O termo é recente e caracteriza os jovens entre os 20 e os 30 anos que depois de saírem de casa dos pais (para estudar fora, por exemplo), voltam a lá viver por não terem dinheiro suficiente para se sustentarem. A Geração Boomerang não pára de crescer e é mesmo um fenómeno global, cujo fim parece estar muito longe.
Geração Boomerang não consegue sustentar-se
São muitos os jovens que saem de casa dos pais para estudarem em Universidades de outras cidades, no país ou no estrangeiro. Na maior parte das vezes, arrendam apartamentos em conjunto com outros amigos ou colegas que conheceram no percurso de estudos.
Se com duas ou mais pessoas já é difícil manter a renda de uma casa e todas as despesas que daí acrescem, a situação torna-se praticamente impossível para aqueles que acabam por viver sozinhos. E é precisamente aí que nasceu o conceito da Geração Boomerang.
Não é difícil perceber o porquê desse nome. Se pensarmos num boomerang, sabemos que, depois de lançado, ele acaba por voltar ao sítio de onde partiu. E o mesmo acontece com os jovens, cada vez mais. São muitos aqueles que, depois de partilharem casa com uma ou mais pessoas, se vêem sozinhos porque esses, por algum motivo, mudaram de casa. Sustentarem as despesas sozinhos é praticamente impossível e, por isso, voltam para casa dos pais.
Jovens que trabalham também têm dificuldades
Este é um fenómeno que não afeta apenas os estudantes, mas também aqueles que já trabalham. A maior parte dos trabalhos não são tão bem pagos quanto se gostaria e o preço das rendas é cada vez mais elevado. E, se já é difícil arrendar um apartamento ou uma casa, comprar um imóvel é mesmo impossível.
Ainda que em Portugal existam apoios ao arrendamento, acabam por ser insuficientes face ao aumento galopante dos valores pedidos pelos senhorios. Manter um espaço do género em grandes centros urbanos, como é o caso do Porto ou de Lisboa, facilmente ultrapassa o salário mínimo nacional (600€). E falamos de imóveis que, na maior parte das vezes, só têm um quarto.
Custo de vida está cada vez mais alto
De acordo com um relatório do Office for National Statistics, que conduziu um estudo baseado na Geração Boomerang no Reino Unido, concluiu-se que, em 1997, a idade média para os jovens saírem de casa era os 21 anos. Em 2019, a média aumentou para os 23.
O mesmo estudo indica que as pessoas que mantêm uma relação e que têm entre 18 e 34 anos de idade, não estão a ter filhos. Comparando com o ano de 1997, 29% dos casais da mesma idade já tinham começado a constituir família, enquanto que em 2019 a percentagem desceu para os 22%.
O principal motivo apontado pelos inquiridos é a subida do preço dos arrendamentos e vendas de casas. Em 1997, os jovens de 26 anos já estariam a comprar a sua primeira casa. Agora, esse número aumentou para os 34, sendo que, ainda assim, são muito poucos aqueles que o conseguem fazer.
Relacionamentos não influenciam
Estando ou não numa relação, os jovens optam por voltar para casa dos pais por não conseguirem sustentar-se. É verdade que aqueles que partilham a renda com o(a) companheiro(a), ou até mesmo com um amigo, vêem a situação mais facilitada, mas nem por isso mais “simpática”.
Vendo-se sozinhos, então a situação passa de quase impossível a totalmente insustentável, levando os jovens a voltar para casa dos pais e a causar o tal efeito boomerang.
Fruto desse fenómeno, são muitos aqueles que se sentem confortáveis em casa dos progenitores, mas também há os que aproveitam a situação para poupar o máximo de dinheiro possível para, num futuro próximo, conseguirem a sua própria independência.
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