Em comparação com outros países europeus, a Arte Nova instala-se tardiamente em Portugal. O período de desenvolvimento económico, social e cultural da Belle Époque, e no qual floresce a Art Nouveau, floresce, nomeadamente em França e na Bélgica, a partir do último quartel do século XIX até meados da I Guerra Mundial.
No panorama cultural nacional instala-se apenas por volta de 1900, estendendo-se para lá de 1920. A lenta expansão urbana e demográfica; uma população pobre, semianalfabeta, rural e com poucas qualificações técnicas; uma economia estagnada, ainda muito dependente da atividade agrícola e a crise política da última década do século XIX – que conduziu à queda da monarquia constitucional até à implantação da Primeira República (5 de Outubro de 1910) – foram alguns dos factores que atrasaram o acolhimento da Arte Nova em Portugal.
Os artistas nacionais entraram em contacto com a Arte Nova na Exposição Universal de 1900, realizada em Paris. Parece-nos que este contacto influenciou o desenvolvimento de novos paradigmas artísticos em Portugal – sobretudo aqueles que surgirão da reacção à Academia. A Arte Nova acaba por ser um desses exemplos, da modernidade, da vontade de mudança de paradigma, apesar de acabar por ser rejeitada ou mal interpretada por alguns círculos da elite artística nacional.
Arte Nova em Portugal
Arquitetura
Apesar de todas estas contrariedades, a arquitetura de ferro, o uso do betão, a ornamentação das fachadas com azulejos ou mesmo a decoração do vidro das janelas com motivos florais, orgânicos e linhas metálicas curvas e dinâmicas, acabaram, eventualmente, por se tornar uma realidade em Portugal.
Vários são os exemplos existentes em muitas cidades portuguesas, nomeadamente:
Em Aveiro, distinguida como a cidade-museu da Arte Nova em Portugal:
- Casa do Major Pessoa;
- Museu da República;
- Edifício da Casa dos Ovos Moles;
- Edifício da Residência do Arquiteto Silva Rocha.
No Porto:
- Café Magestic, situado no coração da Rua Santa Catarina;
- Livraria Lello, situada na Rua das Carmelitas;
- Casa Vincent na Rua 31 de Janeiro;
- Casa Arte Nova, na Rua Cândido dos Reis.
Em Lisboa:
- O Animatógrafo do Rossio, que abre ao público em 1907.
- A Tabacaria do Mónaco (1875), também situada no Rossio, que reabre em 1893 com painéis de azulejos da autoria de Raphael Bordallo Pinheiro (1846-1905) e o tecto coberto com um fresco de António Ramalho (1858-1916).
Para além da sua influência na arquitetura, o estilo Arte Nova estende-se também à cerâmica, ao design, à joalharia/ourivesaria, à indústria têxtil, ao mobiliário e a outras artes aplicadas.
Cerâmica
No âmbito da cerâmica, para além dos famosos azulejos – produzidos pela Fábrica de Louça de Sacavém, Desterro, Constância, das Caldas, das Devesas e Carvalhinho – que revestiam não só as fachadas das casas burguesas, mas também os seus interiores, não podemos deixar de fazer referência à louça das Caldas da Rainha, um tipo de faiança com motivos naturalistas, inspiradas na Arte Nova – e na sátira de Bordallo Pinheiro.
As taças e pratos em forma de couve ou de alface, as travessas em forma de peixe e as terrinas em forma de abóbora são algumas das mais conhecidas e ficarão para sempre ligadas ao nosso imaginário colectivo.
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