Share the post "Cancro na língua: fatores de risco, tratamento e prevenção"
O cancro oral, corresponde ao conjunto de tumores malignos que afetam a cavidade oral, dos lábios à garganta (incluindo as amígdalas e a faringe), sendo que a língua é o local mais afetado, daí que as referência a cancro na língua sejam comuns.
De facto, o mais usual é o cancro oral estar localizado na mucosa abaixo da língua, no bordo lateral da língua e no palato mole. Geralmente de diagnóstico tardio, o cancro na língua está associado a índices de mortalidade elevados (é uma das 10 causas de morte predominantes no mundo inteiro), pelo que importa conhecê-lo melhor.
Cancro oral: fatores de risco e diagnóstico
O cancro oral, mais frequente nos homens acima dos 45 anos de idade (aumentando consideravelmente até aos 65 anos), tem como principais fatores de risco o consumo de álcool e de tabaco (8 em cada 10 doentes diagnosticados com cancro oral consume ou já consumiu tabaco).
Assim sendo, podemos concluir que o cancro na língua está fortemente associado a um estilo de vida menos saudável. No entanto, o consumo de álcool e tabaco não são os únicos hábitos de vida que concorrem como fatores de risco do cancro oral. Outros fatores de disco relevantes são a infeção com o vírus do papiloma humano, a reduzida ingestão de vegetais e frutas e uma dieta pobre em alimentos com agentes antioxidantes.
O cancro oral pode manifestar-se através de uma mancha, de cor variável, usualmente branca ou avermelhada, uma massa mais ou menos endurecida ou uma úlcera que não cicatriza. Inicialmente estas lesões são indolores, mas com a progressão da doença vão-se tornando cada vez mais dolorosas.
A presença dos seguintes sinais/sintomas deve servir como sinal de alerta e pode justificar a procura de aconselhamento médico, embora mais de metade dos casos de cancro oral apenas dê sinais num estadio já avançado:
a) úlceras persistentes;
b) áreas endurecidas;
c) áreas de crescimento tecidular;
d) lesões que não cicatrizam;
e) mobilidade dentária;
f) desconforto ou dor na boca que não passa;
g) perda de sensibilidade;
h) dificuldade em deglutir;
i) lesões brancas e vermelhas;
j) gânglios linfáticos aumentados.
Tratamento e prevenção
Tendo em conta o quão perigoso pode ser o cancro na língua importa, antes de mais apostar na prevenção. Algumas formas de prevenir o cancro oral são:
a) adotar um estilo de vida saudável;
b) cessar o consumo de tabaco;
c) diminuir o consumo de álcool;
d) seguir uma dieta equilibrada (consumir, de forma regular, vegetais frescos e frutas);
e) realizar visitas regulares ao médico dentista (é aconselhável realizar um rastreio anual numa consulta de medicina oral);
f) estar informado e alerta a alguns sinais (feridas na boca que não cicatrizam; dificuldade em engolir; alterações na cor ou textura);
g) manter uma boa higiene oral.
Tendo em conta que o cancro oral surge frequentemente de forma assintomática, muitas vezes a prevenção já não é solução e há que iniciar o tratamento. De forma habitual, o tratamento de eleição passa pela cirurgia (os estadios iniciais do cancro na língua são normalmente tratados com cirurgia), podendo ter como terapias coadjuvantes a radioterapia e a quimioterapia, isoladas ou combinadas.
Quando mais precocemente for iniciado o tratamento, maiores são as hipóteses de sucesso do tratamento deste tipo de cancro que apresenta uma mortalidade elevada (cerca de 6 em cada 10 doentes de cancro oral morrem nos 5 anos após a data do diagnóstico).
A língua contém inúmeras características estruturais e anatómicas (por exemplo, o imenso entrelaçado muscular e a rede linfática) que podem influenciar as propriedades de disseminação do tumor e o seu consequente mau prognóstico.
Como conclusão…
Apesar dos incríveis avanços da medicina, o cancro oral é uma patologia que ainda apresenta uma incidência elevada e uma taxa de mortalidade alta. Mais ainda, o cancro na língua representa a maioria dos casos de cancro oral e é considerado o mais agressivo.
O médico dentista tem um papel muito importante na deteção do cancro na língua em fase inicial, uma vez que este habitualmente não apresenta qualquer tipo de sintomatologia evidente.
Numa consulta de rastreio de cancro oral o médico dentista habitualmente realiza um exame visual de todas as estruturas orais (nomeadamente, lábios, língua, gengivas, palato, bochechas, pavimento da boca) bem como das estruturas anexas à cavidade oral (tais como, glândulas salivares e pescoço).
Tem também lugar a palpação das estruturas orais e periorais e são procurados eventuais aumentos de volume e áreas mais endurecidas. Mais ainda, o médico dentista pode considerar serem necessários exames complementares de diagnóstico, tais como análises clínicas ou radiografias. Perante uma lesão suspeita, habitualmente é aconselhada a realização de biópsia.
Em suma, deve estar atento à presença de determinadas alterações, principalmente se estas forem persistentes e recorrentes. Na presença de alterações suspeitas na boca pode recorrer ao seu médico assistente que procederá no sentido de despistar qualquer diagnóstico e orientar em conformidade.
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