Um dos aspetos mais complexos no que respeita aos ataques de pânico é o medo intenso de que eles se repitam.
Tal receio pode levar o paciente a evitar situações em que eles possam ocorrer recusando-se, por exemplo, ir a um local ou espaço onde já tenha tido ataques de pânico no passado.
Em casos mais extremos, esta atitude pode conduzir a uma rejeição total em sair de casa, levando a uma outra patologia – a agorafobia.
Para evitar cair nesta espiral, informe-se sobre o que deve fazer se sofre ou conhece alguém que sofra de ataques de pânico e consulte um profissional de saúde habilitado para o efeito.
Ataques de pânico: causas, sintomas e tratamentos
Um ataque de pânico pode caraterizar-se como um episódio súbito e intenso de medo que desencadeia um conjunto de reações físicas, que se podem assemelhar às de um enfarte, gerando uma sensação de morte iminente.
Apesar de muito assustadores para quem os sofre, estes ataques não oferecem nenhum tipo de perigo real para o paciente. Este fenómeno físico pode durar breves minutos a cerca de uma hora e resulta de um processo extremo de ansiedade.
Este trauma pode gerar um distúrbio mental conhecido por Distúrbio Cíclico da Ansiedade ou Síndrome do Pânico.
Quando ocorrem
Na maioria dos casos, os ataques de pânico podem ocorrer esporadicamente, uma a duas vezes ao longo da vida, nomeadamente em períodos de maior stress.
Contudo, se os episódios se repetirem com maior frequência, causando um receio constante de um novo ataque, então já podemos estar perante aquilo que se pode designar de “pânico patológico”.
Frequência
Os ataques de pânico esporádicos são comuns, afetando anualmente mais de um terço dos adultos. As mulheres apresentam este género de episódios mais duas a três vezes do que os homens.
No que respeita ao dito “pânico patológico”, este é mais raro e diagnostica-se em menos de 1% da população, geralmente no final da adolescência ou no início da idade adulta.
Causas
As causas dos ataques de pânico ainda não são bem conhecidas, mas pensa-se que a genética, o stress intenso, o temperamento e a alteração no funcionamento de algumas zonas do cérebro podem ser fatores determinantes para o despoletar destes episódios.
Existem também fatores de risco que podem promover a ocorrência destes ataques, como é o caso da morte ou da doença grave de alguém próximo, alterações importantes na vida, antecedentes de abuso físico ou sexual na infância ou história de um evento traumático, como um acidente ou um assalto.
Finalmente, há ainda doenças que podem potenciar estas manifestações de pânico, tais como doenças psiquiátricas (depressão, ansiedade social, perturbação da ansiedade generalizada ou stress pós-traumático) e doenças crónicas (asma, doença coronária cardíaca ou hipertensão).
Sintomas
Como já dissemos, os ataques de pânico surgem subitamente e podem ocorrer a qualquer momento: enquanto se passeia, conduz, dorme ou, até, durante uma reunião.
De um modo geral, os episódios duram um máximo de 10 minutos, seguidos de uma sensação de grande fadiga, por parte do paciente. Alguns dos sintomas percecionados pelo paciente podem ser:
- ideia de perigo iminente;
- medo de perder o controlo ou de morrer;
- aumento da frequência cardíaca;
- transpiração;
- tremores;
- respiração acelerada e difícil;
- ruborização ou calafrios;
- afrontamentos;
- náuseas;
- dores abdominais ou torácicas;
- cefaleias;
- tonturas;
- vertigens, instabilidade ou desmaio;
- dificuldade em engolir;
- diarreia;
- sensação de irrealidade, estranheza ou separação do meio envolvente;
- sensações de adormecimento ou de formigueiros.
Diagnóstico
No momento do diagnóstico destes episódios, é importante começar por excluir doenças orgânicas que possam causar sintomas semelhantes, como as doenças cardiovasculares ou da tiróide. De seguida, a avaliação psicológica é fundamental para identificar se existe um cenário de pânico patológico já instalado.
Tratamento(s)
O tratamento dos ataques de pânico passa, essencialmente, pela psicoterapia (cognitivo-comportamental) e pelo recurso a medicamentos (benzodiazepinas e antidepressivos) que reduzam os sintomas e a depressão geralmente associada a este quadro clínico.
Assim, os sintomas descritos e associados aos ataques de pânico serão eliminados, permitindo que o paciente retome as suas atividades diárias e consiga ter uma vida normal.
Existe prevenção?
Conseguir ou não prevenir os ataques de pânico não é uma questão consensual. Reduzir o stress pode ser benéfico mas, como vimos, não é um único fator que pode ser causador destes episódios.
Portanto, a sugestão é que recorra a tratamento o mais cedo possível – caso já tenha manifestações de pânico -; evite recaídas, respeitando o plano terapêutico; e mantenha uma atividade física regular e um estilo de vida saudável, ótimos antídotos contra a ansiedade.
O principal alerta que queremos deixar é que, sem tratamento, os ataques de pânico acabam por ir afetando todos os aspetos da vida do paciente, quer pessoal, quer profissional.
São recorrentes os casos em que a partir deste problema, o doente começa a desenvolver várias formas de fobia, afastamento da vida social, problemas no trabalho ou na escola, depressão, tendências suicidas, abuso de álcool ou de drogas e problemas financeiros.
Se sente que precisa de ajuda, contacte quem o pode apoiar: ligue a linha de saúde 24 (808 24 24 24) e selecione a opção de apoio psicológico.