Por que é que os cães abanam a cauda é uma pergunta que ainda não tem uma resposta que possamos considerar inequivocamente certa.
Temos a experiência que nos dá fortes indícios do porquê deste comportamento e temos também o conhecimento científico sobre o que pode estar na base desses movimentos. Mas, enquanto não conseguirmos falar a “língua canídea” não podemos comprovar a 100% as nossas ideias.
Mas de uma coisa temos a certeza definitiva. Abanar a cauda é uma parte física e emocional importante na vida e na personalidade de um cão, por isso conheça as interpretações genericamente aceites pelos especialistas para explicar esses movimentos.
Por que é que os cães abanam a cauda?
As caudas existem para dar equilíbrio e espalhar cheiros
Nos animais que têm cauda existem funções físicas bem especificas que justificam a sua existência. Servem para manter o equilíbrio quando andam, quando saltam e quando correm, altura em que se revelam essenciais para não reduzir a velocidade nas curvas.
Servem também para enxotar insectos, uma vez que muitos não possuem as nossas mãos hábeis, e para identificar um membro da família ou espécie no meio de vegetação densa.
Outra das funções mais comum é servirem para espalhar mais alto e mais longe o cheiro das fezes e urina do seu dono.
Nos cães acredita-se que manter o equilíbrio e espalhar o cheiro sejam duas das funções mais importantes que justificam a existência de cauda nesta espécie. Os diferentes tipos de cauda que existem atualmente, resultam da criação de raças pelo homem.
Essa variedade é fruto de uma seleção artificial praticada através do cruzamento de indivíduos com características físicas que o homem mais apreciava e queria perpetuar de pais para filhos.
Isso criou diferentes heranças genéticas que se traduzem atualmente em raças com os mais variados tamanhos, feitios e cores.
As caudas existem para comunicar
Sabemos que os cães abanam a cauda entre a terceira e sexta semana de vida, dependendo da sua raça. Fazem-no entre si, perante outros animais e não é um comportamento exclusivo dos cães domesticados. Os lobos também o fazem.
Mas será que o fazem deliberadamente para comunicar alguma coisa, ou é um instinto automático provocado por situações e estados emocionais?
Alguns estudos indicaram que os cães mais descontraídos abanavam as caudas mais para o lado direito do corpo, e que os cães mais nervosos o faziam para a esquerda.
Como resultado, os investigadores reparavam que os cães ficavam mais relaxados na presença de outros cães que abanam a cauda para a direita e não para a esquerda.
Comportamento social
Sabemos que há comunicação aqui, mas é difícil de perceber se é ou não intencional. No entanto os investigadores têm uma certeza. A resposta à pergunta “por que é que os cães abanam a cauda?” encontra-se intimamente ligada ao seu comportamento social. Isto porque não abanam a cauda quando estão sozinhos.
Fazem-no apenas em presença de outros animais, quando antecipam a sua chegada ou quando há um estímulo exterior.
O que significam os movimentos e posições da cauda?
Cauda relaxada e caída
Quando a cauda cai até ao chão sem estar entre as pernas, quer dizer que o cão está descontraído. É a sua posição natural. Mas lembre-se que, nas raças em que a cauda encaracola para cima, essa é a sua posição natural.
Cauda levantada e sem abanar
Quanto mais alta e estática estiver a cauda, mais dominante é o seu dono face à matilha, de cães ou de pessoas, onde está inserido. Pode indicar alguma agressividade para um contacto naquele momento. Convém que deixar que relaxe a cauda antes de interagir com ele.
Cauda levantada e a abanar
Se for um abanão amplo e calmo isso quer dizer que o cão está feliz. Quando mais rápido e rígido for esse abanar, maior será o seu estado de felicidade, mas também de excitação.
Lembre-se que um cão extremamente excitado pode ter atitudes mais imprevisíveis.
Causa em posição horizontal e a abanar devagar
Este é um sinal de que o cão está curioso com qualquer coisa. Um cheiro novo, um objecto diferente do habitual ou uma pessoa que nunca viu.
Ele está a tentar cheirar e perceber o que é e pode sentir-se mais inseguro. Cuidado para não o assustar e provocar um comportamento inesperado.
Cauda caída e entre as pernas
É um cão que está com medo, sente-se muito inseguro e que mostra a sua submissão face a outros cães ou pessoas.
Este cão deverá ser tranquilizado, na medida do possível, sem movimentos bruscos nem sons súbitos que o possam assustar ainda mais.
Movimentos das orelhas: não amputar é importante
Os cães abanam a cauda para transmitir determinadas mensagens, mas as orelhas também são importantes neste processo de comunicação.
Desde 2001 que em Portugal é proibida a sua amputação a não ser por razões veterinárias que permitam melhorar o estado de saúde do animal. Se isso acontecer, os seus donos terão de possuir um documento que o comprove para apresentar quando lhe é pedido em ato de fiscalização ou controle veterinário.
A amputação começou a ser praticada quando o homem considerava o cão apenas um animal de trabalho que, por exemplo, o ajudava na caça. Sendo a cauda e as orelhas zonas muito irrigadas, estas poderiam facilmente sangrar e sofrer ferimentos nos confrontos entre o cão, o seu adversário e o meio ambiente.
Prática repudiada
Com o passar dos anos alguns criadores continuaram a praticar esta amputação por razões estéticas, situação que começou a ser repudiada depois da Convenção Europeia para a Proteção dos Animais Domésticos ter, em 1987, proibido os donos de infringir dor ou angústia desnecessários aos seus cães.
Só vários anos mais tarde Portugal aderiu em pleno às recomendações desta convenção, ainda que alguns criadores continuem a praticá-la. Tenha em atenção esse pormenor quando quiser ter um cão como animal de estimação.
Não deixe de adoptar um animal abandonado que sofreu essa amputação, mas não compre e denuncie situações em que essa amputação é feita sem aparente justificação.
Contribua para que o nosso maior amigo mantenha intacta a capacidade de comunicação e de movimento com que nasceu. E lembre-se que os cães abanam a cauda porque lhe querem dizer algo. E as orelhas também.