Os reguladores financeiros mundiais aprovaram no passado domingo as novas regras para o sector bancário, com exigências de capital mais elevadas, que visam limitar o risco excessivo tomado pelas instituições no período que antecedeu à crise financeira.
No seguimento destas alterações, de forma a ser possível cumprir tais exigências, são as famílias portuguesas que vão sentir na carteira o peso da crise no sistema financeiro.
Uma vez que os bancos vão ser obrigados a reforçar os capitais próprios, tal como foi aprovado pelo Comité de Basileia, os créditos e as comissões bancárias irão ficar mais caros.
Os bancos vão precisar de centenas de milhares de milhões de euros para cumprirem os requisitos e a solução passa por reter lucros durante vários anos sem distribuir dividendos aos accionistas. Além disso, também o crédito vai ficar mais caro para famílias e empresas, porque as taxas de juro e os “spreads” vão aumentar e ainda, as instituições vão cobrar mais comissões de prestação de serviços e produtos bancários.
O presidente da Sefin, António Júlio Almeida, explica que uma vez que os bancos vão precisar de reservar mais capital e tal implica custos, então terão de aumentar as suas margens de forma a compensar esse capital que vai estar parado.
A partir de 2013 esta regra do reforço dos capitais próprios entra em vigor e dois anos depois passa a ser obrigatório. Estas medidas servem para evitar eventuais crises que fragilizem o sistema financeiro.
De acordo com declarações do economista da consultora financeira IMF, Filipe Garcia, a maioria dos bancos concorda com as alterações introduzidas mas também admitem que tal vai condicionar o montante disponível para crédito aos seus clientes.
Alguns especialistas internacionais lamentam que os bancos não sejam obrigados a aumentar o capital mais rapidamente, pois consideram que prazo de adequação às novas regras é demasiado longo e porque entendem que os bancos vão acabar por manipular os activos ponderados em função do risco.
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