Com a digitalização de muitos serviços em Portugal, o débito direto em conta passou a ser muito comum. Ativar o débito direto, no entanto, é um passo de muita responsabilidade e até algum risco: convém estar ciente do que ele implica e saber como pode defender-se de fraudes e acesso indevido.
O débito direto é o melhor amigo dos esquecidos: ele autoriza os credores a recolher da sua conta os valores em falta, no momento em que devem ser pagos, sem precisar da sua intervenção.
Em muitas empresas prestadoras de serviços, o débito direto também dá direito a descontos exclusivos (como é o caso da EDP, por exemplo), além de reduzir a circulação de papel e a burocracia.
Os riscos de ativar o débito direto
Nunca há bela sem senão: o débito direto autoriza as empresas a tirar da sua conta o valor dos serviços sem lhe perguntar nada. Isso quer dizer que terá de estar sempre muito atento aos movimentos da sua conta bancária para evitar um acesso indevido ou a tirada de mais dinheiro do que aquele que foi inicialmente acordado.
Também é importante manter-se a par dos débitos diretos que lhe são feitos para não perder o fio à meada com as suas contas. Quando não vê o dinheiro a sair fica fácil desligar-se do balanço, saber se está a gastar muito ou pouco, conhecer o saldo final do seu orçamento familiar.
Finalmente, o débito direto é facilmente esquecido com o tempo. Isso é um risco porque, mesmo anulando a contratação de um serviço, se não desativar o débito direto, a empresa fornecedora pode continuar a tirar-lhe o dinheiro da conta todos os meses.
Como ativar o débito direto?
Para ativar o débito direto na sua conta bancária tem de assinar um formulário de autorização. Alguns bancos permitem-lhe fazê-lo online ou na app, identificando a instituição a quem autoriza o acesso ao dinheiro. Outros exigem-lhe que o faça ao balcão.
Também pode ativar o débito direto entregando à instituição credora o formulário assinado por si. Essa instituição depois vai ao banco e usa o formulário para pedir acesso à sua conta.
Se ativar o débito direto, o que é que os outros veem?
Mesmo que opte por ativar o débito direto para um fornecedor, ele nunca verá os detalhes da sua conta. Não é possível, por exemplo, saber quanto dinheiro tem lá. Lembre-se que a autorização é só para recolher dinheiro, nada mais.
E se precisar de alterar a conta em que o débito é feito?
Pode, em qualquer momento, pedir ao credor que passe a recolher o dinheiro noutra conta: basta que preencha e assine novo formulário com os dados da nova conta (não se esqueça de revogar a autorização anterior junto do seu banco).
Que sistemas de segurança existem para o débito direto?
Há várias formas de proteger-se quando ativa um débito direto:
Limitação de valor
O banco permite-lhe definir um teto máximo para os valores a debitar. Qualquer pedido superior a esse valor é automaticamente negado.
Limitação da validade
Pode ativar um débito direto com validade. A partir da data que definir, o credor deixa de poder recolher dinheiro da sua conta bancária.
Definição de periodicidade
Se ativar o débito direto para, por exemplo, uma mensalidade, pode dizer ao banco que aquele credor deve ser autorizado a recolher dinheiro apenas uma vez por mês. Qualquer pedido adicional é automaticamente recusado.
Cuidados a ter
Só porque está a ativar um débito direto não tem de autorizar todos os pagamentos daí em diante. Pode, a qualquer momento, pedir ao seu banco que rejeite um débito direto antes de ele acontecer: só tem de identificar o credor e a conta de onde não deverá ser autorizado o débito.
Além disso, há sempre a possibilidade de acontecerem enganos ou má conduta da entidade bancária. Pode, nesses casos, apresentar reclamações ao próprio banco ou, em casos mais severos, ao Banco de Portugal. Também pode envolver as autoridades judiciárias se entender que o caso é grave e que foi vítima de burla.