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É inegável que a incerteza económica que enfrentamos atualmente em Portugal e na Europa causa um impacto profundo nos mais diversos setores da sociedade – e nas empresas não é diferente.
É certo que a incerteza económica está a refletir-se nas nossas vidas, com os níveis de inflação que estamos a enfrentar neste momento a assumirem níveis históricos, e poderão galopar ainda mais.
A incerteza económica influencia recrutamento nas empresas
Um grande desafio para o mercado de trabalho
Devemos tratar o recrutamento e o estado da economia como duas coisas em separado? Elas parecem estar intimamente relacionadas, mas nem sempre essa relação é óbvio e direta.
Quando a economia está de boa saúde, as perspetivas de crescimento e de lucros são boas nas empresas, o que faz com que o mercado de trabalho se demonstre otimista em relação ao futuro, mas tudo pode mudar de um dia para o outro.
Uma economia forte torna-se fácil de identificar quando a taxa de desemprego é baixa, mas isso não quer dizer que o panorama a nível de recrutamento seja favorável.
A incerteza económica influencia o recrutamento a mudar de paradigma?
Uma taxa de desemprego baixa causa a sensação de que toda a gente poderá obter mais empregos e mais facilmente, mas na verdade é noutro ponto que os recrutadores nestas alturas se centram: na procura de competências adequadas para cada área.
Por outro lado, a incerteza causada por uma crise económica iminente poderá alterar a tendência atual de os trabalhadores valorizarem mais a autonomia e a flexibilidade, como é o caso dos empregos remotos. A História já demonstrou que as crises económicas fazem com que as pessoas voltem a preferir empregos estáveis e seguros.
De que maneira é que isso poderá acontecer, e quais as mudanças esperadas nos processos de recrutamento que se podem prever para que seja possível contornar esse problema da melhor forma?
Ou será que a incerteza económica poderá afinal de contas não ter um impacto tão grande no recrutamento como muitos prevêem? Vamos analisar os dois lados da moeda através da opinião de especialistas.
A opinião de especialistas no que diz respeito a se a incerteza económica influencia recrutamento
Alistair Cox, Presidente-executivo da Hays, numa entrevista concedida há dois meses ao “Expresso”, dá sinais de otimismo.
Ele refere que acredita que a pandemia trouxe uma maior capacidade de resiliência ao mercado de trabalho, concretamente às empresas e aos trabalhadores.
Pelas suas palavras, “ a contratação das empresas continuam muito fortes e a disponibilidade dos candidatos para mudar de emprego também. Seria fácil assumir que o negócio do recrutamento está a ser negativamente impactado de alguma forma, mas não o sentimos ainda e acho que somos resilientes.”
Nessa mesma entrevista refere ainda que o ano de 2021 a nível de recrutamento foi o mais forte de sempre para a sua empresa. Ainda assim, demonstra apreensão em relação a uma mudança de cenário para pior, com a crise energética que se avizinha nos próximos meses de Inverno e a contínua escalada da inflação.
Numa posição um pouco mais cautelosa está a manager da divisão de recursos humanos da Robert Walters, Susana Costa, que em entrevista à “PME Magazine” analisou o corrente ano de 2022 e traçou algumas previsões para 2023 no que diz respeito ao recrutamento nas empresas.
Susana refere que no próximo ano espera um abrandamento na procura de novos empregos e por consequência no recrutamento, em parte porque 2022 foi um ano forte, e logo um grande número de profissionais continuará no mesmo emprego.
Por outro lado, a situação de instabilidade na Europa será cada vez mais um fator dissuasor para que os trabalhadores desejam arriscar e embarcar em novas aventuras.
Segundo a manager da Robert Walters, em 2023 será mais fácil atrair talento oferecendo contratos sem termo e condições salariais atrativas, em relação à média do mercado.
As empresas não podem fechar os olhos à ameaça de que a incerteza económica influencia recrutamento
É ainda da opinião de que as empresas também deverão ter em conta os benefícios .
que neste momento são os mais valorizados pelos trabalhadores. Estamos a falar das opções que permitem flexibilidade, com o regime híbrido à cabeça.
Este regime de trabalho continua a ser muito valorizado pelos candidatos, pelo que acredita que com certeza será uma vantagem na hora de contratar.
Susana chama ainda a atenção para que as empresas adotem estratégias de recrutamento de gestão de recursos humanos sempre adaptada ao contexto económico que se vive no momento.
Por último, deixa a dica de que muitas empresas já investem na utilização de dados para recolher informação que permita um reforço nas suas estratégias de gerir o talento, sem deixarem de reforçar também a compensação e a proposta de valor.