Luana Freire
Luana Freire
03 Ago, 2018 - 10:53

Bebé sereia: tudo o que precisa saber

Luana Freire

Ela é rara e quase sempre fatal. A sirenomelia é mais do que a aparência de peixe nos bebés. Descubra as causas e sintomas desta doença congénita.

Bebé sereia: tudo o que precisa saber

Já ouviu falar em bebé sereia? Sabe o que é? Este é o nome popular dado ao distúrbio congénito que provoca no feto a má formação das pernas, que se mostram unidas e conferem ao bebé portador a aparência de ter uma cauda de peixe. A sirenomelia é considerada pela medicina um evento raro e praticamente fatal.

Em todo o mundo, estima-se que a síndrome da sereia afete 1 em cada 100 mil bebés, e infelizmente os números apontam para um desfecho fatal. A condição reduz ao extremo a esperança de vida dos bebés afetados porque acarreta uma série de consequências, como anomalias renais e císticas, que impossibilitam a continuidade da vida.

Bebé sereia: o que é?

A sirenomelia, patologia conhecida como síndrome do bebé sereia, é uma doença rara e congénita, que consiste no desenvolvimento anormal dos membros inferiores, e não só. A condição afeta a formação da cintura pélvica, fator que acarreta graves riscos à vida do bebé após o nascimento. Considerada altamente fatal, a sirenomelia provoca a má formação das pernas, que se desenvolvem unidas em membrana, conferindo ao bebé a aparência de “sereia”.

Como ocorre a sirenomelia?

O distúrbio está relacionado com problemas de formação congénita, nomeadamente defeitos e anormalidades dos vasos sanguíneos do cordão umbilical. Durante uma gestação considerada normal, o feto desenvolve duas artérias umbilicais, e são elas as responsáveis por bombear o sangue do bebé para a placenta. Uma veia umbilical também está presente para tornar o processo bidirecional, levando o sangue da placenta de volta para o bebé.

bebe-sereia

No caso dos bebés sereia, existe apenas a formação de uma artéria e uma veia umbilical. Desta forma, a artéria ilíaca torna-se responsável pela atividade de distribuir sangue no feto e há uma consequente deficiência, nomeadamente no que toca à distribuição para a região pélvica e para os membros inferiores.

Em alguns casos mais raros, o feto pode desenvolver as duas artérias necessárias e uma veia, porém de forma alterada. Desta forma, a veia desenvolvida surge como um agente que causa a oclusão de alguma das artérias. Como os membros inferiores passam a não ser nutridos corretamente, não conseguem formar-se em separado, os rins não se desenvolvem corretamente, não há a perfuração anal através do intestino grosso, e os órgãos genitais podem ou não estar presentes. Existindo o órgão genital do bebé afetado, ocorre a má formação do mesmo.

Outras consequências

Sendo este um distúrbio provocado por uma total desordem no sistema de nutrição sanguínea dos fetos, é possível verificar anomalias congénitas também na parte superior do corpo. Embora sejam anomalias pouco comuns nos casos de bebés sereia, elas podem abranger os braços, o coração, pulmões, medula espinhal e cérebro.

Os números

Dados gerais estimam que a síndrome bebé sereia afete 1 em cada 100 mil bebés que sobrevivem até ao final da gestação. As complicações císticas e renais podem levar à morte em até dois dias após o nascimento. A síndrome é cerca de 100 vezes mais comum em gémeos univitelinos, sendo os casos de sirenomelia ainda mais raros em gestações isoladas ou em gémeos bivitelinos.

O diagnóstico e a esperança de vida

O diagnóstico costuma acontecer ainda durante a gestação da mãe, sendo mais comum acontecer no segundo trimestre da gravidez, através de ecografias. Sendo esta uma situação que apresenta uma grande taxa de mortalidade dos recém-nascidos, iniciam-se por esta altura os trabalhos de apoio médico e psicológico, bem como são apresentadas aos pais as possíveis complicações de um nascimento deste tipo.

No caso dos bebés que nascem vivos e apresentam rins funcionais, existe esperança de vida, porém mediante diversos e delicados cuidados médicos que implicam tratamento cirúrgico adequado. Regra geral, são necessárias intervenções para a reconstrução do trato gastrointestinal e do trato urinário.

Estima-se que metade dos portadores desta patologia sejam natimortos, ou seja, bebés que já nascem sem vida. No caso da outra metade, a grande maioria vem a óbito durante as primeiras horas após o nascimento.

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