Manter o dinheiro que ganha parado na conta, já temos visto, não é uma boa opção financeira a longo prazo. Se não for movimentado, o dinheiro desvaloriza com o tempo, porque não acompanha a evolução da economia e as consequentes valorizações da moeda e taxas de inflação.
Uma das opções mais populares entre quem conhece a importância de ter o dinheiro a mexer refere-se aos depósitos a prazo: fáceis de subscrever e de mobilizar e com prazos tendencialmente curtos, estes produtos financeiros foram muito procurados por todos os tipos de investidores. A quebra na Euribor, contudo, veio “acabar com a festa” e, hoje, o foco é a procura de alternativas aos depósitos a prazo que permitam manter os níveis de rendimento.
Na realidade, os depósitos a prazo só valem a pena quando as taxas de juro estão elevadas, porque o banco paga ao cliente para lá guardar o dinheiro. Quando os juros descem, este pagamento reduz – às vezes tanto que, feitas as contas às taxas e comissões que paga sobre os rendimentos, até fica a perder e tem de pagar ao banco para depositar o seu dinheiro.
Ora, aqui temos dois problemas: por um lado, os depósitos a prazo dão prejuízo. Por outro, o seu dinheiro perde valor a cada dia que passa. É preciso procurar, então, alternativas. Mas quais?
4 alternativas aos depósitos a prazo que rendem mais
De facto, praticamente qualquer produto financeiro rende, neste momento, mais do que um depósito a prazo. No entanto, há outros produtos que também pecam pelos rendimentos muito baixos – como é o caso das contas poupança -, pelo que vamos apresentar-lhe, sobretudo, soluções de investimento.
1. Certificados de aforro
De todas as alternativas aos depósitos a prazo, os certificados de aforro são os mais “confortáveis”, porque têm capital garantido, risco praticamente nulo e elevada liquidez.
Vamos por partes: comprar um certificado de aforro tem capital garantido porque, na pior das hipóteses, não ganha nada, mas também não perde. O que investir está sempre lá, pode recuperar quando quiser.
À capacidade de recuperar o dinheiro quando quiser (inclusivamente antes de terminar o prazo contratado) chama-se liquidez. Produtos de elevada liquidez trazem-lhe o conforto de saber que o dinheiro não está “empatado” e pode ir buscá-lo a qualquer momento, se tiver necessidade.
Por outro lado, o risco é praticamente nulo porque comprar certificados de aforro é o mesmo que emprestar dinheiro ao Estado – e, como é quase impossível o Estado declarar insolvência, pelo menos o dinheiro que emprestou vai sempre receber de volta.
Umas das poucas desvantagens dos certificados de aforro é mesmo o baixo rendimento: sobretudo em fases boas para a economia portuguesa, que são avaliadas pelas entidades financeiras como sendo de baixo risco, as taxas de juro praticadas são relativamente pequenas e o seu dinheiro cresce mais devagar.
2. Certificados do Tesouro Poupança e Crescimento
Muito semelhantes aos certificados de aforro tradicionais, os Certificados do Tesouro Poupança e Crescimento (CTPC) são uma das melhores alternativas aos depósitos a prazo para quem não quer arriscar.
Aqui voltamos a falar em emprestar dinheiro ao Estado, mas desta vez numa ótica de investimento: o seu empréstimo não é tanto focado nos juros que vai receber, mas na expectativa de que a economia nacional cresça: é que, além dos juros (baixos) que recebe por entregar o dinheiro, também recebe um prémio indexado ao crescimento do PIB.
Mais uma vez, estamos perante uma opção de risco muito baixo e capital garantido, mas que, como tal, rende pouco.
3. Fundos de investimento
Outra das alternativas aos depósitos a prazo passa pelo investimento em bolsa. No entanto, as agências sabem que o cidadão comum não tem conhecimento financeiro e não se sente confortável para se aventurar sozinho no mundo dos negócios, pelo que criaram opções mais amigas do investidor iniciante.
Os fundos de investimento são grupos de pessoas que se juntam para investir algum dinheiro. Estas pessoas têm em comum a ausência de conhecimento financeiro aprofundado, pelo que entregam o dinheiro a um grupo de gestores que o investe depois nas ações mais promissoras.
Ainda que o investimento seja feito por terceiros, a lei protege-o obrigando à criação de uma Ficha de Informação Normalizada (FINE), na qual deve estar explícito o tipo de investimentos que aquela sociedade faz, com que níveis de risco, em que tipo de empresas e em que países. Assim, sabe sempre onde o seu dinheiro está a ser colocado e qual é a probabilidade de vir a perder algum.
Muitos fundos de investimento também permitem personalizar as suas compras na bolsa por “pacotes” temáticos, isto é, pode dizer aos gestores que quer investir em determinadas áreas de negócio mas excluir outras ou que só está disposto a ir até um determinado grau de risco (a escala de risco varia entre 1 e 7). Consegue, desta forma, ter algum controlo sobre o seu dinheiro mesmo quando ele não está nas suas mãos.
Apesar de todas estas vantagens, contudo, os fundos de investimento não são perfeitos: eles estão sujeitos às incontornáveis leis do mercado, pelo que quanto maior for o rendimento prometido mais arriscado é o investimento. Em bom português: quanto mais alta for a taxa de juro a que quer apontar, maior é a probabilidade de perder parte do que investiu.
Este é, aliás, um princípio que deve ter sempre presente quando vai investir na bolsa: é possível que ganhe muito dinheiro, mas o seu capital não está garantido, ou seja, pode perder parte do que investiu e acabar a ter menos do que quando iniciou o investimento.
4. Fundos mistos ou multiativos
Este tipo de fundos é uma variação dos fundos de investimento e conjugam vários investimentos em ações com diferentes graus de risco. Quer dizer que dentro do seu pacote de ações pode encontrar empresas muito grandes e sólidas e até empresas estatais.
A grande vantagem destas alternativas aos depósitos a prazo é que têm um grau de risco mais baixo – porque as empresas maiores e as empresas estatais são financeiramente mais estáveis -, mas, por outro lado, o baixo risco também se reflete nos juros, que descem em proporção.
Em praticamente todos os bancos a operar no mercado português encontra diferentes ofertas de fundos de investimento. As subscrições são fáceis de fazer e, em algumas, até pode subscrever online. Vale a pena procurar os bancos todos, pedir as FINES e fazer algum trabalho de casa antes de entregar o dinheiro nas mãos de um gestor.
Por fim, deixamos-lhe o conselho mais importante de todos: nunca invista dinheiro que pode vir a fazer-lhe falta no futuro. Tenha sempre presente que os rendimentos andam de mão dada com o risco, pelo que pode mesmo perder uma parte das suas poupanças – e se elas lhe fizerem falta, vai arrepender-se. Como em tudo o que envolve dinheiro, tenha o cuidado de ponderar bem, fazer as contas e assegurar a sua sustentabilidade financeira antes de “embarcar em aventuras”.
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