Inês Pereira
Inês Pereira
05 Abr, 2018 - 11:10

Amamentação e problemas respiratórios: descubra a ligação

Inês Pereira

São já conhecidas as mais-valias do aleitamento materno. Um estudo revela agora que a amamentação influencia o desenvolvimento de problemas respiratórios.

Amamentação e problemas respiratórios: descubra a ligação

Amamentar continua a ser uma prática muito discutida pelas mulheres e por especialistas. Neste sentido, uma nova investigação apresentada no XIII Simpósio Internacional de Aleitamento Materno, realizado pela Medela nos dias 22 e 23 de março de 2018, demonstrou agora que o leite materno tem uma forte influência nas doenças pulmonares, como a asma.

Os benefícios do leite materno vão além da proximidade entre mãe e filho. São, aliás, tão valiosos que levaram a Organização Mundial de Saúde e a UNICEF a recomendar a amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade da criança, passando depois a ser parcial, até aos 2 anos.

Este alimento fornece ao bebé os nutrientes de que ele necessita para o seu desenvolvimento e para o reforço do sistema imunitário.

Amamentar ajuda a prevenir asma e problemas respiratórios

amamentar

Existe, realmente, uma ligação entre o consumo de leite materno e o desenvolvimento de doenças pulmonares. O estudo realizado por Meghan Azad, professora de Pediatria e Saúde Infantil da Universidade de Manitoba, no Canadá, veio demonstrar que os bebés amamentados têm até cerca de 33% menos problemas relacionados com o sistema respiratório, como pieiras ou a respiração ofegante.

Uma vez que as pieiras são um grande fator de risco no desenvolvimento da asma, verifica-se que o leite materno desempenha um papel importante nesta doença.

De facto, o estudo concluiu que o efeito da amamentação é ainda mais evidente no caso das crianças com mães asmáticas, uma vez que a doença é genética: as pieiras reduzem até 62%.

A investigação sobre amamentação e problemas respiratórios

Este estudo pioneiro de Meghan Azad debruçou-se sobre crianças com idades compreendidas entre os 0 e os 5 anos de idade e concluiu que entre 20% a 50% dos bebés passam por problemas de respiração até completarem um ano.

Nos casos em que as mães sofriam de asma, a investigação demonstrou que a alimentação exclusiva com leite materno reduziu, em média, de 1.40 a 0.33 os episódios de respiração problemática. Por outro lado, o estudo concluiu que os bebés que não foram amamentados, ou que deixaram de o ser demasiado cedo, enfrentaram o dobro das dificuldades respiratórias e dos episódios de pieiras.

E o que é, afinal, uma pieira? É um episódio em que a criança tem dificuldade em respirar durante, no mínimo, cerca de 15 minutos, produzindo um silvo no peito sempre que inspira. As pieiras são reconhecidas como um dos principais motivos de hospitalização na infância.

Posto isto, a investigação de Meghan Azad evidenciou que alimentação exclusiva com leite materno, até aos 6 meses do bebé, aumenta exponencialmente a proteção contra diversos problemas de saúde. Por este motivo, deve procurar-se prolongar esta prática durante o máximo de tempo possível, dentro daquilo que é aconselhado por médicos.

Asma: outros fatores determinantes

Nem só o leite materno tem influência na saúde respiratória dos bebés. O estudo apresentado no XIII Simpósio Internacional de Aleitamento Materno, em Paris, mostrou que fatores sociais e ambientais têm, também, o seu peso.

Assim como os problemas respiratórios, que são genéticos, existem outras características maternas que influenciam a saúde respiratória do feto. A idade, os hábitos pouco saudáveis, o vício do tabaco e a etnia são algumas delas.

Por outro lado – e surpreendentemente – foi descoberto que o sexo da criança também influencia o desenvolvimento de doenças respiratórios: os rapazes têm maior predisposição para sofrer de pieiras. Algumas teorias indicam que este fenómeno pode estar relacionado com a presença de hormonas femininas no leite materno.

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