João Parreira
João Parreira
26 Jan, 2018 - 11:43

Agências de rating: o que são e porque têm impacto na economia

João Parreira

As agências de rating começaram, por altura da crise financeira, a entrar no léxico dos portugueses pelos piores motivos, tendência que se está a reverter.

Agências de rating: o que são e porque têm impacto na economia

As instituições que classificam o risco de crédito – ou agências de rating – são empresas que, através de solicitação de um ou mais clientes, classificam determinados produtos financeiros ou ativos de empresas, instituições ou países, mediante o grau de risco de não pagarem as suas dívidas no prazo acordado.

No caso mais comumente abordado pelos media portugueses, referente ao rating da dívida pública portuguesa, trata-se da avaliação do risco soberano.

Agências de Rating: classificação do risco

Quanto à classificação do risco, cada agência segue a sua própria classificação, embora se registem semelhanças entre as três maiores. As escalas são geralmente compostas por letras, nomeadamente A, B, C e D.

Se, no caso da Standard and Poor’s e da Fitch, a classificação máxima é AAA e a pior é D, no caso da Moddy’s a escala situa-se entre AAA e C. Dentro destas escalas, há dois grandes grupos de risco de crédito: o grupo especulativo que, como o próprio nome indica, designa investimentos de maior risco, e o grupo de investimento, no qual se recomenda o investimento.

As agências de rating existem na perspetiva de conferir maior informação aos investidores, permitindo um melhor funcionamento do mercado de capitais. No entanto, a sua eficácia e objetivos têm sido questionados, por vários episódios ocorridos anteriormente.

No panorama atual do mercado das agências de rating, há quem afirme ser negativo o facto de haver uma grande concentração nas três maiores agências – com a sua quota conjunta a situar-se nos 95% -, o que é mau para a concorrência.

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Origem e factos a reter

A atividade de rating conheceu o seu surgimento nos Estados Unidos da América, em meados do século XIX. Por esta altura, algumas empresas prestavam informações sobre a solvabilidade dos seus clientes a comerciantes que com eles desenvolvessem atividade. O objetivo era simples: perceber se as entidades avaliadas tinham capacidade para cumprir determinadas obrigações financeiras.

As primeiras agências de rating ainda hoje existem, tratando-se das que têm ainda hoje a esmagadora maioria da quota de mercado. São elas a Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch Ratings, que, de acordo com dados de 2013, detinham 95% da quota – 40% para cada uma das duas primeiras e 15% para a última.

Foi em 1975, quando se verificava uma proliferação de agências de rating com objetivos de índole mais duvidosa, que nos Estados Unidos se decidiu que apenas estas três poderiam ser usadas oficialmente.

Todavia, no período da crise financeira que teve início em 2007, estas instituições estiveram sob consideráveis suspeitas de atividade ilícita. Na base destas suspeitas, estão as classificações bastante favoráveis atribuídas a instituições financeiras que estiveram na génese da crise do mercado de habitação nos Estados Unidos – como é o caso do Lehman Brothers – bem como aos seus respetivos títulos subprime. Por este motivo, as agências de rating são apontadas como sendo das principais culpadas pela crise financeira que o mundo atravessou.

Nos anos que se seguiram, as agências de rating procederam à descida das classificações de vários países, como foi o caso dos Estados Unidos que saiu da classificação máxima, ou de países da Zona Euro, alguns dos quais colocados ao nível de lixo.

Algumas das descidas ocorridas ao nível europeu foram mesmo interpretadas como ataques especulativos, levando a ponderar-se a criação de uma agência sediada neste continente.

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