Para os amantes do desporto automóvel, nada substitui o rugido de um motor a combustão, aquele som que se ouve ao longe e que ao passar perto parece estremecer tudo à volta. No entanto, a transição energética é um processo imparável e acabará por chegar em força à competição. É aí que entra o Alpine Alpenglow.
Movido a hidrogénio, esta aposta da marca francesa foi dada a conhecer ao mundo em 2022, no Salão de Paris, mas desde então já sofreu uma evolução significativa.
Apresentado publicamente na Bélgica, durante as 6 Horas de Spa-Francorchamps, do campeonato WEC, deverá fazer a sua estreia em pista na próxima edição de Le Mans e assume-se como um ponto de viragem naquilo que virá a ser o futuro da competição.
Não é um carro vindo do além. O Alpine Alpenglow é um conceito do presente, um tour de force da marca, num motor movido a hidrogénio, com quatro cilindros e pronto a debitar 340 cv de potência. O Ekonomista foi conhecer a nova máquina.
Alpine Alpenglow Hy4: laboratório do futuro
Como já foi referido, o Alpine Alpenglow Hy4 deixou de ser um concept car, assumindo-se como um laboratório em tempo real, onde a marca testa um automóvel de competição, com base numa monocoque em carbono.
Esta lógica de laboratório é muito mais importante do que pode parecer à primeira vista. Não podemos esquecer que grande parte das maiores evoluções que a indústria automóvel foi apresentando nas últimas décadas foram precisamente testadas, em primeiro lugar, na competição.
Daí a importância acrescida de um carro movido a hidrogénio a rolar nas pistas mais emblemáticas do mundo.
Um avião? Um cometa? Não, um Alpine
Servindo já como ponto de referência dos futuros modelos da marca pertencente ao Grupo Renault, o Alpine Alpenglow agora revelado em Spa Francorchamps apresenta um interior alargado, para acolher dois lugares, com o carro a apresentar uma largura total de 2,15m, um comprimento de 5,20m e uma altura de 1,10m.
A dianteira foi concebida para evocar a sensação de um cometa que chega do espaço, imagem sugerida a partir de quatro faróis dianteiros e um contorno dorsal de cor magenta.
No interior, o tablier apresenta uma barra transversal tubular magenta, parcialmente escondida por uma secção em forma de asa de avião. Existe também um botão de arranque de cor magenta, botões de controlo retirados do Alpine A110 e um volante de competição proveniente dos carros de competição da marca gaulesa.
340 cavalos muito irrequietos
O Alpine Alpenglow Hy4 foi concebido como um automóvel de corridas, com base num chassis de carbono LMP3. Sob o capô de carbono, encontra-se o tal motor de desenvolvimento, de 2,0 litros, com 4 cilindros em linha e turbocompressor, que debita 340 cavalos. Até final do ano, um novo e mais potente motor V6, também movido a hidrogénio e inteiramente desenvolvido pela Alpine, deve fazer a sua aparição.
Os depósitos de hidrogénio mantêm-se nas cápsulas laterais, e atrás do cockpit, armazenando hidrogénio sob a forma de gás (2,1 kg cada) a alta pressão: 700 bar. Um regulador de pressão reduz a pressão de 700 para 200 bar, antes de a baixar para 40 bar, com injeção direta na câmara de combustão.
Pode atingir um máximo de 7.000 rpm e está acoplado a uma caixa de velocidades sequencial de competição, com uma embraiagem centrífuga. O desempenho é comparável ao do equivalente a gasolina, com uma velocidade máxima de cerca de 270 km/h.
O futuro das corridas?
Bater de frente contra uma evolução inevitável será sempre um esforço inglório para todos os protagonistas da indústria e da competição automóvel.
Os regulamentos começam a acomodar mudanças significativas e espera-se que, por exemplo, Le Mans já conte com carros movidos a hidrogénio em 2027. A Fórmula 1 acabará por seguir a mesma tendência.
Assim sendo, o Alpine Alpenglow é um passo em frente para a marca se colocar na pole position de uma revolução que está à porta. Vai fazer falta o ronco dos motores? Vai, mas como tudo na vida é algo que incha, desincha e passa.