Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
27 Ago, 2018 - 15:25

Boca do Inferno: da história à lenda do ponto de visita mais famoso de Cascais

Mónica Carvalho

Um dos pontos de visita mais famosos de Cascais é a Boca do Inferno. Um local único pela formação das rochas, que impõe muito respeito e algum cuidado.

Boca do Inferno: da história à lenda do ponto de visita mais famoso de Cascais

Uma formação invulgar de rochas carbonatadas em pleno oceano, em Cascais, deu origem ao que hoje chamamos de Boca do Inferno. Calcula-se que, em tempos, este local funcionasse como uma gruta que com o passar do tempo e pela força do mar, acabou por ceder e dar origem ao cenário como é conhecido hoje. Além disso, o abatimento da camada superior transformou a gruta numa cavidade a céu aberto, com uma espécie de arco por onde entra a água do mar.

Em dias de mar mais forte, e como que fazendo justiça ao nome, bem que se pode ouvir o som da água a golpear as rochas, de forma intensa e violenta, como se mar e terra lutassem, permanentemente, num duelo sem fim, dando a este local a mística do ser português e valor da conquista marítima: de grande beleza e muitos sucessos sim, mas à custa de tanto sangue derramado…

Por vezes, a espuma que se levanta nestes embates é de tal forma violenta que pode chegar ao nível da estrada. Este importante testemunho geológico da erosão cársica merece uma visita, seja até ao topo pelas ribanceiras, seja pelo mar. Em ambos os locais é possível apreciar toda a costa rochosa impressionante. É mesmo um local de beleza incomparável, onde, além da imponência do local, pode observar incríveis momentos de pôr-do-Sol.

Praia do Guincho: bem perto da Boca do Inferno

praia do guincho


As ondas e o vento são perfeitos para os amantes de determinados desportos aquáticos, como surf, bodyboard e kitesurf. E na Praia do Guincho as condições são mais que favoráveis. Pode também optar por relaxar nos 800 metros de areal que convidam a estender a toalha.

A praia encontra-se encravada entre dois picos rochosos, a Ponta Alta e a Ponta do Abano, em pleno Parque Natural de Sintra-Cascais, o que lhe confere características únicas, como o vento que ali se faz sentir e a beleza natural que lhe confere. Motivos mais que suficientes para ser bastante procurada pelos turistas, mas também por diversos atletas que por lá encontram as melhores condições para a prática de vários desportos aquáticos.

Boca do Inferno: cenário de filme

boca do inferno

O local cativa pelo seu aspeto rústico e forte, que não deixa ninguém indiferente, de tal forma que por lá já passaram grandes nomes do cinema. O local foi o cenário do primeiro filme português ao estilo “lumiére”, chamado “A Boca do Inferno”, de 1896 e foi projetado pelo inglês Henry W. Short.

O local foi ganhando importância, até porque era frequentado pela aristrocia europeia que, fugindo da turbulência política na Europa, as guerras e as perseguições, fizeram de Cascais um concelho cheio de reis sem coroa. Atrás deles vieram também muitos espiões e agentes secretos, o que inspirou a realização, em 1969. de “James Bond – Ao serviço de Sua Majestade”. Walt Disney, Jean Renoi, René Clair, Zsa Zsa Gabor, Leslie Howard e Orson Welles são outros nomes importantes da sétima arte que por lá passaram e se deslumbraram com o local.

Tudo sobre a lenda da Boca do Inferno

boca do inferno

Na Boca do Inferno conta-se a história de um amor impossível entre um cavaleiro e uma bela jovem, e a vingança de um feiticeiro ciumento. Vamos por partes: em Cascais vivia um poderoso feiticeiro, habituado a ter tudo e que um dia decidiu casar com a rapariga mais bonita da região. Mandou-a buscar e, claro que este era um desejo não correspondido, até porque o feiticeiro não primava, nem pela beleza, nem pelo bom feitio ou simpatia.

Obcecado pela beleza da jovem e irritado por não ser correspondido, o homem fechou-a numa torre inacessível, perto do mar e contratou um fiel cavaleiro para a guardar. Isolados um do outro e de todos, a jovem e o guardião por lá ficaram, tendo apenas como o outro como companhia. Inevitavelmente, acabaram por se apaixonar e combinaram tentar uma fuga, daquela prisão em que ambos se encontravam: a dela, física e a dele, emocional. Assim, fugiram num cavalo branco do feiticeiro e galoparam seguindo os rochedos da costa, numa bela noite de luar. Porém, quando descobriu, o feiticeiro ficou enraivecido, de tal forma que os rochedos se abriram e engoliram o cavalo, o cavaleiro e a jovem, despenhando-os no mar irascível.

Os rochedos nunca mais se fecharam e em dias de tempestade parece que o próprio local se lamenta da tragédia que ali se viveu. Visite a Boca do Inferno e deixe-se levar pela história do local.

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