A relação entre Síndrome de Burnout e teletrabalho é uma realidade cada vez mais evidente.
A situação agravou-se com a pandemia da COVID-19 e é um alerta para levar muito a sério, já que, ao longo dos últimos anos, muitos foram os profissionais a manifestar sintomas de exaustão e, consequentemente, uma quebra significativa de produtividade.
Se é um deles, saiba que deve, antes de mais, estabelecer limites e que apesar de não sair deve marcar uma linha firme entre trabalho e descanso.
Explicamos-lhe o essencial sobre burnout e teletrabalho e deixamos-lhe algumas dicas para conseguir gerir melhor esta condição laboral, de modo a manter o equilíbrio e, sobretudo, a saúde.
Tudo sobre burnout e teletrabalho
A Síndrome de Burnout (ou, simplesmente, Burnout) pode surgir como resposta a uma exposição prolongada ao stress laboral.
A definição do conceito tem vindo a sofrer transformações, sendo, no entanto, consensual que é uma resposta prolongada a fatores de stress físicos e emocionais crónicos que culminam em exaustão e sentimentos de ineficácia.
Apesar de poder ser desencadeada em qualquer tipo de atividade profissional, verifica-se uma maior predisposição para esta síndrome em profissionais cuja atividade implique o contacto diário com pessoas, nomeadamente profissionais de saúde, professores, serviço social, entre outros, dada a elevada responsabilidade e exigência profissional, assim como o maior envolvimento emocional.
Porém, a súbita transição para o teletrabalho formaram um conjunto de fatores geradores de stress sem precedentes sobre trabalhadores das mais variadas áreas profissionais.
Síndrome de Burnout e teletrabalho passaram a estar, assim, diretamente ligados.
Teletrabalho e a incapacidade de “desligar”
Trabalhar a partir de casa dificulta a separação entre a vida profissional e a vida pessoal. O horário prolonga-se, os dias confundem-se com as noites, a semana com o fim de semana e nem se apercebe de que está permanentemente ligado.
Ora para “mostrar trabalho”, ora para “parecer bem”, ora porque sim, não recusa nenhum pedido, nem deixa um email sem resposta, seja a que horas for.
O descanso é remetido para segundo plano e desgaste vai-se acumulando até à exaustão. Assim, a Síndrome de Burnout e teletrabalho rapidamente estabelecem uma relação (perigosa).
Grupos de risco
Muitos permanecem no mesmo regime, nomeadamente por integrarem grupos de risco a quem não é aconselhável a atividade presencial.
No que toca à relação entre síndrome de burnout e teletrabalho, podem considerar-se de risco as pessoas que, tendencialmente, têm especial dificuldade em trabalhar em casa.
Essa dificuldade prende-se, nomeadamente, com o a necessidade de participar ou realizar tarefas domésticas, cuidar dos filhos e orientá-los na escola, ou cuidar dos pais ou outros familiares. Um cenário que se aplica, especialmente, às mulheres.
Este acumular de tarefas e responsabilidades reunidas no mesmo espaço traduzem-se num maior (e mais rápido) cansaço e incapacidade de cumprir eficazmente cada um dos propósitos, conduzindo ao esgotamento, ou Burnout.
Burnout: sintomas e estratégias para a evitar
“Não aguento mais!” ou “Atingi o meu limite!” podem ser os desabafos de quem sofre da chamada Síndrome de Burnout. Confira os sinais de alarme mais comuns:
- Sensação de cansaço constante
- Alterações de apetite
- Desmotivação e apatia
- Alterações no sono
- Fragilidade do sistema imunitário
- Dores de cabeça, lombares e musculares
- Sentimento de fracasso
- Isolamento social
- Baixa produtividade
Se identificou alguns (ou muitos) sinais, então está na altura de tomar uma atitude. Saiba que através da linha do Sistema Nacional de Saúde (SNS 24: 808 24 24 24) pode pedir apoio psicológico gratuito, a qualquer hora e em qualquer dia. Esta pode ser uma ajuda crucial.
Poderá, ainda, recorrer ao seu médico de família, marcando uma consulta na plataforma online do SNS.
Se sente que uma mudança de hábitos pode, por si só, melhorar a sua situação, então deve corrigir alguns dos factores desencadeadores do mal-estar. Afinal, não adianta tratar os sintomas se as condições de stress se mantiverem.
Dicas
Para evitar o risco de esgotamento ou Burnout em teletrabalho, a “Harvard Business Review”, apresenta três recomendações:
Manter as rotinas
Estabeleça limites enquanto trabalha a distância. A curto prazo, o facto de não ter de levantar-se cedo para apanhar transportes públicos ou poder andar todo o dia de pijama podem ser mudanças bem-vindas, mas não faça delas um hábito.
Vista-se, pelo menos, um dia por semana, como se fosse para o escritório, e substitua as suas deslocações para o trabalho por um passeio a pé pelo parque, por exemplo.
Cumprir os horários tanto quanto possível
É fundamental para o bem-estar e o empenho no trabalho. No entanto, depende da capacidade de coordenar o tempo de uns com os outros.
Isto exige que os líderes ajudem os funcionários a estruturar, coordenar e gerir o ritmo de trabalho, o que pode implicar a realização regular de reuniões virtuais para manter uma sensação de normalidade.
Focar-se no mais importante
Este não é o momento para acumular mais trabalho. Deve dedicar a sua energia a questões prioritários, ou seja, fazer o que realmente importa e não se dispersar ou acrescentar mais tarefas. Dados da “Harvard Business Review” mostram que o trabalhador só é realmente produtivo três horas por dia.
A par destas recomendações, é muito importante que implemente as seguintes práticas diárias:
- Exercício físico;
- Meditação;
- Alongamentos;
- Pausas;
- Dormir;
- Ter tempo para si, para a família e para fazer o que gosta.
Coisas simples que podem fazer uma enorme diferença. O síndrome de Burnout e teletrabalho não têm de estar ligadas. Isso depende de si.