Todos podemos (e devemos) ser os heróis desta tragédia se seguirmos à risca as indicações da Direção Geral da Saúde (DSG), do Governo e das Forças de Segurança.
No entanto, e por alguns não entenderem o que significa precaução e quarentena voluntária, os médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde têm sido os protagonistas desta “guerra”, e, com toda o mérito e justiça, os portugueses, de um modo ou outro, têm demonstrado várias ações de solidariedade em plena pandemia do novo coronavírus.
Entre gestos de várias personalidades famosas, clubes de futebol, empresários ou simples cidadãos anónimos, várias são as ações que nos comovem e que nos fazem acreditar que “vai correr tudo bem”.
Portugal solidário: Juntos (ainda que separados), venceremos
Senhorio ofereceu um mês de renda aos inquilinos
O caso aconteceu em Alcabideche, Lisboa, e rapidamente fez-se notícia. O Homem por trás desta boa ação, Sr. Francisco, prefere manter o apelido sob anonimato, pois não pretende qualquer reconhecimento pela sua ação.
Afirma que durante toda a sua vida procurou fazer algumas poupanças, e que os vários inquilinos que tem (alguns são-no desde 1950), nunca lhe falharam com o pagamento de uma renda. Afirma ainda que dos 12 meses de renda, 3 são usados para pagar o IMI. Por isso, este ano, “é só fazer de conta que são 4”.
“Ninguém ignora que o tempo que estamos a passar é inédito e que nos irá trazer dificuldades financeiras a todos. Pelo menos um de vós está aqui desde 1950 e sempre pagaram a renda a tempo e horas. Agradeço-vos por isso. Em meu nome e do meu filho, quero oferecer-vos a renda do próximo mês de abril para que possam comprar mais comida ou apenas para aliviar o sufoco que aí há-de vir. Chegámos aqui juntos, vamos sair disto juntos”, pode ler-se no comunicado afixado num espaço comum deste prédio no dia 20 de março.
Padaria oferece pão a quem não puder pagar
As pastelarias Anaflor e Favienses ficam situadas na região da Grande Lisboa, e rapidamente se prontificaram a ajudar quem mais precisa nestas alturas.
“Se hoje estás com dificuldades em pagar o pão a pastelaria Anaflor tem o prazer de te ajudar. Tira o teu saco”, pode ler-se numa publicação da rede social da pastelaria no Facebook, e pode ler-se também à entrada de um dos 4 estabelecimentos do Sr. José Manuel Bragança, proprietário da padaria Anaflor.
O empresário de 59 anos decidiu fazer assim o que podia para ajudar quem mais precisa depois de afirmar que muitos foram aqueles que foram comprar pão à padaria, mas que lhe pediram para pagar quando tudo isto passar.
Recorde que as padarias fazem parte dos serviços essenciais que o Governo obriga a estarem abertos durante o Estado de Emergência.
Jovens oferecem-se para ajudar os grupos de risco
Um pouco por todo o país, vários foram as imagens partilhadas nas redes sociais de jovens a oferecem-se para ir ao supermercado, à mercearia, ao talho ou à farmácia no lugar dos idosos ou pessoas consideradas “de risco”, permitindo assim que estes fiquem por casa, minimizando o risco de serem infetados.
“Caras vizinhas(os), informo que perante a pandemia COVID-19 e consequente estado de alerta imposto pelo nosso governo, e tendo em conta que o contágio é mais perigoso em pessoas com mais de 65 anos, disponibilizo-me a ir ao supermercado ou farmácia caso necessitem. O vosso vizinho do 2º ESQ Bruno Freitas”, podia ler-se numa mensagem.
Esta onda de solidariedade perante a ameaça de COVID-19 tem-se multiplicado e, felizmente, são já dezenas as publicações semelhantes que correm nas redes sociais.
