Filomena Morais
Filomena Morais
30 Mai, 2016 - 07:25

Canábis com efeitos positivos na doença de Alzheimer

Filomena Morais

Segundo um estudo feito em ratos de laboratório, a canábis poderá melhorar o consumo de energia pelo cérebro, deficitário na doença de Alzheimer.

Canábis com efeitos positivos na doença de Alzheimer

Os autores desta investigação internacional procuram separar os efeitos positivos dos negativos desta substância no cérebro. O estudo, liderado por investigadores dos Centros de Neurociência e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, contribuiu para a Investigação Biomédica em Doenças Neurodegenerativas de Espanha (Instituto Cajal). Os resultados demonstram que alguns ingredientes da marijuana podem ajudar a combater a degeneração dos neurónios provocada pelo Alzheimer.


O papel da canábis nas terapias paliativas do alzheimer

O principal ingrediente psicoativo da marijuana (tetrahidrocanabinol – THC) atua sobre dois recetores localizados no cérebro que se caracterizam por atuarem como polícias maus e polícias bons. “Os recetores CB1 estão associados à morte neuronal, distúrbios mentais e vício em diferentes drogas ou álcool”. Por outro lado, os CB2 “anulam muitas das ações negativas dos CB1, protegendo os neurónios, promovendo o consumo de glucose (energia) pelo cérebro e diminuindo a dependência de drogas”, avança a Universidade de Coimbra (UC).

Na nota divulgada pela UC, ficámos a saber que através de diversas técnicas laboratoriais se descobriu que os recetores CB2, ao serem estimulados por substâncias similares ao THC, evitam os efeitos psicotrópicos e mantêm os efeitos benéficos, promovendo o aumento de captação de glucose no cérebro.

Outras experiências mostraram ainda que o efeito dos recetores CB2 não se limita apenas aos neurónios, mas alarga-se a outras células cerebrais que ajudam no seu funcionamento – os astrócitos. Esta descoberta abre portas para uma nova forma de encarar as terapias paliativas na doença de Alzheimer.

Este estudo foi financiado pelo Prémio Belard Santa Casa da Misericórdia e por um programa norte-americano para o desenvolvimento de tecnologias emergentes. A investigação contou ainda com fundos da União Europeia, através do Programa Operacional Fatores de Competitividade, via Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

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