As aldeias de montanha pertencem à região da Beira e estão rodeadas de vales. São espaços cristalizados no tempo, onde ainda é possível observar lugares e tradições quase intocados pela marcha inexorável do progresso.
É nestas aldeias que ainda é possível perceber o quanto os seus habitantes estão habituados a ultrapassar mais obstáculos para sobreviver, quando comparado com as gentes do litoral.
São pessoas que aproveitam a terra, que se agasalham com casacos de lã retirada do gado que criam, se alimentam de enchidos e do famoso queijo da Serra que produzem e que tantos visitantes ainda atrai a cada uma destas aldeias de montanha.
Assim, visitar esta região é como sentir que entramos num outro Portugal, que convida a viver com calma, a apreciar cada paisagem, cada atividade sem nos preocuparmos com o que virá a seguir.
Aldeias de montanha: o que visitar
São locais onde é possível testemunhar o lado mais simples e tranquilo da vida com cenários de grande beleza. As aldeias de montanha da região da Beira mais parecem ter sido pensadas e estruturadas para serem como são e para estarem rodeadas de pequenas nuvens de algodão.
A localização privilegiada das freguesias que compõem as aldeias de montanha permite que as mesmas fiquem como que alojadas em vales cavados por rios e ribeiras, proporcionando um encontro com muitas maravilhas naturais e com as populações que vão mantendo vivas as tradições locais.
As aldeias de montanha encontram-se nos seguintes municípios da região da Beira:
- Celorico da Beira;
- Fornos de Algodres;
- Fundão;
- Covilhã;
- Gouveia;
- Guarda;
- Manteigas;
- Oliveira do Hospital;
- Seia.
Aldeias de montanha: os sabores típicos
A gastronomia da Beira é uma parte significativa da herança, identidade e património cultural português e representa a forma como as realidades das aldeias de montanha são utilizadas para gerir de forma sustentável os recursos naturais existentes, de forma equilibrada com o regime produtivo e alimentar.
Historicamente, aa zona da Beira Baixa a produção pecuária e a agricultura de subsistência eram as principais fontes de bens alimentares, pelo que são os mais velhos que hoje guardam e partilham os segredos e a arte de confecionar os pratos mais típicos. Entre eles, contam-se:
- Caldo de Grão;
- Torresmos à moda da Beira Alta;
- Borrego à Serra da Marofa;
- Arroz de Lebre;
- Perdiz Estufada:
- Cavas de Resende;
- Bolo Negro de Loriga.
Já na cozinha típica da Beira Alta, destacam-se os queijos, os enchidos, azeites e os pratos de peixe, como:
- Sopa de Mangualde;
- Sopa da Matança;
- Bacalhau à moda da Guarda;
- Panela do Forno à moda da Covilhã;
- Cabrito Estonado;
- Migas de Peixe do Rio com Poejo;
- Bolo Padre Beirão.
Aldeias de montanha: percursos pedestres
A região oferece diferentes percursos que vão passando por zonas de diversidade única, onde é possível experimentar climas com características bastante díspares. Uma coisa é, no entanto, certa: as paisagens são de cortar a respiração.
A vasta rede de percursos pedestres de pequena rota permite conhecer a região como de nenhuma outra forma. E são locais bem representativos da diversidade da Beira.
Rota da Ribeira do Piódão
Percorre um vale encravado entre as serras da Estrela e do Açor. A ocupação humana deste território é bastante antiga, como poderá verificar nos vários núcleos de arte rupestre gravada e que datam desde o Neolítico.
Rota da Ribeira de Loriga
Esta rota percorre um vale extenso a sul da serra da Estrela e, pelo trajeto, é possível observar o engenho e a tenacidade das gentes, através dos campos em socalcos e dos poços de broca.
Rota dos Socalcos
Tem início na aldeia da Cabeça e percorre um vale verdejante onde sobressaem vastas áreas de socalcos rurais.
Rota da Eira
A rota inicia-se em Loriga e percorre um vale montanhoso, onde sobressai uma vasta área de socalcos agrícolas, sendo possível ver, na zona da vila, antigas fábricas têxteis, testemunho da indústria dos lanifícios da serra da Estrela.
Rota da Missa
Seguindo por um caminho antigo que fazia a ligação entre as povoações do vale da ribeira da Teixeira e tem este nome por ser lá que se localiza a capela de N. Sr.ª da Conceição, onde era feita a missa dominical.
Rota das Canadas
A rota percorre um amplo anfiteatro natural, alojado no sopé sul do planalto da Torre, na Serra da Estrela. Pelo trajeto é possível observar a aldeia de Alvoco da Serra.
Rota do Volfrâmio
A rota do Volfrâmio percorre a aldeia de Sazes da Beira, numa encosta onde são vários os vestígios das minas, que integravam o antigo couto mineiro do Malha Pão.
Rota da Garganta de Loriga
Esta rota passa por locais ainda hoje usados pelos pastores na lida dos seus rebanhos e é uma das caminhadas mais exigentes de todas, mas cuja paisagem compensa o esforço.
Rota das Minas do Círio
Esta rota tem início em Valezim e prolonga-se por um vale alojado na encosta ocidental da serra da Estrela, onde existem vários monumentos e as ruínas de um antigo complexo mineiro.
Rota da Caniça
É pelo meio de um vale de relevo acidentado, onde a paisagem mantém um marcado carácter rural, que se faz a Rota da Caniça.
Rota do Vale do Rossim
Por entre veredas antigas, ligando o Vale do Rossim ao Sabugueiro, uma das mais emblemáticas aldeias serranas, este é um dos percursos imperdíveis das aldeias de montanha.
Rota da Fervença
No Sabugueiro espera-o uma paisagem tipicamente de montanha, com vários exemplos de atividade pastoril que, ainda hoje, permanecem profundamente enraizadas no quotidiano da população.
Rota da Ribeira de Alvoco
A rota da Ribeira de Alvoco faz-se por um vale encravado entre o Açor e a Estrela, ligando o Alvoco da Serra a Vide. É um local quase intocado pelo homem, onde se veem aspetos que comprovam o passado agro-pastoril da região.
Rota do Pastoreio
A rota do Pastoreio situa-se na parte sul do maciço superior da Serra da Estrela, proporcionando boas vistas sobre uma vasta área da região Centro.
Aldeias de Montanha: percursos BTT
Para percorrer de bicicleta, estes são os percursos que não pode perder nas aldeias de montanha.
Rota das Vinhas
Percurso circular de baixa dificuldade na zona envolvente da aldeia de Santa Comba, onde é possível observar a travessia de bucólicas áreas de vinhas, olivais e pinhais.
Rota das Centrais
Mais um percurso circular, mas este de elevada dificuldade física, dado que se estende pela encosta da Serra da Estrela. Mas o esforço vale a pena, para ver a passagem sobre o Vale Médio do Mondego e locais emblemáticos, como a praia fluvial da Lapa dos Dinheiros e o lugar da Senhora do Desterro.
Rota do Vale do Seia
Este percurso é feito pelas margens do Rio Seia e passa por vários vestígios que remontam à Idade Média, como pontes e calçadas ainda em bom estado de conservação.
Rota das Penhas Douradas
Mais um trajeto que exige uma boa condição física. A Rota das Penhas Douradas é feita por altitudes próximas dos 1500m, de que se salientam o Vale do Rossim e as Penhas Douradas.
Locais de grande beleza, onde é possível testemunhar um país tão diferente do que estamos habituados a ver no dia a dia. Longe de tudo e de todos, as aldeias de montanha proporcionam dias de contacto com a natureza e com o lado mais puro da região da Beira.