Airbnbs, Hostels e casas disponíveis para arrendar foram disponibilizadas gratuitamente aos profissionais de saúde
O novo coronavírus é extremamente contagioso e perigoso, e para proteger os seus, e também os nossos, muitos são aqueles que perante a iminência de contrair este vírus e contagiar os seus familiares, têm optado ficar alojados em unidades hoteleiras, longe de casa, a sós, sem ver os seus familiares, e suportando todos os custos.
Tendo em conta isto, foi criado um grupo no Facebook “COVID-19 – Alojamento/outro serviço SOLIDÁRIO para profissionais de saúde” que conta já com mais de 10 000 membros e onde várias são as pessoas que estão a disponibilizar gratuitamente as suas residências secundárias, hostels ou até autocaravanas.
A adesão a este movimento tem sido forte e várias são as mensagens de apoio e partilha para que todos os profissionais de saúde que assim desejem poderem pernoitar e descansar, mantendo as famílias a salvo, e garantindo que têm forças para dia após dia continuarem a travar esta batalha.
Tech4COVID19
O movimento Tech4COVID19 é um projeto “made in Portugal” e reúne mais 2000 empreendedores e profissionais de startups portuguesas como o objetivo de usar a tecnologia para combater o novo coronavírus, estando neste momento a colaborar com o Governo para tentar minimizar os efeitos da propagação desta doença.
Este movimento tem equipas a trabalhar 24 horas por dia e entre os vários projetos já lançados destaca-se uma solução que visa exatamente agrupar num site o ponto mencionado acima: providenciar alojamento temporário para profissionais de saúde.
Outro dos projetos em curso neste momento é uma campanha de angariação de fundos para aquisição e doação de equipamentos em falta em centros de saúde e hospitais para combater e controlar o COVID-19, ou ainda um serviço de consultas gratuitas em formato de vídeochamada, prestando assim os cuidados primários de saúde à população através de uma aplicação.
Super Bock converte álcool de produção de cerveja em gel desinfectante
O Grupo Super Bock e a destilaria Levira anunciaram, através de um comunicado, que vão converter o álcool de produção de cerveja em gel desinfetante que irá posteriormente ser oferecido a três unidades hospitalares da região do Porto.
“São cerca de 56.000 litros de álcool da produção de cerveja sem álcool que vão ser transformados, pela Destilaria Levira, em aproximadamente 14.000 litros de álcool gel para as mãos, num processo de fabrico que segue as diretrizes da Organização Mundial de Saúde”, pode ler-se no documento.
Clubes de futebol, jogadores e empresários doam equipamento médico
Um pouco por todo o mundo, o desporto em geral e o futebol em particular têm sido solidários com esta pandemia, protagonizando várias ações de solidariedade.
O primeiro a dar a cara foi Jorge Mendes, empresário de Cristiano Ronaldo, que ofereceu 1000 câmaras expansoras, 200 mil batas de proteção individual e três ventiladores que serão distribuídos por dois hospitais do Norte, sabendo-se também que irá doar equipamento médico ao Hospital de Viana do Castelo.
Cristiano Ronaldo também irá doar equipamento médico ao Hospital de São João no Porto, assim como vários outros jogadores profissionais de futebol.
Os clubes de futebol profissionais também não ficaram indiferentes a esta situação e o Benfica anunciou que ia doar 1 milhão de euros ao Serviço Nacional de Saúde.
O SC Braga vai doar 10 ventiladores, 15 550 máscaras e 500 fatos de proteção ao Hospital de Braga e o Farense doou 100 mil euros ao Algarve Biomedical Center.
Também o presidente do Moreirense, Vitor Magalhães, doou 10 ventiladores ao Hospital de Guimarães e o presidente do Sporting, Frederico Varandas, que é médico de profissão e capitão do Exército, anunciou que estava disponível para voltar a servir o país enquanto vigorar o estado de emergência.
Está nas nossas mãos, mas sobretudo nas nossas atitudes, matar esta pandemia o mais rapidamente possível. Por isso, ajude quem puder, como puder, cumpra todas as recomendações dadas pelo Governo, pela Direção Geral da Saúde (DGS) e pelas forças de segurança.