Uma das fobias mais comuns é a agorafobia, que significa literalmente ter medo da praça pública. Nesta perturbação, os espaços abertos ou grandes espaços com multidões de onde pode ser difícil sair provocam uma ansiedade intensa.
Com a pandemia que vivemos, estas situações podem agravar-se, aumentando o receio de abandonar a segurança do lar ou de interagir socialmente. Uma problema em que ansiedade e depressão andam a rondar e para o qual é preciso ter toda a atenção.
Agorafobia: o que é, como se manifesta e como se trata
Quando o nosso “sistema de medo” se engana e percebe uma situação como perigosa, apesar de na realidade esta não o ser, sentimos o impulso de fugir da situação. O nosso cérebro passa a assumir erradamente que determinado local ou determinada situação representam um perigoso real.
Pessoas com agorafobia apresentam medo de desmaiar, morrer, ou outras catástrofes, mais do que o medo das lojas ou dos espaços por si só.
Nas fases inicias e mais suaves da agorafobia, as pessoas apenas se sentem desconfortáveis nas suas rotinas diárias, hipervigilantes a tudo o que as rodeia e aos seus sinais corporais.
Todavia, em situações em que a patologia está mais avançada, aumentam os condicionalismos àquilo que se sentem capazes de fazer. A agorafobia pode ser grave ao ponto de levar a pessoa a fechar-se em casa.
Muitas vezes, associados à agorafobia estão os ataques de pânico, que consistem em períodos abruptos de medo ou desconforto intensos durante o qual a pessoa sente vários sintomas desagradáveis e assustadores, tais como ritmo cardíaco acelerado, suores, sensação de falta de ar, dor no peito, tonturas, medo de morrer, entre outros.
Nestes casos, as pessoas com agorafobia têm medo que ocorram novos ataques de pânico e evitam os locais onde os ataques de pânico já ocorreram ou de onde preveem que a fuga possa ser difícil.
Tem, assim, início o evitamento e as limitações que a pessoa vai generalizando de tal forma para outras situações que chega a ficar refém do medo.
É uma perturbação que se instala em idades jovens (finais da adolescência, início da idade adulta), ainda que existam casos com o seu início em qualquer idade.
Sintomas de agorafobia
As principais características apresentadas por quem sofre de agorafobia são as que listamos abaixo.
a) Medo ou ansiedade intensos nas seguintes situações:
- utilização de transportes públicos;
- estar em espaços abertos (por exemplo, parques de estacionamento, mercados ao ar livre, pontes);
- estar em espaços fechados (por exemplo, lojas, teatros, cinemas);
- estar em pé numa fila ou estar numa multidão;
- estar fora de casa sozinho.
b) As pessoas com agorafobia têm medo e evitam as situações acima descritas por acreditarem que a fuga desses locais será difícil ou que não terão ajuda disponível no caso de terem sintomas do tipo ataque de pânico ou outros sintomas incapacitantes ou embaraçosos.
c) O medo e a ansiedade são desproporcionais em relação ao perigo real que as situações pressupõem.
Tratamento
A agorafobia é uma perturbação progressiva que piora sem o tratamento adequado. Não há formas instantâneas nem fáceis de mudar a situação, mas existem tratamentos eficazes disponíveis.
O tratamento idealmente deve combinar a vertente medicamentosa, para combater a ansiedade e a depressão e a vertente da psicologia cognitivo-comportamental.
Nesta terapia o psicólogo ajuda o doente a mudar o significado errado e catastrófico que atribui aos seus medos e tenta, gradualmente, mudar os comportamentos de ansiedade e evitamento.
Neste tratamento, os clientes ficam a compreender a fisiologia e psicologia do medo e da ansiedade, de forma a entenderem que conseguem controlar os sintomas ansiosos. Na terapia, as pessoas são gradualmente expostas às situações que temem, de forma a constatarem que não é por se exporem que algo de mal lhes acontece.
Progressivamente, a pessoa com agorafobia irá aplicando as diferentes técnicas às situações do seu dia-a-dia e irá sentir-se no controlo, até que o medo se extinga.