fazer um esforço mais intenso.
Quanto dinheiro já devia ter poupado aos 30 anos?
Para o fundo de emergência
Todos os cidadãos devem acautelar um fundo de emergência financeira. Este fundo deve estar acessível a qualquer momento, por isso não deve ser aplicado em obrigações a longo prazo, mas também não deve estar parado na conta à ordem se essa situação o deixar vulnerável a um ímpeto consumista.
De acordo com os especialistas, o fundo de emergência deve equivaler a, no mínimo, três meses de salário. O valor ideal, contudo, é de seis meses – ou seja, se ganhar 1000 euros por mês deve garantir um fundo de emergência disponível de 6000 euros.
Este valor é, no entanto, um valor “por cabeça”, ou seja, cada elemento do agregado familiar deve guardar seis meses do seu salário no fundo de emergência. No caso das crianças, que não trabalham e não têm rendimentos, o valor que lhes cabe deve ser acautelado pelos pais – e aqui é aceitável que este valor seja menor, já que as crianças também não têm as mesmas necessidades financeiras que os adultos.
O objetivo do fundo de emergência financeira é cobrir eventuais imprevistos, como uma situação de desemprego, uma doença prolongada ou uma despesa imprevisível e inadiável. A ideia de que deve ser equivalente a seis meses de salário é, basicamente, a de permitir que a família sobreviva sem rendimentos nenhuns durante meio ano, ganhando margem de tempo para se adaptar, recompor e encontrar novas fontes de rendimento sem entrar em incumprimento com nenhuma das contas da casa.
É também importante referir que quando se fala em seis meses de salário se fala no salário mais alto obtido até aí, pelo que não vale contar seis meses do salário do primeiro emprego e nunca mais recompor o fundo.
Para a reforma
Sabemos bem que, aos trinta anos, a reforma ainda parece um futuro muito longínquo (há até quem duvide dele), mas não é aos 50 anos que vai começar a pensar na velhice.
Tem de preparar o futuro agora por vários motivos: porque as suas despesas aumentam à medida que envelhece; porque a idade lhe trará mais encargos financeiros (como a educação dos filhos, por exemplo); e porque o dinheiro precisa de tempo para render, ou seja, quando mais cedo começar a poupar e a por as poupanças a render, menor será o esforço ao longo do tempo.
Assim, é expectável que, aos trinta anos, tenha conseguido poupar o equivalente a, pelo menos, um ano dos seus rendimentos – ou seja, se ganha mil euros por mês espera-se que, aos trinta anos, junte pelo menos 12000 euros na conta bancária.
Este valor, ainda assim, pode não estar todo em numerário. É aceitável que, por esta altura, já tenha decidido comprar uma casa, por exemplo, e aí pode considerar-se o investimento no imóvel como uma poupança indireta, porque se trata de uma aplicação de dinheiro que guardou. Embora a casa não venha a dar-lhe de comer na velhice, vai certamente poupá-lo do esforço de pagar uma renda, e isso já é uma enorme ajuda.
Claro que os valores que apresentámos são apenas referências. Há, na verdade, muitas formas de poupar, com maior ou menor investimento, de forma direta ou indireta. Comprar uma casa é um investimento útil, bem como investir em aplicações financeiras. O dinheiro não está numa conta poupança, mas é seu e está disponível se um dia precisar dele.
Por outro lado, convém esclarecer que estes valores fazem adivinhar uma velhice dita “normal”. Se o seu plano é ter uma velhice luxuosa, com muitas viagens e conforto, provavelmente deve dedicar-se a um plano de poupança mais ambicioso. Se, pelo contrário, acredita que ficaria satisfeito com uma velhice caseira e sem grandes aventuras, pode perfeitamente relaxar um pouco e aliviar os objetivos.
Importante é que defina o que quer, para quando quer e o que precisa de fazer para atingir esse objetivo. Chegado aos trinta anos, pode avaliar se está no bom caminho ou se terá de acelerar o ritmo para não ficar para trás.