Miguel Pinto
Miguel Pinto
20 Jan, 2025 - 12:30

Bitcoin continua a bater recordes: de onde vem tal valorização?

Miguel Pinto

Dia após dia, a Bitcoin não pára de valorizar, assumindo-se como um ativo financeiro cada vez mais valioso. De onde vem esta euforia?

Bitcoin e criptoativos no IRS

A Bitcoin, a criptomoeda mais conhecida e valorizada do mundo, tem vindo a registar sucessivos recordes, consolidando-se como um dos ativos financeiros mais debatidos e intrigantes da atualidade.

Ao dia de hoje, o valor da Bitcoin já ia além dos 104 mil euros, o que faz delas um ativo muito apetecível nos mercados financeiros em geral. Aliás, há muitos investidores que estão a transferir parte substancial da sua bolsa de ativos para este tipo de unidade monetária.

Mas após ultrapassar todas estas marcas históricas, a moeda digital tem despertado tanto o interesse como preocupações sobre os riscos associados ao mercado das criptomoedas.

O que está por detrás desta valorização? E quais os perigos para quem decide investir neste tipo de ativos?

Por que razão a Bitcoin está a valorizar tanto?

A valorização da Bitcoin nos últimos anos pode ser atribuída a uma combinação de fatores económicos, tecnológicos e sociais. Desde logo pela adoção institucional que tem vindo a crescer.

Grandes instituições financeiras, como bancos e fundos de investimento, têm vindo a adotar esta criptomoeda como um ativo legítimo e empresas como a Tesla ou a MicroStrategy adquiriram grandes quantidades de Bitcoin como parte das suas reservas financeiras.

Há ainda uma série de fundos negociados em bolsa (ETF) de Bitcoin que têm sido aprovados em vários mercados, aumentando a confiança dos investidores.

A Bitcoin é também vista como um refúgio financeiro, ou seja, em tempos de alguma instabilidade económica, muitos investidores consideram-na como uma alternativa ao ouro, apelidando-a de “ouro digital”.

Neste particular também não é despiciendo o facto de a oferta da Bitcoin ser limitada, com um máximo de 21 milhões de unidades. Isto contribui para a perceção de escassez, tornando-a mais atrativa como reserva de valor.

Mais utilização e descentralização

É uma verdade incontornável que o uso da Bitcoin em transações quotidianas está a crescer. Alguns países, como El Salvador, adotaram-na como moeda oficial, enquanto várias empresas já aceitam pagamentos com esta criptomoeda. Aliás, tecnologias como a Lightning Network têm facilitado transações mais rápidas e acessíveis.

Depois, é preciso não esquecer que a Bitcoin opera numa rede descentralizada, sem controlo por parte de bancos centrais ou governos, o que a torna apelativa para aqueles que procuram alternativas ao sistema financeiro tradicional.

Riscos deste investimento

Embora a valorização da Bitcoin seja tentadora, investir neste tipo de ativo envolve riscos significativos. Conheça alguns deles, que deve ter em atenção se está a planear qualquer tipo de investimento nesta área.

1

Alta volatilidade

A Bitcoin é conhecida pela sua enorme volatilidade. Grandes variações de preço podem ocorrer em curtos períodos, levando a perdas significativas para investidores menos experientes. Exemplos históricos mostram quedas abruptas de 50% ou mais em poucos dias.

2

Falta de regulação

O mercado das criptomoedas ainda é amplamente desregulado, o que pode expor os investidores a práticas fraudulentas, esquemas de pirâmide ou manipulação de preços. A ausência de proteção legal dificulta a recuperação de fundos perdidos devido a fraudes ou ataques cibernéticos.

3

Riscos tecnológicos

As carteiras digitais onde a Bitcoin é armazenada podem ser alvo de hackers, colocando em risco os fundos dos investidores. Erros humanos, como a perda de chaves privadas, podem levar à perda irreversível de criptomoedas.

4

Incerteza regulamentar

Vários governos têm adotado uma postura crítica em relação às criptomoedas, com alguns a banirem a sua utilização ou a imporem regulações severas. Ou seja, alterações nas políticas fiscais ou regulamentares podem impactar negativamente o valor.

5

Ausência de valor intrínseco

Ao contrário de ações ou imóveis, a Bitcoin não gera fluxo de caixa ou rendimentos. O seu valor depende exclusivamente da perceção de mercado, o que pode torná-la vulnerável a mudanças abruptas de sentimento.

6

Impacto ambiental

O processo de mineração de Bitcoin consome grandes quantidades de energia, gerando preocupações sobre o impacto ambiental. Este fator pode afetar negativamente a sua adoção e valorização no futuro.

Mas, apesar dos riscos, a Bitcoin continua a atrair investidores e a consolidar o seu lugar como um ativo relevante no cenário financeiro global.

A adoção institucional e a evolução tecnológica podem impulsionar ainda mais o seu valor, mas a volatilidade e os desafios regulamentares permanecem.

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