Share the post "Acordo Ortográfico: 6 alterações que tem obrigação de conhecer"
Sente que precisa de relembrar algumas alterações que foram feitas com a entrada do Novo Acordo Ortográfico? Preparamos um artigo com toda a informação essencial sobre o tema.
Qualquer língua, incluindo a Língua Portuguesa, é o resultado de uma evolução, ao longo do tempo e do espaço, que reflete um conjunto muito diversificado de fatores, como as grandes e as pequenas mudanças sociais e culturais ou a influência de outras línguas.
É comum verificarmos ainda algumas diferenças na forma como cada um escreve – existem ainda pessoas que, mesmo depois da entrada do Novo Acordo Ortográfico em vigor atualmente, optam por escrever “à moda antiga”.
Este é talvez um dos principais motivos pelo qual ainda parece permanecer uma dúvida constante em relação a algumas regras do Acordo Ortográfico.
Fique connosco e conheça as principais alterações que tem a obrigação de saber.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Para que seja possível compreendermos o Acordo Ortográfico atualmente em vigor, é importante também conhecermos um pouco da História da Língua Portuguesa.
Quer a formação como a própria evolução da Língua Portuguesa, contam com um elemento decisivo: o domínio romano. Em todos os aspetos (morfologia, fonética, léxico e sintaxe), a Língua Portuguesa é fundamentalmente o resultado de uma evolução do latim vulgar trazido pelos colonos romanos no Século III a.C.
Depois da queda do Império Romano e das invasões bárbaras no Século V d.C., deu-se então o desenvolvimento do português arcaico como sendo um dialeto românico, intitulado por galego português – dialeto este que se diferenciava de outras línguas românicas da Península Ibérica.
Para que consiga ter uma noção mais real da dimensão, o galego português tornou-se numa verdadeira linguagem madura no Século XIII, utilizado em documentos escritos e incorporado numa literatura bastante rica, foi decretado como língua oficial do reino de Portugal em 1290, pelo Rei D. Dinis I.
Provavelmente deve estar a questionar-se sobre quando se deu, afinal, o grande salto para o português moderno. Este salto deu-se no Renascimento, sendo que a normatização da língua foi iniciada em 1536 através da criação das primeiras gramáticas.
A partir do Século XVI, a História da Língua Portuguesa deixa de ocorrer exclusivamente em Portugal, passando a abranger o português europeu e o português internacional.
O acordo ortográfico de 1990
Foi em 1990 que foi criada uma ortografia unificada – o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado por representantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe e claro, Portugal.
Assim, na história da Língua Portuguesa reconhecemos várias épocas: o português antigo (também conhecido por galego-português ou português arcaico), entre o século XII e o século XV; o português clássico, entre o século XVI e o século XVIII; e o português contemporâneo, a partir do século XIX. Todas essas épocas contribuíram para a riqueza e diversidade do património linguístico do português.
ACORDO ORTOGRÁFICO E REFORMAS
No século XX, a Língua Portuguesa foi alvo de várias reformas e acordos.
A primeira iniciativa aconteceu com a Reforma Ortográfica de 1911 que atualizou, por exemplo, a palavra phosphoro para fósforo, ou orthographia para ortografia, entre muitas outras mudanças.
Seguiu-se o Acordo Ortográfico de 1945, a Reforma Ortográfica de 1973 e, finalmente, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, atualmente em vigor.
O principal objetivo deste acordo ortográfico é atualizar a escrita, simplificando alguns aspetos da língua portuguesa para facilitar a comunicação, embora continuem a existir algumas ambiguidades e lacunas. Apesar disso, é importante realçar que não há qualquer alteração na pronúncia das palavras nem no seu significado.
Principais alterações do acordo ortográfico
Houve um período de transição e adaptação em que eram permitidas as duas ortografias, mas que, entretanto, terminou. Há alguns anos que o Governo e o Sistema Educativo Português já utilizam a nova grafia, assim como a maior parte dos órgãos de comunicação social.
Existem alterações exclusivas da norma brasileira, mas neste artigo reunimos apenas as principais mudanças para o português europeu.
1. Alfabeto
O alfabeto português passa a ser constituído oficialmente por 26 letras – inclui-se k, y, w. Importa ainda salientar que estas são apenas utilizadas com termos estrangeiros (darwinismo).
2. Consoantes mudas ou não articuladas
O acordo ortográfico suprime as consoantes inequivocamente mudas ou não articuladas (ou seja, não se escrevem as letras c e p, quando não se pronunciam). São exemplos: diretor, atriz, ação, ótimo, coletivo.
Para além disto, as letras p e c continuam a escrever-se nas palavras cuja pronúncia obriga a que essas letras sejam ditas, como por exemplo: opção ou pacto. Dependendo da pronúncia culta, a letra b, quando seguida de d ou t, pode ou não desaparecer. São exemplos: súbdito em Portugal e súdito no Brasil. O mesmo acontece com a letra m sempre que seguida de n (omnipotente em Portugal e onipotente no Brasil.
3. Letra h
A grafia mantém-se consoante o país. Em Portugal escreve-se húmido, por exemplo.
4. Acentuação gráfica
O Acordo Ortográfico suprime o acento nas palavras com o ditongo oi (boia, joia, heroico, asteroide, tiroide) e nas formas verbais terminadas em -eem (deem, creem, veem, leem).
Suprime-se, ainda, o acento que distinguia algumas preposições, verbos e nomes, como por exemplo para (verbo parar) e para (preposição).
Mais ainda, o uso do acento é facultativo na 1ª pessoa do plural no Pretérito Perfeito do Indicativo (estudámos/estudamos).
5. Hífen
Deixa de se usar o hífen nas formas monossilábicas do verbo haver (hei de, hás de, há de), em muitas locuções (fim de semana, cartão de visita, ténis de mesa) e na maioria das palavras prefixadas (coadministração, coautor, coprodução).
Para além disso, suprime-se o hífen quando o prefixo termina numa vogal e o segundo elemento começa por uma vogal diferente (autoestrada, autoajuda, extraescolar, contraordenação, infraestrutura). Também se suprime quando o segundo elemento começa por r ou s, duplicando-se a consoante (minissaia, autorretrato, semirreboque).
No entanto, mantém-se o hífen quando a vogal com que o prefixo termina é igual à vogal com que começa. Por exemplo: micro-ondas.
6. Letras minúsculas
Os meses, as estações do ano, os pontos cardeais e colaterais passam a escrever-se com letra minúscula (janeiro, primavera, norte).
É opcional o uso de maiúscula ou minúscula nas disciplinas escolares (Matemática / matemática), nos logradouros públicos e edifícios (Rua da Restauração / rua da Restauração) e em formas de tratamento (Senhor Doutor / senhor doutor). O mesmo acontece nos nomes de livros (Memorial do Convento / Memorial do convento).