Delphine Dayrieux é uma escritora de sucesso que acabou de lançar o seu novo livro, proeza que a deixou extenuada psicologicamente. É quando conhece Elle, outra escritora e admiradora sua, que a vida de Delphine parece melhorar. Ainda que seja por pouco tempo. É “A Partir de Uma História Verdadeira“que se escreve esta trama.
Crítica de Cinema: A Partir de Uma História Verdadeira
Roman Polanski apresenta-nos o seu último filme (o terceiro que vejo dele, depois do Pianista e A Nona Porta) como sendo um thriller. O problema é que o realizador apenas se fica com a apresentação de um suposto filme de suspense, enquanto que aquilo que nos oferece é facilmente descodificado logo no primeiro acto.
Escrever sobre um filme que tem uma tremenda dificuldade em guardar o mistério da sua história é mais fácil do que não perceber o plot-twist logo na primeira oportunidade que nos é oferecida.
Talvez Polanski tenha achado que o argumento no papel resultasse muito bem. O leitor imagina vários aspectos daquilo que vai lendo, na exacta medida inversa daquilo que o autor escreveu. No cinema, o espectador não precisa de imaginar, porque está a ver e a ouvir a história.
A beleza do cinema está nos detalhes. Ora nas belíssimas imagens e planos, ora na música ou ausência dela. Na mudança de ritmo e na imersão dada a quem se senta a ver o filme. E principalmente nos detalhes. É nos detalhes, que deveriam destapar o mistério do filme ao longo dos seus 100 minutos, que Polanski nos perde, e logo no início.
Um cromo repetido
A partir do momento que percebemos o final da história, nos 10 minutos iniciais, ficamos a pedir que nos mostrem que estamos errados. Infelizmente não é o que acontece. Talvez seja uma nova espécie de thriller, que oferece mais certezas do que dúvidas a quem vê…
Para além do ritmo vagaroso, tipicamente francês, a dinâmica entre a dupla feminina é também desinteressante, muito por culpa da fraca prestação de Emmanuelle Seigner (cujo o único trabalho que conhecia dela era o seu papel em A Nona Porta, com Johnny Depp, rodado em Sintra). Eva Green sempre bem, sem culpa da má execução do realizador e do caminho escolhido pela direcção de actores para a sua personagem. Na verdade foi ela o meu pretexto para ver o filme.
Há muitos filmes que fazem aquilo que A Partir de uma História Verdadeira gostaria de fazer bem. Já vimos películas com twists do género que nos agarraram até ao último minuto. Este filme de Polanski desmancha-se nos minutos iniciais e não nos oferece mais nada de novo depois. Os detalhes são escarrapachados em cada cena sem nenhum cuidado. Duvido que alguém se espante com a história. É o problema de gostar de coleccionar cromos. Às vezes saem os repetidos que ninguém gosta…
Estrelas: *
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