O bidé é, sem dúvida, um equipamento de casa marcadamente cultural. Em vários países europeus (Portugal, Itália, Espanha), este é considerado um elemento absolutamente essencial.
Mas na cultura americana, sobretudo nos EUA, ou mesmo em alguns países do velho continente como por exemplo a Alemanha, o bidé não só é visto como totalmente dispensável, como é mesmo incompreendido em termos da sua função.
A verdade é que, na maioria dos casos, não há meio termo. Ou se adora ou se detesta. Talvez por isso valha a pena conhecermos um pouco mais sobre este objeto tão controverso.
A origem do bidé
Foi por volta do ano de 1600 que o bidé apareceu em França sob a forma de uma espécie de “bacio” que se usava dentro dos quartos de dormir. É importante relembrar que o conceito de casa de banho como o conhecemos atualmente não existia e, por isso, mesmo os equipamentos de higiene e limpeza estavam dentro dos próprios quartos.
Presentes sobretudo na vida das pessoas da corte, da nobreza e da burguesia, os primeiros bidés estavam inseridos em pequenos móveis de madeira, com pés curtos e um tampo (também em madeira ou couro), e serviam para a higiene íntima. A certa altura este objeto ficou tão popularizado que aparecia inclusivamente em retratos.
Já no século XIX, com o aparecimento da água canalizada, surgem as casas de banho separadas dos quartos de dormir. O bidé passa então a ter água canalizada e é transferido para a casa de banho.
Nessa altura, Portugal, que tinha França como referência, adotou o bidé. A inovação ganhou desde logo muitos adeptos em território nacional, assim como noutros países europeus (Itália, por exemplo). Também o Oriente recebeu bem o objeto, mas os Estados Unidos foram-lhe bastante resistentes desde início, algo que se manteve até aos dias de hoje.
Em Portugal, a esmagadora maioria das casas continua a ter este equipamento, assim como os estabelecimentos hoteleiros, mas agora com um design cada vez mais moderno e acompanhado de torneiras ergonómicas.
O bidé nos dias de hoje
Atualmente, a utilização do bidé é acima de tudo uma questão cultural. Muitas pessoas cresceram com o hábito de fazer a sua higiene íntima no bidé antes de ir dormir, outras usam-no com frequência para lavar os pés.
Mas, será que as novas gerações encaram este item da mesma forma? E será que ainda se justifica a sua presença nas casas de banho? Antes de retirar qualquer conclusão, vejamos as principais vantagens e desvantagens associadas a este equipamento.
Vantagens
Prático: Se há coisa que o bidé é, é prático! Basta ligar a torneira, temperar a água e está pronto a usar em qualquer momento do dia. Não precisa de aquecer a casa de banho pois não se vai despir na totalidade e é uma opção a considerar para a limpeza parcial do corpo.
Útil: O bidé pode ser um excelente aliado de quem tem bebés e crianças pequenas em casa, especialmente quando eles esgotam a capacidade de absorção da fralda. Se tiver este equipamento em casa, não vai precisar de estar a encher a banheira. Basta preparar o bidé com água tépida e dar um banho rápido à criança.
Económico: Ao utilizar o bidé, vai acabar por gastar menos água do que se fosse para a banheira ou para o chuveiro, pelo que acaba por ser um equipamento bastante económico desse ponto de vista. Mesmo que o queira encher até cima, a quantidade de água utilizada será menor do que no duche.
Desvantagens
Ocupa espaço: Hoje em dia as casas tendem a ser cada vez mais pequenas, assim como as suas divisões. Se estiver a pensar incluir um bidé numa casa de banho já de si apertada, pode ficar com a divisão da casa bastante preenchida, tornando-a mais pequena do que é realmente.
Limpeza “pela metade”: Ao utilizar o bidé, apenas vai garantir a limpeza de algumas partes do corpo. Se gosta de se sentir completamente “limpo(a)” antes de se deitar na cama, o ideal é que opte mesmo por um chuveiro ao invés do bidé.
Acaba por roubar mais tempo: O bidé é super eficaz para fazer a higiene íntima e também dos pés. Mas o que acontece é que tem sempre de lavar uma parte de cada vez e ainda assim não lava o corpo todo. Desta forma acaba por gastar mais tempo para terminar a tarefa do que se fosse até ao poliban e tomasse um duche rápido.
O futuro do bidé: sanitas com duche integrado?
Se utiliza o bidé após cada uso sanitário, talvez seja um dos potenciais adeptos da nova geração de sanitas. Estes equipamentos vêm com um mini duche integrado, acionado através de um comando, e proporcionam a mesma sensação de frescura e limpeza.
E se é verdade que esta tecnologia aumenta o preço da sanita, também é verdade que com isto escusa de instalar um bidé em sua casa, poupando espaço.
A resposta à pergunta “o bidé continua a ser útil ou não?” não é unânime e vai mesmo depender de si e das suas necessidades. Dar-lhe uma segunda oportunidade, descartá-lo de vez ou substituí-lo por uma sanita-bidé é uma decisão pessoal. Antes de a tomar, pondere as vantagens e desvantagens e perceba aquilo que faz mais sentido para si.