O cancro do colo do útero consiste numa lesão invasiva do útero, geralmente provocada por um vírus denominado HPV – Vírus do papiloma humano. Este vírus manifesta-se geralmente através de verrugas na mucosa da vagina.
Os números desta doença são ainda impressionantes e cerca de 40% de todos os casos de cancro do colo do útero são diagnosticados em mulheres com idades entre os 35 e os 54 anos. No entanto, o que é curioso é que apesar do diagnóstico ser feito nessa altura, percebeu-se que a maioria das mulheres contrai o HPV na adolescência ou início da idade adulta.
Isto acontece porque esta doença é geralmente assintomática e é bastante demorada a “instalar-se”, podendo demorar até 10 ou 20 anos até se desenvolver totalmente. Portugal é o país da Europa Ocidental com a taxa de incidência mais elevada deste tipo de cancro.
8 causas do cancro do colo do útero
Existem alguns fatores, externos e internos à mulher, que podem aumentar a probabilidade de contrair esta doença.
1. Vírus do papiloma humano (HPV)
A infeção persistente por um dos 15 tipos de HPV de alto risco é a principal causa da maior parte dos casos de cancro do colo do útero. A infeção transmite-se pelo contacto sexual e é extremamete comum em mulheres jovens na primeira década de atividade sexual.
Pode não ser muito conhecido este facto, mas a grande maioria dos adultos já foi infectado com o HPV em algum momento da sua vida. No entanto, o que acontece é que apenas 10% destas infeções se convertem em lesões pré-cancerígenas, fazendo com que o cancro do colo do útero surja numa minoria das mulheres que têm lesões pré-cancerígenas.
Além disso, o risco de progressão destas lesões para cancro é superior em mulheres com mais de 30 anos.
2. Não realizar rastreios
É essencial a realização de rastreios periódicos. Ao rastrear, caso seja detetada alguma inconformidade, rapidamente se atua, pois os exames possibilitam a deteção de células pré-cancerígenas. A deteção precoce das lesões pré-cancerígenas permite o seu tratamento atempado com taxas de cura que praticamente atingem os 100%.
3. Sistema imunitário enfraquecido
Mulheres infetadas com o VIH têm naturalmente o sistema de defesa do organismo em baixa, pelo que apresentam risco maior de desenvolver cancro do colo do útero.
Nestes casos, é aconselhável realizar o rastreio com ainda mais frequência.
4. Idade
As lesões pré-cancerígenas encontram-se mais frequentemente entre os 25 e os 35 anos. Já o próprio cancro em si é mais frequente a partir dos 40 anos de idade.
5. História sexual
Mulheres com muitos parceiros sexuais ao longo da vida têm um risco maior de contrair o cancro do colo do útero. Além disso, mulheres com doenças sexualmente transmissíveis (ex: clamídia ou gonorreia), aumentam também a sua probabilidade.
Também as mulheres que tenham tido contacto sexual com homens que, por sua vez, tenham tido várias parceiras sexuais, apresentam um grande risco de desenvolvimento da doença pois o risco de infeção por HPV é bastante elevado.
6. Fumar
Mulheres fumadoras com infeção por HPV têm um risco acrescido de desenvolver cancro do colo do útero.
7. Toma da pílula durante longos períodos de tempo
Tomar a pílula durante longos períodos de tempo – de cinco anos para cima – pode aumentar o risco de desenvolver cancro do colo do útero, em mulheres infectadas por HPV.
8. Ter muitos filhos
Foi comprovado por alguns estudos que as mulheres que tenham muitos filhos e estejam infetadas pelo HPV, têm maior risco de contrair a doença.
Sintomas do cancro do colo do utero
Num estádio inicial, o cancro do colo do útero não provoca qualquer sintoma, motivo pelo qual a prevenção é absolutamente essencial (realização de papanicolau).
Quando a doença se agrava e se torna invasiva, a mulher pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:
- grandes hemorragias vaginais que ocorrem em momentos que não coincidem com o período menstrual ou que ocorre, por exemplo, após uma relação sexual;
- perdas de sangue após a menopausa;
- aumento da quantidade de corrimento vaginal habitual;
- dores na zona pélvica;
- dores durante o ato sexual.
É importante reforçar que estes sintomas não significam necessariamente que tenha o cancro do cólo do útero. Eles podem dever-se a uma infeção ou outro qualquer problema. Visite o seu médico para que um correto diagnóstico possa ser realizado.
Prevenção
A prevenção é absolutamente essencial. Caso detete algum dos sintomas mecionados, consulte imediatamente o seu ginecologista para realizar exames de diagnóstico, pode ser o papanicolau ou uma colposcopia com biópsia do tecido do útero.
O papanicolau deve ser realizado todos os anos, durante 3 anos consecutivos. Caso não se detete nenhuma alteração, o exame passa a ser recomendado de 3 em 3 anos.
Além da realização dos exames, existe ainda outra forma de prevenção: a vacinação contra o HPV. Esta forma de prevenção protege as mulheres da infeção pelos dois tipos de HPV mais agressivos, o HPV 16 e o HPV 18, e é disponibilizada pelo plano nacional de vacinação num esquema de duas doses, a administrar a raparigas entre os 10 e os 13 anos de idade inclusive.
Como a vacina não protege contra todos os tipos de HPV, continua, no entanto, a ser necessário realizar o rastreio.
Tratamento
O tratamento do cancro do colo do útero é realizado através de radioterapia e quimioterapia. Caso alguma destas abordagens não seja suficientemente agressiva para tratar a doença, e caso a mulher decida conscientemente que não terá mais filhos, pode ser realizada uma cirurgia para remover o útero, o que evita a progressão da doença.