Aparentemente, Angola tem tudo para ser um destino de viagem a considerar. Todavia, ainda muito influenciado pela história recente, um contexto político algo conturbado e uma economia equiparada às cidades mais ricas do mundo, este país permanece ainda como que meio escondido por entre os vizinhos africanos que tanto iludem a mente dos viajantes.
Angola tem, de facto, potencial para ser um dos destaques deslumbrantes de África. Atente: florestas selvagens e desbravas pelo homem, uma das maiores cascatas do mundo, restos da história colonial portuguesa, parques nacionais que nada deixam a desejar quando comparado com os de outros países bem mais procurados…
Se a situação se vai alterar e Angola irá abrir-se mais ao público, isso é uma questão à qual não conseguimos dar resposta. Todavia, isso não invalida a quantidade de motivos por que deve colocar este país na sua lista de viagens.
Faça-o, especialmente, de maio a outubro, quando a época de chuva dá tréguas e os parques nacionais estão abertos ao público.
8 motivos para visitar Angola
Parque Nacional da Kissama
Kissama situa-se a 70 km a sul de Luanda e é o parque de vida selvagem mais acessível e completo de Angola. Aqui circulam livremente elefantes, búfalos, antílopes e uma ainda precária população de tartarugas marinhas.
Após anos aberto ao público enquanto de reserva natural, mais propriamente desde 1938, foi reformulado e adaptado a parque nacional em 1957, graças a um projeto denominado Operação Noah’s Ark, resultado de uma parceria entre a Fundação Kissama e o governo angolano.
O objetivo deste projeto era precisamente reabilitar o parque de elefantes das reservas de caça da África do Sul e Botswana, dando-lhes um local para crescerem e viverem felizes e em liberdade e a estratégia resultou. Numa fase inicial, foram importados 16 elefantes e, mais tarde, o parque foi reabastecido com mais 16 elefantes, 12 zebras, 12 avestruzes, 14 gnus e quatro girafas.
Luanda
A capital de Angola tem cerca de 113 km2 e quase de 2.500.000 de habitantes. Tendo em conta que a cidade inicialmente foi projetada para uma população a rondar os 500 mil habitantes, não é difícil de perceber que Luanda está, claramente, cidade com excesso de população, o que lhe provoca aquele caos e confusão que tanto vemos e do qual ouvimos falar.
As atividades económicas mais prementes na cidade destacam-se o setor terciário, refinação de petróleo, construção civil, e exportações de diversos materiais, como petróleo, diamantes, café, algodão, açúcar e sal.
Luanda é o principal centro financeiro, comercial e económico de Angola, sede de algumas das principais empresas do país, como a Angola Telecom, Unitel, Endiama, Sonangol, Linhas Aéreas de Angola e Odebrecht Angola e local de residência de pessoas muito ricas.
Estes são dois dos fatores que torna Luanda numa cidade cara, bem dispendiosa, ou não tivesse sido classificada, em 2011, como a cidade mais cara do mundo.
A cidade foi fundada por Paulo Dias de Novais, proveniente de uma armada de Lisboa, no ano de 1575, que transportava centenas de homens, entre soldados, mercadores e missionários.
Museus de Antropologia e das Forças Armadas
Ainda em Luanda é possível observar a Fortaleza de São Miguel, local que servia de vigia ao país, aquando da chegada de Paulo Dias de Novais.
Assim, após anos de transformação, a fortaleza deu lugar ao Museu Central das Forças Armadas, que oferece vistas deslumbrantes para a cidade e revela-se como uma importante fonte de conhecimento sobre a história do país.
Outro museu interessante na cidade de Luanda é o Museu de Antropologia, onde existe um grande espólio de máscaras africanas, instrumentos musicais e artefactos.
Serra da Leba
Na província de Namibe, a apenas 50 km do Lubango, a caminho do porto do Namibe, encontra-se a incrível e elevada formação montanhosa Serra de Leba, de grande beleza e que se destaca pela estrada que a rodeia como se de uma serpente se tratasse.
