Em Portugal, existem cerca de 600 mil doentes asmáticos. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia a asma é responsável por provocar crises em 5% da população em idade pediátrica e em 11 % dos adultos.
A asma é uma doença que afeta as vias aéreas, provocando o estreitamento dos brônquios e o aumento da produção de muco. Por isso, normalmente cria dificuldade respiratória e pieira. É uma doença crónica, sem cura, mas cujos sintomas podem ser controlados e as crises evitadas.
A asma está associada a uma resposta exagerada do sistema imunitário à exposição a agentes irritantes como bactérias, vírus, poeiras, poluição ou pólenes. Saiba mais sobre esta doença.
Asma: o que dizem os especialistas
Apesar de ser uma doença crónica, não existindo cura, “com o tratamento adequado, a asma pode ser controlada e pode permitir ao doente ter uma boa qualidade de vida e sem restrições”, salienta Ana Mendes, da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).
Apesar disso, “a asma também pode matar”, alerta a especialista que reforça ainda que: “Portugal tem uma taxa de mortalidade por asma idêntica à dos países com melhores indicadores de saúde, mas, nos últimos anos, tem-se verificado um aumento, ainda que ligeiro, mas preocupante, do número de casos. A maioria das mortes por asma é evitável e pode traduzir a dificuldade de perceção da gravidade e da possibilidade de controlo da doença”.
A asma é uma patologia do aparelho respiratório de definição difícil, embora o seu diagnóstico, normalmente, seja muito fácil. Caracteriza-se por episódios de falta de ar esporádica, que se designam por dispneia. Estes episódios de falta de ar são reversíveis, espontaneamente ou através da ação de fármacos.
A maioria dos doentes tem asma desde a infância. Muitos melhoram substancialmente, durante a adolescência. Contudo, isso não quer dizer que não possam vir a ter um episódio de asma ao longo do resto da sua vida.
Asma: sintomas e tratamento
A asma está associada a alguns fatores de risco, como ter história familiar da doença; eczema; alergias alimentares; alergias ambientais; ou rinite alérgica. Também há agentes que podem desencadear mais frequentemente crises asmáticas, tais como: ácaros domésticos; pólenes; pêlos de animais; fumo de tabaco; poluição; fármacos; ar frio; infeções víricas; e irritantes químicos.
A sintomatologia associada à asma não é permanente, surgindo apenas em momentos de crise. Alguns desses sintomas são:
- falta de ar (dispneia);
- tosse seca (à noite ou ao amanhecer);
- pieira/sibilância;
- sensação de aperto no peito (opressão torácica);
- cansaço (devido à tosse ou sem motivo aparente).
Diagnóstico
Para diagnosticar a asma, é necessário realizar algumas análises e exames, como: análises ao sangue; exames funcionais respiratórios (espirometria com prova de broncodilatação); exames de avaliação da hiperreatividade brônquica; radiografia ao tórax; testes cutâneos; e avaliação da inflamação das vias aéreas.
Medidas não farmacológicos
O controlo da asma também pode ser feito através da adoção de medidas não farmacológicas. Veja quais.
- Deixar de fumar: o tabaco aumenta a inflamação das vias aéreas, pois é um elemento irritante para elas.
- Combater o excesso de peso.
- Evitar o contacto com o pó, limpando-o com um pano húmido e usando aspirador.
- Não frequentar locais com fumo.
- Fazer exercícios respiratórios como apagar velas ou fazer bolas de sabão.
- Arejar frequentemente a casa.
- Não usar roupa com muito pelo ou que esteve muito tempo guardada.
- Não mexer em coisas antigas, como livros ou papéis.
- Humidificar o ar.
- Evitar ambientes com bolor.
- Evitar agentes irritantes: cheiros fortes (tinta, verniz), escapes de automóveis, perfumes, etc.
Tratamentos farmacológicos
Para tratar os sintomas da asma, são utilizados fármacos como os broncodilatadores. A sua função é dilatar os brônquios, para que o ar tenha mais espaço para passar e, assim, aumentar o volume de ar no organismo. Existem dois grupos de broncodilatadores para inalar: os agonistas β2 e os anticolinérgicos.
Para tratar a inflamação da mucosa respiratória, são utilizados corticóides ou antileucotrienos. Mais recentemente, tem-se vindo a recorrer a associações de fármacos compostos por corticóides e broncodilatadores de longa duração.
Portanto, um doente com asma só faz medicação em SOS, quando sente uma crise, recorrendo geralmente a um broncodilatador para inalar. Como tratamento de longa duração, pode utilizar antileucotrienos ou corticóides, em função do grau e do quão controlada está a doença.
Para evitar as crises de asma, pode ainda ter outros cuidados, como tomar vacinas para a alergia/imunoterapia; prevenir outras infeções respiratórias; e reduzir a exposição a alergénios, como: ácaros, pó, tabaco, fumo e poluição.