Share the post "Aumenta o número de leilões de imóveis executados por bancos"
O crédito mal parado, resultante dos incumprimentos dos empréstimos concedidos pelas instituições bancárias, está a aumentar os leilões de casas, resultado visível da actual crise financeira. Por mês são vendidas em leilão 120 casas de clientes que não conseguiram pagar as mensalidades dos empréstimos aos bancos.
Em relação a 2008 verificou-se um aumento de 80% no negócio de venda de habitações em leilão. Em 2009 foram vendidas desta forma duas mil casas executadas pelos bancos. Este ano prevê-se um novo crescimento o que poderá significar uma oportunidade de negócio para quem quer comprar casa a preços convidativos e assim poupar nas suas finanças pessoais.
Actualmente, as duas principais leiloeiras (Euro Estates e Luso-Roux), que se dedicam em exclusivo a este negócio, efectuam dois leilões por semana, cada um levando à praça uma média de 65 imóveis com hipotecas executadas.
Desgraça de uns, poupança para outros
O crédito malparado na habitação atingiu em Janeiro último os 1,9 mil milhões de euros. E a tendência é para aumentar. O êxito dos leilões resulta num maior número de imóveis disponibilizados pelos bancos, em resultado dos incumprimentos dos seus clientes.
Quando uma família deixa de pagar o crédito à habitação, a instituição bancária opta primeiro por negociar o empréstimo por meio da redução ou alargamento do período de carência. No entanto, na total impossibilidade de cumprimento, os bancos são obrigados a executar a hipoteca. Os leilões são assim uma forma de as instituições se livrarem mais rapidamente dos imóveis em carteira e reduzir os custos.
A desgraça de uns pode assim ser uma oportunidade para quem quer comprar casa, mas não pretende gastar rios de dinheiro. Ainda assim, na grande maioria dos casos há a necessidade de contrair novos empréstimos à habitação mesmo na compra de casas executadas pelos bancos. Estes agradecem e até facilitam a sua concessão para quem compre casa em leilão.
As instituições não cobram comissões de abertura de processo por avaliação do imóvel e custos de registos provisórios.
Na maioria dos casos as instituições bancárias facilitam o processo inicial e não parecem penalizar os “spreads” aplicados a estes empréstimos, assim asseguraram as duas leiloeiras à Imprensa.
As famílias e as empresas portuguesas estão cada vez mais endividados e manifestam grandes dificuldades em pagar o que devem aos bancos, de tal forma que, em 2008 e 2009, o crédito mal parado subiu 47%, avançou no início do ano o Banco de Portugal. A falta de pagamento de habitação, bens de consumo e cartões de crédito continuam a ser a grande dor de cabeça. O desemprego é a principal causa para os incumprimentos. Em Janeiro, as famílias deviam à Banca um total de 3500 milhões de euros.