A aldeia de Fafião não se explica. É uma daquelas aldeias em que o maravilhoso Gerês é pródigo, onde as tradições de antanho começam a ser redescobertas e valorizadas.
Suavemente pousada na freguesia de Cabril, em Montalegre, tem vindo a encontrar o turismo o antídoto para a imparável desertificação que, nas últimas décadas, deixou estas aldeias mudas entre os campos ao abandono e o teimoso granito que não se verga.
Fafião é uma aldeia comunitária, onde se pode usufruir da Natureza em estado puro, ouvir as suas muitas histórias e lendas, usufruir do maravilhoso rio e deambular por lagoas e poços, bem “escondidos no coração” de Fafião.
É um pequeno tesouro que se vai redescobrindo, com um espírito puro e simples, e que merece um visita. Quanto mais não seja porque praticamente tudo o que está no Parque Nacional da Peneda-Gerês é digno de visita.
Fafião: guardião do espírito comunitário do Gerês
Reflexo claro do espírito comunitário que animava a aldeia de Fafião, o fojo dos lobos ainda é bem visível e remete para aquele que acabou por se tornar num dos símbolos locais.
É que se, atualmente, o lobo ibérico é um espécie protegida, no passado era visto como uma ameaça às populações, em especial devido aos ataques aos rebanhos que os pastores guiavam em transumância pelo Gerês.
O muro do fojo servia para caçar o lobo, encurralando-o de forma a impedir a fuga. A estrutura é composta por dois muros altos que descem por uma encosta repleta de vegetação. O objetivo era que os lobos caíssem no poço que aí existia, com 3 metros de profundidade! O final da história é o que se pode adivinhar.
A verdade é que esta é uma prática há muito abandonada, mas por ali permanece a o fojo, um marco histórico importante e um dos mais bem preservados de toda a Península Ibérica.
Atualmente o lobo é o ex-líbris da aldeia, tendo até direito a um festival em sua honra. Por isso, aliar o descanso à exploração da Natureza em estado selvagem é o grande desafio de quem visita Fafião. Explore as cascatas (fechas) e, claro, o rio e as lagoas (poços). Siga as nossas sugestões.
Poço verde
Por falar em poços, falemos agora do poço verde que é, na verdade, uma lagoa que fica no vale do rio Toco. O seu nome deve-se aos tons esverdeados das suas águas cristalinas, quando recebem em pleno a luz solar.
Para alcançar este lugar, tem de percorrer um trilho de cerca de 2,5kms. Ao mergulhar no rio, prepare-se para conviver, lado a lado, com as bogas, os escalos e, principalmente, as trutas.
Rio Fafião
Outro dos ex-líbris da aldeia é, simultaneamente, um dos maiores afluentes do rio Cávado, contando cerca de 12 quilómetros de extensão. Ao longo do seu curso, o rio Fafião é acompanhado de paisagens únicas, verdejantes, montanhosas, com bosques frondosos e praias fluviais de areia branca e fina.
O rio “termina” na zona conhecida como “As Dornas”, misturando-se com as águas do rio Cávado, igualmente límpidas e verdejantes.
Miradouro rio Cávado
Em Fafião, encontra ainda um miradouro para o rio Cávado, situado na estrada que liga a aldeia à Barragem de Salamonde. Daqui, consegue não só uma vista incrível para o rio Cávado, como para as montanhas e para toda a vegetação envolvente.
Lagoas
Já dissemos que a aldeia também é conhecida pelas suas lagoas ou poços, nomeadamente pelas lagoas da Pote Pigarreira (ou Poços de Fafião). Ficam a 1,5 quilómetros da localidade, ligando a aldeia à Cascata de Tahiti, em Vilar da Veiga.
O seu acesso é fácil e são das piscinas naturais mais incríveis em que pode mergulhar.
Miradouro de Fafião
Se é apreciador de paisagens arrebatadoras, saiba que há mais um miradouro na aldeia que pode visitar. Este permite admirar, sobretudo, as montanhas em redor, sendo que o trilho é de fácil acesso e começa no Parque de Merendas, no centro da aldeia.
Onde comer?
Inevitável é deixar algumas sugestões gastronómicas, pois é preciso ganhar fôlego e energia para conseguir explorar todas as riquezas e encantos desta aldeia. O Restaurante Fojo dos Lobos é a principal referência local, situada no topo da aldeia. Na sua ementa, evidenciam-se as carnes de Barroso.
Como entradas, pode contar com os sabores locais: salpicão, alheira e chouriça de sangue assadas, acompanhados pelo melhor pão do centeio.
Depois, pode saborear os pratos mais tradicionais, como a posta de vitela dos lameiros do Barroso, grelhada e acompanhada pela deliciosa batata assada de Montalegre. Além disso, há ainda vitela assada, bife e costeleta.
Claro que também há opções de peixe, como o bacalhau frito e levado ao forno, com cebolada, maionese e gomos e puré de maçã.
Para terminar com a boca doce, renda-se às rabanadas com vinho tinto, à aletria, ao pudim e aos formigos, o doce mais tradicional da região.
Muitos motivos para desconfinar em segurança e no sossego das terras do Gerês, nesta belíssima aldeia de Fafião.
Nota: imagens cedidas pela Câmara Municipal de Montalegre