As Berlengas são um pequeno arquipélago situado a cerca de 10 quilómetros ao largo de Peniche, que engloba a ilha da Berlenga Grande e recifes associados, os Farilhões-Forcadas e as Estelas, constituindo um pequeno paraíso rodeado de águas claras e calmas, ótimas para mergulho e snorkel.
Para começar, a ilha de maiores dimensões é de absoluta beleza, com formações rochosas e chocantes e cavernas abertas e é a única que pode visitar, e observar o antigo lar de um mosteiro, mas que agora apenas serve de habitação a milhares de aves marinhas nidificantes.
Ainda ligado à ilha, através de um caminho estreito, sinuoso e algo arrepiante para os espíritos mais sensíveis, encontramos o Forte de São João Baptista, do século XVII, que é um dos albergues mais dramáticos e carregados de história que existem no país.
Assim, a ilha apresenta um património biológico com elevado interesse de conservação, de tal forma que se encontra protegida por legislação, estando integrada nas Reservas Naturais pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e Reserva da Biosfera da UNESCO desde 2011.
Além disso, a complexa e característica geomorfologia das ilhas e ilhéus é bastante única, daí ser um dos destinos mais procurados, principalmente durante o verão, num arquipélago que possui um comprimento de 1500 metros, uma largura de 800 metros, e 88 metros de altitude máxima e 30 de mínima.
Sobre a Ilha Berlenga Grande
A Berlenga Grande é a maior ilha do arquipélago, e a única habitável, que em tempos foi espaço para o retiro dos monges que construíram o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga. Contudo, pela localização da ilha, a escassez de comida era algo que frequente, pelo que, progressivamente, o mosteiro foi sendo abandonando.
Além disso, para piorar a situação dos monges que tinha na Berlenga um lugar de pelo contemplação e meditação, os saques dos corsários e os ataques violentos dos piratas que navegavam pelo Atlântico eram situações igualmente frequentes.
Por isso, desse edifício, atualmente apenas restam algumas pedras soltas e muros do edifício original que deu lugar a um restaurante.
Assim, a construção mais marcante e reconhecida da ilha da Berlenga Grande é a Fortaleza de S. João Baptista, entretanto abandonado e convertido em alojamento.
Como ir para as Berlengas?
Nem todo o arquipélago é passível de ser visitado, dado que apenas a ilha da Berlenga Grande está acessível ao público e deverá ir sempre de barco.
No entanto, não se acanhe, já que em Peniche, encontrará a preços acessíveis várias empresas turísticas que providenciam o transporte marítimo até à ilha, além de disponibilizarem tours pedestres pela mesma, bem como passeios de barco por entre as diversas cavernas acedidas por mar.
Assim, seja qual for o operador escolhido, poderá contar com várias viagens diárias para a ilha e de regresso à costa. Já os preços rondam os seguintes valores:
- Bebés até aos 2 anos: grátis
- Crianças dos 2 aos 12 anos: 12€
- Maiores de 12 anos: 17€ em época baixa / 30€ em época alta
A estes valores acresce, se assim o entender, o valor da visita a grutas ou tours personalizados.
O que fazer nas Berlengas
Não é só a praia que merece destaque na ilha principal, por isso descubra outros pontos de interesse.
Explorar percursos
Aconselhamos dois que se caracterizam por grande beleza e que vão surpreender principalmente os amantes da natureza.
Percurso da Berlenga
- Ponto de partida / chegada: bairro dos Pescadores / Forte de S. João Baptista;
- Extensão aproximada: 1 km;
- Duração aproximada: 1 hora;
- Dificuldade: fácil, porém a parte de acesso ao planalto possui declive bastante elevado;
- Tipo de itinerário: linear;
- Apoios: percurso sinalizado;
- Pontos de interesse: planalto do Farol; Forte de S. João Baptista; e Cova do Som.
Percurso da Ilha Velha
- Ponto de partida / chegada: bairro dos Pescadores;
- Extensão aproximada: 1 km;
- Duração aproximada: 1 hora;
- Grau de dificuldade: médio, com declive médio;
- Apoios: percurso sinalizado;
- Pontos de interesse: Milréu; Buzinas; Pedra Negra; e Carreiro dos Cações.
