Tecnicamente aprovado em Dezembro de 2017, o 5G é oficialmente o novo padrão standard criado para as comunicações GSM (Global System for Mobile Communications).
Previsto para estar em pleno funcionamento apenas em 2020, o 5G já lançou muitas marcas, especialmente chinesas e americanas, na corrida para serem os primeiros a oferecer infraestruturas e equipamentos a funcionar com a nova tecnologia. Mas, o que é o GMS e de onde vem o 5G?
Tecnologia 5G: o que vai mudar?
O GSM é um padrão de telecomunicações aberto que surgiu nos anos 80, na Europa, pela mão do ERSI (European Telecommunications Standards Institute). Tinha por objetivo descrever os protocolos de comunicação da primeira rede móvel digital, chamada segunda geração (2G).
Nessa altura, substituiu o padrão das redes celulares analógicas pioneiras (1G) e, desde então, tornou-se o standard global para as comunicações móveis digitais em quase todo o globo.
Foi dentro do ERSI, que hoje reúne engenheiros de telecomunicações de todo o mundo, que surgiu o 3GPP (3rd Generation Partnership Project), uma organização que tem por objectivo padronizar a criação, envio e reprodução de arquivos multimédia entre telemóveis e aparelhos sem fios.
Graças a esta organização, surgiu a 3ª geração de GMS (3G), que mais tarde foi claramente melhorada pela definição dos protocolos para o sistema 4G, e agora o 5G.
De aplicação voluntária, as especificações e normas que a 3GPP aprovou para o lançamento do 5G são uma base de referência para utilizadores, operadores de rede e fornecedores de serviços, garantindo as compatibilidades entre os produtos e os equipamentos desenvolvidos. O desafio foi lançado, mas o que podemos verdadeiramente esperar?
5G: downloads e uploads super rápidos
Testes em laboratório, divulgados por engenheiros da Universidade do Texas no Brooklyn 5G Summit do ano passado, afirmam que se conseguem atingir velocidades entre os 10 e os 20 Gbps na estação base. Isto quer dizer que essa será a velocidade de banda disponível para todos os utilizadores que se liguem a essa estação.
O contexto de vários utilizadores wireless, ligados à mesma estação, também foi testado e foi possível atingir entre os 100Mbps e os 6 Gbps. Se pensarmos que o protocolo de velocidade do 4G oferece 100Mbps na estação e que em Portugal a velocidade média conseguida no sistema 4G é de 16,9 Mbps (dados da OpenSignal), vemos que a diferença é significativa. Basta pensar que pode ser rápida o suficiente para conseguir fazer o download de um filme de 100GB a 4K em 2 minutos e meio.
Outra melhoria esperada é a redução do tempo de latência que o 5G promete. Latência é o tempo que leva o computador a perceber se está a comunicar com qualquer outro ponto da rede (o chamado efeito de ping-pong entre equipamentos que é medido em milissegundos). No sistema 4G essa espera é de 20ms, enquanto que para o sistema 5G o ping-pong foi reduzido para os 4ms. É possível antecipar o potencial que esta redução pode ter nos chats ao vivo ou nos jogos de vídeo.
Pode transformar indústrias inteiras, mas atenção à segurança
O potencial de velocidade e de reduzida latência do 5G torna esta tecnologia o novo el dorado para o desenvolvimento de produtos e serviços.
Se pensarmos que há mais máquinas a funcionar online na indústria do que telemóveis pessoais na web, é fácil de ver como o 5G representa uma promessa enorme para a chamada Internet das Coisas (IoT).
Não falamos apenas de braços robóticos industriais ou de carros autónomos, mas também de pequenas robôs de cozinha, elevadores que funcionam via wi-fi, novas apps em clouds mais potentes e muitas surpresas no mundo da realidade virtual e da realidade aumentada. Juntemos ao bolo o investimento crescente na inteligência artificial e podemos antecipar a verdadeira explosão que aí vem.
Mas há quem antecipe problemas sérios. A agência de cibersegurança da União Europeia (ENISA) alerta para o facto de as falhas registadas no 4G se poderem repetir na 5ª geração, com a agravante da infraestrutura comportar muitos mais utilizadores e equipamentos ligados, e muitos mais dados a circular. Basicamente, temem-se as intercepções de tráfego, a falsificação de dados e o acesso rápido a localizações.
O conselho é para que as empresas não tenham pressa em abraçar o novo padrão. Para os que estão a apostar na IoT, aconselha-se que não comecem a desenvolver desenfreadamente produtos e serviços com fase nessa infraestrutura, deixando o desenvolvimento para 4G para trás.
Por cá, talvez ainda tenhamos que esperar algum tempo pelo 5G. Tal como disse o presidente da Altice, Alexandre Fonseca, em entrevista recente: “Acredito que a tecnologia 5G terá o seu espaço, mas acho que é cedo para pensarmos numa exploração comercial do 5G”.
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