Um inquérito revelou que, só em Portugal, cerca de 20% dos utentes atendidos durante quatro semanas nos centros de saúde, reportaram aos seus médicos de família problemas de azia.
Também 7,4% dos entrevistados revelou ter sofrido com este desconforto duas ou mais vezes por semana. Desta forma, o refluxo gastro-esofágico tem-se vindo a afirmar como uma verdadeira questão de Saúde Pública, que preocupa pacientes, mas também clínicos.
Quais os hábitos que podemos alterar para prevenir este mal-estar? É o que vai aprender já de seguida.
Azia: o que está em causa
O que é?
A azia não é uma doença, mas antes um sintoma que indicia uma perturbação digestiva. Pode ocorrer fruto de um refluxo gastroesofágico, circunstância em que o ácido do estômago reflui para o esófago, lesando as suas paredes.
Principais causas
Sabia que uma das causas mais comuns para ao aparecimento da azia é a má alimentação ou o excesso de alimentos ingeridos? Mas, não é só.
Numa situação normal, durante a refeição ou a ingestão de alimentos, os ingredientes vão desde a boca até ao estômago através de um tubo, chamado esófago. Num funcionamento normal, a ligação entre o esófago e o estômago, não deve permitir que os alimentos ou as secreções do estômago voltem para trás, ou seja, haja lugar ao refluxo. Porém, se este mecanismo não se verificar, o ácido do estômago irá alcançar as paredes do esófago, irritando-as e causando azia. Alguma das causas deste mau funcionamento podem ser:
- hérnia do hiato, caso em que uma parte do estômago passa para cima do diafragma, entrando na cavidade torácica;
- refeição muito abundante, seguida da qual nos colocamos numa posição inclinada para a frente ou na horizontal;
- gravidez;
- stress;
- tabaco;
- café;
- álcool;
- bebidas gaseificadas.;
- alimentos como citrinos, tomate, chocolate, menta, cebola e outros ingredientes muito gordos ou picantes;
- medicamentos como a aspirina, o ibuprofeno, alguns sedativos e anti-hipertensores.
Principais sintomas
Geralmente, a sensação de azia começa no esterno, podendo subir até à garganta. Ocorre mais frequentemente após as refeições ou quando estamos deitados e pode durar minutos ou, mesmo, horas.
Habitualmente, a azia manifesta-se sob a forma de um ardor ou queimadura que se intensifica ao engolir. Este incómodo pode também surgir pela forma de um sabor amargo na boca.
Diagnóstico
Perante um paciente com sintomas de azia, o clínico deve proceder a um diagnóstico o mais exato possível, tendo por base a história clínica do doente e um exame objetivo.
Num panorama de azia comum, é logo possível iniciar um tratamento que deve ser reavaliado semanas depois e, em caso de melhorias, pode prescindir da realização de quaisquer exames.
Caso o cenário seja mais complexo, exames como a endoscopia digestiva alta e o teste respiratório podem ser pertinentes.
Tratamentos e medidas de prevenção
Medidas não-médicas
Há atitudes e comportamentos que podem ajudar a prevenir estas situações. Comer pelo menos 2 a 3 horas antes de ir dormir, dormir com a cabeceira elevada, deixar de fumar, perder peso, não comer em excesso, evitar roupas muito apertadas e alimentos que tendem a causar azia são algumas delas, pois diminuem o refluxo e a formação de ácido no estômago.
Medicamentos
Há vários medicamentos aconselháveis para o tratamento da azia. As classes mais utilizadas são os antiácidos, os bloqueadores dos recetores H2 e os inibidores da bomba de protões.
Estes medicamentos reduzem ou neutralizam, mesmo, a secreção de ácido do estômago, de forma à lesão do esófago ser menos significativa, aquando da presença de refluxo. Todas estas soluções devem ser prescritas por um médico.
Cirurgia
Em casos mais graves e extremos, o recurso à cirurgia pode ser mesmo o único método realmente eficaz para corrigir a causa do refluxo. Tal só deve ser feito após se terem testado os métodos anteriores sem sucesso e por aconselhamento médico, a operação ser a solução mais indicada.
Sinais de alerta
Caso os sintomas de azia surjam associados a dificuldade em engolir (disfagia), dor a engolir (odinofagia), hemorragia digestiva, sinais de emagrecimento e/ou anemia deve consultar de imediato um especialista, de modo a despistar outras doenças ou complicações.