Share the post "Aumente o seu reembolso do IRS (e já aderiu ao débito direto dos impostos?)"
O IRS é como uma caixinha de LEGO. Tem as peças todas na sua mão. Se seguir as instruções consegue construir o que pretende e atinge o seu objetivo. Se “inventar” ou decidir construir outra coisa qualquer pode até sair uma coisa parecida, mas vão sobrar ou faltar peças. Basicamente pode receber o dinheiro a que tem direito ou (muito) menos. Infelizmente, muitos contribuintes facilitam e pensam: “Desde que não tenha de pagar, já fico contente…”.
Tem duas opções: ou contrata um contabilista que seja um bom profissional ou tem de seguir os vários passos que lhe garantem que vai receber o mais possível de reembolso.
Vamos por partes. No final deste artigo vou falar-lhe também da nova possibilidade que tem de pagar os seus impostos por débito direto. Para mim é uma excelente notícia. Já perdi muito dinheiro por não existir esta opção no passado.
Até 15 de Março deve verificar as Deduções
As suas e as de todo o seu agregado familiar. Deve ir o mais depressa possível ao Portal das Finanças e entrar com o NIF e password de cada membro da sua família.
No e-fatura, tem de regressar, na “setinha” do ano, para 2017. E agora sim já aparecem todas as despesas que teve no ano passado em Hospitais, Centros de Saúde e Escolas, as rendas, os juros do banco, os seguros, etc.
Se faltar algum valor deve tomar nota para confirmar que tem essas faturas ou recibos para depois acrescentar quando preencher o IRS. Atenção que há muitos contribuintes que estão a ter valores errados ou ausentes no valor das rendas de casa (quando são inquilinos). Se um valor estiver errado e/ou ausente, deve recusar o IRS Automático se ele lhe aparecer como opção. Estará a perder dinheiro. Só no caso das rendas de casa, podemos estar a falar de 503 euros que pode receber a mais ou a menos. Na saúde, são 1.000 euros e na Educação 800 euros.
Quanto aos valores do e-fatura referentes a restaurantes, oficinas, cabeleireiros, veterinários e passes sociais (muitos valores dos passes não estão a aparecer por vários motivos) deve enviar uma reclamação através do e-balcão no portal das Finanças com cópia das suas faturas que não entraram ou que têm valores errados. Se não o fizer até 15 de Março perde o valor dessa dedução. Já não vai poder fazer nada quando preencher o IRS porque essa linha nem vai aparecer no Modelo 3.
O que faço se aparecem valores “errados” no e-Fatura?
Mas antes de reclamar de valores errados veja se o erro é este: às vezes nos Restaurantes, Cabeleireiros, etc. aparece o valor total das despesas ao longo do ano e acima junto ao “bonequinho” o valor da dedução correspondente. Normalmente as contas batem certo, mas às vezes o valor está “errado” e não percebemos porquê.
Qual é a explicação?
Pode haver várias, mas a mais óbvia e a que tenho encontrado sempre tem a ver com os valores do IVA. Dentro de cada setor, há várias taxas de IVA. Na saúde, há despesas que se forem a 23% e não tiver receita não entram como dedução, mas teve essa despesa. Na Educação pode ter colocado faturas como educação, mas se têm 23% de IVA provavelmente foram rejeitadas pelos computadores da Autoridade Tributária (o normal é só entrarem as isentas de IVA ou com IVA a 6%), embora estejam contabilizadas no total das despesas de Educação. Por exemplo, na restauração a despesa de uma refeição pode ter sido de 12 euros, mas dentro da fatura, umas coisas foram a 23% mas outras apenas a 13%. Logo, a conta complica-se.
O caso dos cabeleireiros
As despesas de cabeleireiro da minha mulher para mim foram uma dor de cabeça até perceber. Tenho lá em casa um monte de faturas e aparecem também no e-Fatura e não é que a dedução é quase zero?
A resposta é simples. Há imensos cabeleireiros (e outros profissionais) em todo o país que estão isentos de IVA. Ou seja, como faturam (ou dizem que faturam) menos de 10 mil euros por ano estão isentos de pagar IVA. Isto quer dizer que mesmo que gaste 1.000 euros (valor exemplificativo) em cabeleireiros, se for um destes, não terei direito a nenhuma dedução. Porque 15% de zero é ZERO. E está tudo certo. Nada a dizer.
O que tem de ver é se o valor que lhe estão a fazer é mais barato do que nos cabeleireiros que lhe passam faturas com 23% de IVA. Pode compensar receber uma fatura com zero de IVA se pagar menos no final. Provavelmente poupará mais por ano do que aquilo que receberia de dedução do IVA em cabeleireiros por pedir fatura num cabeleireiro que seja obrigado a cobrar IVA à cliente.
Quer deixar de se preocupar com os prazos dos impostos?
Este ano há uma novidade. A partir de agora já pode ir ao Portal das Finanças e dizer que quer pagar os seus impostos através de débito direto. Ou seja, quando chegar a altura de pagar os impostos que tem mesmo de pagar, a AT vai à conta que definir (espero que tenha lá saldo) e debitam. Assim evita multas por atraso nos pagamentos. Veja o meu caso.
126€ de multa por não pagar o IUC a tempo
É o que se chama deitar dinheiro à rua. Partilho a minha história do IUC para que pelo menos alguns de vocês não passem por isto. Não posso culpar o Estado nem as Finanças. Só a mim.
Há 2 anos, por distração, deixei passar em alguns dias o prazo para o pagamento do IUC do carro da minha mulher. Acontece a milhares de contribuintes. O senhor na repartição de Finanças bem me disse para aguardar a multa de 25€ pelo correio. Tem de ser, que seja. Nunca mais me lembrei do assunto.
Meses depois recebi um e-mail para pagar uma coima de 126€ pelo atraso no pagamento do IUC desse ano. Mas como?! 126€? Não era 25€?
Percebi então que havia mais “cartas” da Autoridade Tributária no site Via CTT, que consulto raramente:
- A tal multa prevista de 25€, datada de Fevereiro;
- Como não paguei os 25€, recebo depois outro e-mail com a coima a subir para 80 e tal euros;
- Como também não paguei, a coisa subiu para os tais 126 euros.
- Por não ter estado atento, perdi 101€. Completamente desnecessário!
Assim, vou obviamente ser cliente do débito direto do Estado para os impostos do IMI e do IUC. Assim não arrisco multas desnecessárias e fico descansado.
Claro que não deve esquecer-se de colocar limites ao valor que lhe podem tirar. Como sabe mais ou menos o que terá de pagar acrescente 20 euros (por exemplo) ao valor exato e defina um limite temporal. Por exemplo, durante os anos que pensa ficar com o seu carro. Para que depois, se o vender, não lhe cobrem o IUC anualmente se não atualizarem os registos.
Só no IUC os contribuintes pagaram em 2017, 54 milhões de euros em coimas desnecessárias.
Deve seleccionar o tipo de pagamento: se é recorrente ou pontual. E escolher o imposto que se pretende pagar por débito direto: IRS e pagamento por conta de IRS, IRC, IMI e IUC. O IVA não entra nas opções. Pode alterar tudo a qualquer momento.
Eu vou aderir ao débito direto no IUC e no IMI. Poupar também é evitar despesas desnecessárias.
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