Miguel Pinto
Miguel Pinto
02 Dez, 2024 - 16:00

Bluesky: a rede social que está a acolher os refugiados do X

Miguel Pinto

Depois das eleições americanas, registou-se um surto de saídas do X (antigo Twitter) para a rede Bluesky. Conheça as principais razões.

Símbolo da Bluesky

A Bluesky, uma plataforma de rede social emergente, está a registar um crescimento significativo, tornando-se uma alternativa popular para muitos utilizadores que, descontentes com as mudanças na rede X (antigo Twitter), procuram uma nova experiência de interação online.

Criada com o objetivo de oferecer um espaço descentralizado e focado na liberdade de expressão, tem vindo a ganhar tração num momento em que o X enfrenta críticas por alterações estruturais e políticas controversas implementadas sob a liderança de Elon Musk.

A Bluesky nasceu em 2019 como um projeto financiado pelo próprio Twitter, com o objetivo de criar uma rede social descentralizada. A ideia era desenvolver um protocolo aberto, permitindo que diferentes plataformas se conectassem entre si, mas com uma maior autonomia para os utilizadores e desenvolvedores.

No entanto, com as mudanças estratégicas no Twitter após a aquisição por Elon Musk, a Bluesky separou-se da empresa-mãe e tornou-se uma entidade independente, liderada por Jack Dorsey, cofundador e ex-CEO do Twitter.

Hoje, é mais do que apenas uma rede social: é uma plataforma que procura revolucionar a forma como interagimos online, promovendo transparência, controlo e liberdade.

Razões da migração para a Bluesky

O crescimento da Bluesky está intimamente ligado às recentes mudanças no X, que alienaram muitos dos seus utilizadores de longa data.

Entre os fatores que têm levado à migração, destacam-se as alterações no modelo de negócio do X, ou seja, a introdução de uma assinatura paga, o X Premium (antigo Twitter Blue), para funcionalidades básicas como o visto azul ou acesso a métricas avançadas, desagradou a muitos utilizadores.

Outras razões prendem-se com redução da moderação (muitos utilizadores têm criticado a falta de moderação adequada no X, o que levou a um aumento de discursos de ódio, desinformação e conteúdos tóxicos) ou o foco em publicidade e algoritmos, privilegiando conteúdos pagos e patrocinados, o que reduz a visibilidade de posts orgânicos.

Finlamente, há também uma busca por mais autonomia.  A Bluesky oferece aos utilizadores maior controlo sobre os seus dados e a experiência na plataforma, sendo construída com base num protocolo descentralizado chamado AT Protocol (Authenticated Transfer Protocol). Este modelo permite que os utilizadores mantenham o controlo sobre os seus perfis, independentemente da plataforma onde escolham interagir.

Crescimento rápido

A verdade é que, nos últimos tempos, a Bluesky tem registado um aumento significativo de utilizadores, impulsionado por recomendações boca-a-boca e pela insatisfação crescente com o X.

Muitas figuras públicas, jornalistas, criadores de conteúdo e até marcas começaram a migrar para a esta plataforma, procurando uma alternativa mais alinhada com os seus valores.

Embora ainda seja uma rede em desenvolvimento, a Bluesky tem aproveitado este momento de descontentamento para se posicionar como uma alternativa viável. De acordo com os dados mais recentes, o número de utilizadores ativos mais do que duplicou em poucos meses.

Desafios e oportunidades

Apesar do crescimento, a Bluesky enfrenta desafios significativos. A sua capacidade de escalar de forma sustentável, mantendo os princípios de descentralização e liberdade, será crucial para o seu sucesso. Além disso, terá de competir não só com o X, mas também com outras redes emergentes, como o Mastodon e o Threads, da Meta.

Mas o momento é propício. O interesse crescente em plataformas que oferecem maior controlo e transparência aos utilizadores reflete uma mudança no comportamento do consumidor digital.

Se a Bluesky conseguir manter a sua identidade única e responder às necessidades dos seus utilizadores, poderá consolidar-se como uma das principais redes sociais nos próximos anos.

Veja também