O Cabo de São Vicente era a última casa que os marinheiros portugueses viam assim que se lançavam no desconhecido. É, sem dúvida, um lugar espetacular próximo de Sagres.
Quando o sol se despede do dia, quase que o podemos ouvir a tocar no mar, como se cumprimentasse um velho amigo. No topo, encontra um farol vermelho antigo, que abriga o pequeno, mas excelente e bem dotado Museu dos Faróis, que bem demonstra o papel de Sagres na história marítima de Portugal e da importância que os descobrimentos tiveram para o país e também para o mundo.
O local assume uma importância estratégica significativa, devido às condições climáticas influenciadas pelo Atlântico e Mediterrâneo, com uma grande variedade de solos, características regionais particulares que levaram à existência de flora exuberantes, com uma abundância de espécies nativas.
A história do Cabo de São Vicente
Há quem diga que o Cabo se São Vicente é o irmão gémeo do Cabo de Sagres. Verdade ou não, aconselhamo-lo a visitar ambos para tirar as suas próprias conclusões.
Este local foi assim nomeado devido a homenagem feita a São Vicente, um Santo Padroeiro de Lisboa e a figura que, dizem, hoje encontramos deitada escondida na barca do brasão alfacinha. O Cabo de São Vicente está intimamente ligado ao Portugal místico, bem como ao Portugal dos mares, já que foi desta ponta a Sul da Europa, reza a lenda, que o corpo do santo partiu, protegido por dois corvos, que é uma das aves mais simbólicas e que representam o conhecimento por conseguirem ver no escuro.
Posicionado a cerca de 70 metros de altura e enfrentando sempre uma poderosa corrente marinha, onde o céu e o mar se juntam no horizonte, o Cabo de São Vicente oferece um convite tentador para a contemplação. Está localizado em território sagrado da pré-história, comprovados pela existência de um grande número de menires, tendo, inclusivamente, sido um lugar reverenciado já no tempo dos fenícios e conhecido pelos romanos como “Promontorium Sacrum”.
Sobre o Farol do Cabo de São Vicente
Inserido no Parque Natural da Costa Vicentina, o Cabo de São Vicente tem uma aparência bastante dramática, dado que parece debruçar-se de forma quase suicida sobre a ponta do promontório, parecendo que está a uma questão de minutos de se desmoronar no Atlântico. A sua construção iniciou-se em 1515 no convento de São Vicente, quando se decidiu fazer uma torre, na qual se acendeu uma luz, mantida pelos religiosos que ali viviam, para servir de guia aos navegantes.
Desde logo se percebeu a importância do local. porém, em 1587, o corsário Francis Drake tomou o convento de assalto e a torre, destruída, só foi novamente restaurada em 1606 por D. Filipe II. Foram anos de escuridão que nem mesmo com a reconstrução viram a luz do dia, já apenas em 1846 ficou definitivamente pronto, por ordem de D. Maria II.
Nessa altura ficou pronto o edifício que hoje conhecemos: um aparelho iluminante composto por dezasseis candeeiros de Argand com refletores parabólicos, funcionando a azeite, cuja rotação era feita através de um mecanismo de relojoaria. Após anos de abandono, em 1908 a torre foi alteada em mais 5,70 metros, tendo sido modernizado com uma ótica hiper-radiante, sendo, ainda nos dias de hoje, a maior que existe nos faróis portugueses e uma das poucas existentes no mundo.
Até à atualidade, o farol de São Vicente continuou a ser modernizado:
- 1914: instalação de um sinal de nevoeiro;
- 1926: eletrificação do farol com a montagem de grupos eletrogéneos;
- 1947 é dotado de painéis aeromarítimos;
- 1948: ligação à rede elétrica de distribuição pública;
- 1949: instalação de um rádio farol, que acabou por ser desativado em 2001 por já não ter qualquer interesse para a navegação;
- 1982: colocação de diversos automatismos, tornando o farol possível de ser controlado à distância.
Se estiver pela região, descubra este lugar encantador e deixe-se absorver pela sensação plena de contacto com a natureza.
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