Share the post "Bloqueio do diferencial: um ‘truque’ para ir a todo o lado"
Todos sabemos que existem vários componentes que constituem um carro, tais como: o motor, os travões ou a transmissão… Mas o “esqueleto” do nosso automóvel vai bem além disto, e na verdade, aquilo que faz mover as rodas é mesmo o diferencial.
Mas, se o que faz mover as rodas é o diferencial, o bloqueio do diferencial faz com que estas fiquem bloqueadas? A resposta não é tão óbvia assim, e exige uma explicação bem mais completa sobre como funciona este sistema.
Este é na verdade um componente mecânico essencial para a segurança e dinâmica do automóvel, sobretudo naqueles mais habilitados para trilhos fora de estrada.
Saiba então o que é o bloqueio do diferencial, para que serve e quando o deve usar.
O que é o diferencial?
O diferencial é um elemento mecânico, criado por Onesiforo Pecqueur em 1827, que compensa as diferentes distâncias que cada roda do mesmo eixo percorrem quando curvamos.
O objetivo deste sistema é garantir que o carro tem uma boa dinâmica e seguranças nas curvas, bem como conservar o seu estado mecânico. Parece complicado, mas não é.
Como funciona o diferencial
Quando fazemos uma curva para a direita, por exemplo, as rodas do lado direito vão percorrer uma distância menor que as rodas do lado esquerdo, assim o ditam as leias da física.
O diferencial serve para compensar estas diferenças através de um sistema de engrenagens (cónicas, planetárias e satélites, roda de coroa e pinhão de ataque).
Se o diferencial não atuasse, a roda que percorre a distância menor, neste exemplo a direita, iria começar a patinar porque iria rodar tantas vezes como a roda esquerda.
Este acontecimento iria gerar instabilidade e insegurança nos momentos em que o carro curva. Quando na realidade, a roda não precisa de rodar tantas vezes porque a distância que percorre é inferior.
Caso não existisse o diferencial, o que muito certamente iria acontecer em curvas era a quebra/danificação de componentes do carro.
E o que é então o bloqueio do diferencial?
Como vimos, o diferencial é fundamental para o correto funcionamento do carro e para garantir a segurança, em especial, nas curvas. No entanto, há situações em que o funcionamento do diferencial é prejudicial ao condutor, sobretudo para os amantes do todo-o-terreno.
Imagine que está a conduzir um todo-o-terreno no monte e, por acaso, uma das rodas do carro fica no ar. O que é que vai acontecer?
O veículo vai ficar imóvel porque ele vai perder a tração na roda que ficar suspensa. A roda que fica suspensa é a única que roda. Como esta roda não está em contato com o chão, o carro vai acabar por ficar imóvel.
O bloqueio do diferencial serve para anular este efeito, criado pelo próprio diferencial.
No fundo, o bloqueio do diferencial vai fazer com que as duas rodas continuem a rodar, mesmo uma delas tendo tração porque está em contacto com o chão e a outra não porque se encontra suspensa.
Resumidamente, o bloqueio do diferencial, que equipa alguns os todo-o-terreno com tração integral, provoca um efeito de tranca no diferencial, fazendo com que o eixo funcione como um eixo rígido.
Com este efeito, as rodas esquerda e direita passam a ter velocidades exatamente iguais. Assim, ao fazer girar as duas rodas, em simultâneo e com velocidades iguais, o veículo vai acabar por se deslocar.
Quando usar o bloqueio do diferencial?
O bloqueio de diferencial deve ser utilizado em situações de:
- Lama
- Neve
- Grandes areais
- Quando uma roda está suspensa no ar
Lembre-se que este sistema só deve ser ativado quando perde a tração de uma das rodas, o que significa que o carro, à partida, está imóvel.
Sempre que o bloqueio de diferencial estiver ligado, deve conduzir em linha reta e nunca virar para nenhum dos lados, sob risco de comprometer a sua segurança e danificar os componentes do carro, nomeadamente a transmissão.
Os carros “normais” também têm bloqueio do diferencial?
A grande generalidade dos carros compactos não estão equipados com bloqueio de diferencial.
Porém, alguns automóveis, sobretudo os desportivos de alta performance, estão equipados com diferencial autoblocante, e o seu funcionamento é garantido por um sistema diferente.
O diferencial autoblocante assenta em princípios mecânicos distintos do bloqueio do diferencial. O funcionamento deste sistema pressupõe uma componente eletrónica.
Geralmente, trabalha através de sensores que detetam quando uma roda perde aderência, ou seja, quando esta começa a rodar mais depressa do que devia.
Quando os sensores detetam esta rotação desnecessária, o sistema autoblocante é responsável por equilibrar as rotações entre as diferentes rodas.
Este sistema transfere eletronicamente mais binário para a roda com mais tração naquele momento, ou aplica uma força de travagem na roda mais solta, obrigando o diferencial a enviar mais binário para a roda de fora da curva.
Assim, o bloqueio autoblocante eletrónico ajuda a promover a segurança nas curvas, porque procura fornecer o equilíbrio necessário entre as diferentes rodas, tornando o carro eficaz e eficientes nestes momentos.