Observar pássaros
As Berlengas albergam as únicas colónias de aves marinhas pelágicas ao largo de Portugal continental, destacando-se seis espécies de aves marinhas que se reproduzem no arquipélago, como a cagarra, roque-de-castro, galheta, gaivota-de-patas-amarelas, gaivota-d’asa-escura e airo, ou seja, tudo espécies sob proteção.
No entanto, o planalto do farol, com as arribas protegidas dos ventos dominantes e a figueira situada na praia do carreiro do mosteiro é um dos melhores locais para procurar as aves migradoras que procuram refúgio na ilha.
Visitar grutas e cavernas
A complexa história geológica das Berlengas deu origem a uma série de reentrâncias, enseadas, grutas, pequenos ilhéus e rochedos, que dotam o arquipélago de uma beleza natural que encanta qualquer um.
Contudo, muitos destes espaços apenas poderão ser acedidos de barco, pelo que poderá recrutar uma empresa turística no porto de Peniche para as visitas que pretende.
Observar cetáceos
Ver golfinhos a brincar e saltar nas ondas produzidas pelos barcos que fazem o transporte de passageiros até à ilha é um verdadeiro privilégio e apesar de existirem várias espécies de cetáceos nas águas da Zona de Proteção Especial das Berlengas, como o roaz ou a baleia-piloto, o golfinho-comum é aquele que se pode observar com maior regularidade.
Praticar mergulho e snorkeling
O mergulho recreativo é provavelmente a atividade mais procurada pelos visitantes da ilha da Berlenga, o queão é de estranhar, já que o seu ecossistema marinho é provavelmente o mais rico em águas portuguesas.
Assim, é possível observar grandes cardumes de sargos, safias e de carapaus, paredes cobertas de gorgónias, peixe-galo, grandes peixes-lua e impressionantes meros.
Já o snorkeling, embora não permita visitar os mais bonitos e emblemáticos locais submarinos em torno da ilha da Berlenga, ajuda àqueles que não são mergulhadores admirar um pouco a vida submarina das berlengas.
Fazer canoagem e paddle
Estas são duas formas mais radicais e alternativas para visitar as águas em torno do arquipélago das Berlengas e observar a beleza natural das suas falésias, rochas e grutas.
Outros locais de interesse nas Berlengas são a Gruta da Flandres, Greta da Inês, Gruta do Brandal, Forte de S. João Baptista, Farol do Duque de Bragança, Gruta Azul, Gruta da Muxinga, Gruta da Lagosteira, Cova do Sonho, Cabeça do Elefante, Carreiro do Mosteiro.
Onde comer e dormir nas Berlengas
O Carreiro do Mosteiro dispõe do único restaurante com esplanada e de um pequeno estabelecimento comercial no Castelinho e existem alguns alojamentos disponíveis na ilha das Berlengas:
- Mar e Sol: 6 quartos duplos
- Parque de Campismo, com lugares para 6 tendas de 2 pessoas, 16 tendas de 3 pessoas, 17 tendas de 4 pessoas
- Forte de S. João Baptista que possui capacidade de alojamento para 50 pessoas, mas carece de reserva prévia junto da Associação Amigos da Berlenga.
Fora da ilha, na vila de Peniche, encontra todas as comodidades em termos de alojamento e restauração para dias de descanso perfeitos.
Conselhos úteis para quem visita as Berlengas
Sendo um espaço com algumas particularidades, há algumas regras a respeitar, de modo a não afetar a biodiversidade e cuidados a ter na ilha:
- Siga sempre os trilhos;
- Não entre na reserva integral;
- Coloque o lixo nos recipientes adequados;
- Evite piqueniques, pois não existem condições para isso;
- Não apanhe qualquer espécie animal ou vegetal, pois para além de colocar em perigo o património natural da ilha, a legislação prevê coimas pesadas para os infratores;
- Não caminhe na zona das marés, a sensibilidade dos seus povoamentos é muito grande;
- Na Reserva Marinha apenas é permitido pescar à linha, não sendo permitido apanhar quaisquer invertebrados, como polvos, lapas, mexilhão, ouriços ou caranguejos;
- Não pode fazer caça submarina;
- O fornecimento de energia elétrica é condicionado, sendo que o respetivo gerador é desligado a partir das 23:00.