A estrada foi construída propositadamente no final dos anos 60, numa tentativa de facilitar a ligação do topo até à base da Serra da Leba e que melhorasse o transporte de alimentos, tropas e bens essenciais entre o centro e o sul do país.
É um dos recantos mais bonitos do país e a estrada criada tornou-se uma verdadeira obra-prima da arquitetura angolana, convertendo o local até mesmo como uma espécie de união entre a terra e o mar.
Lubango
Lubango é a capital da província de Huíla, bem maior do que Luanda – numa estimativa de área territorial de 3.147 km2, mas com menos densidade populacional – mais de 875.000 habitantes.
A 31 de Maio de 1923, Lubango ascendeu à categoria de cidade, data marcada por um fator histórico bastante importante na região: a chegada do primeiro comboio de passageiros e mercadorias.
A cidade é parca em saneamento básico, possui deficientes serviços sociais de saúde e de educação. A tudo isto uma igualmente deficiente rede energética, provocada pela escassex de combustível – estranho fator de perceber num país rico em petróleo.
Fissura vulcânica Tunda-Vala
Em Lubango existem ainda praias intocadas pelo homem e dotadas de grande beleza. No acesso às mesas, poderá observar a Fissura Vulcânica de Tunda-Vala, que se prolonga até 2.600 metros acima do nível do mar.
É uma região de grande importância para Angola, pela sua oferta paisagística que levanta grandes possibilidade num futuro aproveitamento e aposta em geoturismo, enquanto atividade promotora de crescimento económico e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Porto do Lobito
A cidade de Lobito pertence à província de Benguela, possui cerca de 800 mil habitantes e é lá que se encontra o maior porto de carga do país, que faz fronteira com os municípios de Sumbe, Bocoio e Benguela.
O porto pertence ao governo angolano, sendo este o responsável pela sua administração, e por lá passa grande parte do tráfego comercial e de pessoas do país.
Visitá-lo é perceber como um país aparentemente pouco desenvolvido – mas que, na verdade, tem tudo para se equiparar aos países mais poderosos do mundo – tem tantos recursos e tantas possibilidades de se desenvolver e poder criar estratégias de maior equilíbrio na população, diminuindo-se, assim, o fosso entre ricos e pobres.
Huambo
A gigantesca província de Huambo estende-se por mais de 35.770 km2 e por lá vivem mais de 1.204.000 habitantes.
Antes da Guerra Colonial, Huambo foi a província com maior população de Angola. Apostamos que já decorou qual a quem maior densidade populacional – Luanda, pois claro.
A região é essencialmente voltada para a área de extração do mineral (principalmente manganês, diamante, volfrâmio, ferro, ouro, prata, cobre e urânio) e para as atividades agro-pecuárias – que representam cerca de 2/3 da atividade económica da província. E o que mais se cultiva? Delícias como: citrinos, batata, batata-doce, arroz, feijão, trigo, hortícolas de toda a sorte, gado bovino, cavalar, caprino, suíno e ovino.
Dicas para viajar para Angola
Não é o país mais seguro do mundo, seja porque as principais cidades possuem pessoas até perder de vista, seja porque as zonas mais campestres são tão isoladas que carecem de segurança e é mesmo necessário muito cuidado nas viagens.
Atente às nossas dicas:
- Quando viajar para as terras altas do interior, leve roupas quentes para a noite, pois rapidamente a temperatura desce até aos zero graus;
- Não deve fotografar lugares públicos, edifícios públicos ou eventos públicos;
- Respeite os costumes locais, mesmo que não os compreenda. Neste aspeto, o contacto com a população é bastante importante;
- A moeda oficial é o Kwanza, que não pode ser transportado para fora do país. Mas não se preocupe, pois os dólares no país circulam com facilidade e são aceites praticamente em todo o lado.