Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
13 Jun, 2024 - 11:26

Anti-histamínicos para as alergias: mitos e verdades

Catarina Milheiro

Será mesmo os anti-histamínicos dão sono? E será verdade que aumentam a fome? Conheça os mitos que ouvimos dizer por aí.

anti-histamínicos

Quando o assunto são as alergias, os anti-histamínicos tornam-se nos nossos melhores aliados – na primavera, especialmente, quando eles são uma grande ajuda. Mas o curioso é que muitas pessoas ainda têm receio de tomar este tipo de medicação.

São vários os motivos que fazem algumas pessoas pensarem, no mínimo, duas vezes antes de tomar anti-histamínicos para controlar as alergias – como o medo de se sentir com sono ao longo do dia ou, até, de perder alguma capacidade de concentração.

No caso das crianças, as preocupações estão relacionadas com o facto de diminuírem o seu desempenho escolar quando precisam de administrar estes medicamentos.

Faz parte do grupo de doentes alérgicos que receia os anti-histamínicos? Então, descubra o que é mito e o que é verdade quando se fala desta medicação.

Mitos e verdades sobre os anti-histamínicos

Quem sofre de alergias sabe que a chegada da primavera traz consigo a época das comichões, dores de cabeça, pingo no nariz e comichão por vezes constante. E, para controlar esses sintomas recorremos aos anti-histamínicos.

Assim, o controlo das alergias faz-se utilizando fármacos que são capazes de inibir a ação de substâncias ou de vacinas específicas.

Contudo, existem duas gerações deste tipo de medicamentos: sendo que as diferenças entre eles têm contribuído bastante para alimentar algumas ideias erradas.

Os anti-histamínicos lançados na década de 1940 (os de primeira geração), são os que podem provocar sono e muitos outros efeitos colaterais inesperados. Mas, com o tempo, a medicina evoluiu e trouxe consigo a segunda geração de anti-histamínicos menos invasivos.

Mitos

Os novos anti-histamínicos não costumam causar sono como um efeito adverso, sendo essa uma das suas maiores vantagens atualmente. Mas vejamos alguns mitos e verdades.

“Os Anti-histamínicos são todos iguais”

Esta afirmação não passa de um mito. Afinal, os anti-histamínicos de primeira geração são aqueles que reduzem os sintomas das alergias atravessando a barreira hematoencefálica – que protege o sistema nervoso central. Por isso mesmo, causam sonolência, visão turva, desconcentração e sensação de boca seca.

Já os anti-histamínicos de segunda geração (os mais recentes) são muito mais seletivos e não atravessam a barreira hematoencefálica. O que significa que estão completamente isentos dos efeitos secundários referidos em cima.

“Todos os anti-histamínicos provocam sono”

Este é provavelmente um dos mitos que mais ouvimos por aí em relação à administração de anti-histamínicos. No entanto, apenas os de primeira geração causam alguma sonolência, fadiga e desconcentração.

Os anti-histamínicos de segunda geração como a loratadina, bilastina, rupatadina, levocetirizina, fexofenadina, ebastina, desloratadina ou cetrizina, não provocam sono e não interferem na concentração e na atenção.

Por isso já sabe: nem todos os anti-histamínicos provocam sono e os de segunda geração até podem ser tomados durante o dia.

“Estimulam a retenção de líquidos e causam sensação de corpo inchado”

Este é mais um mito que se ouve com facilidade quando o assunto é a toma de anti-histamínicos. Contudo, não passa de um mito.

Pelo contrário, o anti-histamínicos combate o inchaço e ajuda a reduzir o edema da reação inflamatória alérgica. No fundo, o que acontece é que em situações de crise aguda, recomenda-se muitas vezes o uso de corticosteroides em conjunto com o anti-histamínico.

Nesse caso, pode então surgir inchaço – que é um dos efeitos secundários do corticosteroide e não do anti-histamínico.

“As grávidas não podem tomar anti-histamínicos”

Esta afirmação não passa de um mito. A utilização de anti-histamínicos deve ser sempre ponderada, afinal a doença alérgica pode ser um verdadeiro problema para as mães em amamentação ou mulheres grávidas.

Nenhuma das duas gerações de anti-histamínicos foram associadas até agora a um risco aumento de desfechos adversos na gravidez. No entanto, é crucial que a prescrição seja feita pelo médico para que não restem dúvidas.

“Interferem com a qualidade do leite materno”

Se já ouviu esta afirmação por aí, saiba que não passa de um mito. Tal como uma mulher grávida pode tomar anti-histamínicos prescritos pelo médico, também as lactantes podem aliviar os seus sintomas alérgicos sem que isso represente um risco para os seus recém-nascidos.

Assim, saiba que a produção de leite materno não é afetada. Em caso de dúvida, a mulher com alergias deve ser acompanhada por um médico, especialmente durante a amamentação, para um melhor controlo dos sintomas.

Verdades

Agora centremo-nos numa série de verdades essenciais para quem usa ou está a pensar usar anti-histamínicos para combater as alergias.

“Tomar a dose errada pode ser perigoso”

Sem dúvida que tomar uma dose errada de qualquer medicamento pode ser bastante perigoso. É necessário respeitar a dose diária que foi prescrita pelo seu médico ou que está indicada na bula do medicamento.

“Alguns destes medicamentos interferem no apetite”

Apesar de muitas pessoas não saberem, a verdade é que esta afirmação está certa. Os anti-histamínicos de primeira geração podem aumentar a sensação de fome, tendo mais apetite durante o dia.

“As bebidas alcoólicas interferem com esta medicação”

Tal como com a maioria de outros medicamentos, se beber álcool não deve estar a tomar anti-histamínicos.

A verdade é que as bebidas alcoólicas agravam a diminuição do estado de alerta que é induzido pelos anti-histamínicos. Ou seja, o consumo que álcool é altamente desaconselhado por poder haver uma potenciação do efeito.

“Os anti-histamínicos só aliviam os sintomas”

É verdade. Os anti-histamínicos não curam, apesar de terem efeito na prevenção e controlo dos sintomas.

Contudo, com o passar do tempo, podem reduzir a intensidade e frequência de futuras crises, acabando por melhorar significativamente a qualidade de vida da pessoa.

Como podemos ver, os mitos e verdades sobre os anti-histamínicos são alguns. Agora que já está devidamente informado, pode descontrair e conversar com o seu médico sobre o assunto caso necessite de os tomar.

E se por receio não toma o seu anti-histamínico?

É simples: quando deixa de tomar um anti-histamínico acaba por manter os sintomas desagradáveis das alergias – qua vão desde urticária, dificuldade em respirar, pingo no nariz, dores de garganta e, até, enxaquecas.

Em casos graves de alergia, esta medicação pode mesmo salvar vidas.

É importante sabermos diferenciar os mitos e as verdades quando o assunto é a toma deste tipo de medicação.

Cuidados a ter quando toma anti-histamínicos

Para além de respeitar a dosagem recomendada e de não beber álcool, como já falamos, é importante que tenha em atenção a toma combinada com outras medicações que eventualmente esteja a fazer.

Antibióticos, anti-hipertensores e antidepressivos não devem ser combinados com anti-histamínicos sem orientação médica.

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