Share the post "Cardiopatia congénita: o que é, quais os sintomas e como tratar"
A cardiopatia congénita consiste numa alteração na estrutura ou função do coração que é desenvolvida durante a gestação, acabando por comprometer a função cardíaca do bebé podendo afetar o seu desenvolvimento. Ou seja, tratam-se de malformações do coração e das artérias presentes nos bebés ao nascer.
É uma das alterações mais frequentes no nosso país e no mundo, sendo que em Portugal a média de crianças com alterações cardíacas de nascimento é de cerca de 8 a 10 por 1000 nados-vivos.
Esta condição pode ser detetada ainda no útero da mãe, através de exames de ultrassom e do ecocardiograma, por exemplo. Contudo, depois do nascimento do bebé é possível também reparar em alguns sintomas que podem indicar uma alteração no fluxo de sangue – como a alteração na respiração em repouso, por exemplo.
Apesar disso, e em alguns casos, os sinais e sintomas da existência de cardiopatia congénita podem aparecer ao longo do desenvolvimento da criança ou até mesmo na vida adulta.
O que precisa de saber sobre a cardiopatia congénita
Conforme referimos, a cardiopatia congénita consiste em malformações cardíacas que surgem durante o desenvolvimento do coração do bebé no útero da mãe. Embora estejam presentes no nascimento, em alguns casos acabam por ser diagnosticadas mais tarde (durante a infância ou na idade adulta já).
Para além disto, é importante referir que as cardiopatias congénitas podem manifestar-se por insuficiência cardíaca, arritmias, cianose (pele azulada) ou pela presença de um sopro cardíaco. Ainda assim, existem vários tipos sendo que umas são mais complexas do que outras.
A nível mundial as cardiopatias congénitas dividem-se em dois grupos principais, são eles:
- Cardiopatias cianóticas – quando existe uma tendência para a pele ter um tom azulado;
- Cardiopatias acianóticas – sempre que essa tendência não se encontra presente.
Quais são as possíveis causas associadas a uma cardiopatia congénita?
Numa grande parte dos casos, as causas para o aparecimento de uma cardiopatia congénita são desconhecidas.
Contudo, prevê-se que a toma de alguns medicamentos, a exposição a radiação, doenças crónicas como a diabetes ou doenças como a rubéola durante a gestação possam efetivamente estar relacionadas com o desenvolvimento de cardiopatias congénitas no bebé.
Por outro lado, as causas podem também estar associadas a alterações genéticas – como é o caso da Trissomia 21 (Síndrome de Down), de Alagille, Turner, Williams ou Noonan, por exemplo.
Existe ainda uma relação hereditária neste tipo de doenças. O que significa que, a cardiopatia congénita pode ser passada da mãe para o feto (quando a mesma é portadora da doença). No entanto, o risco é baixo correspondendo entre cerca de 2% a 4%.
Além disto, as interferências na gravidez, como o uso abusivo de substâncias químicas, álcool ou drogas que resultem numa infeção durante a gestação, pode constituir mais um fator de risco para o aparecimento da doença.
Existem sintomas associados?
Os sintomas das cardiopatias congénitas dependem sempre do tipo e da complexidade das malformações cardíacas. Apesar disso, podem-se listar alguns dos principais sintomas em recém-nascidos e bebés:
- suor excessivo;
- palidez;
- apatia;
- cianose;
- cansaço excessivo durante a amamentação;
- respiração curta e rápida mesmo durante o repouso;
- baixo peso e pouco apetite.
Em adultos ou nas crianças mais velhas, os sintomas podem ser um pouco distintos:
- infeções respiratórias com frequência;
- coração acelerado e boca roxa depois de esforços;
- dificuldade no desenvolvimento e em ganhar peso;
- fadiga comparativamente com outras pessoas da mesma idade.
Além disto, podem ainda ser observadas alterações no tamanho do órgão vital (o coração) – algo capaz de se detetar através de exames como o ecocardiograma e um raio-X, por exemplo.
Relembramos que na presença de algum destes sintomas, não deverá entrar em pânico. Em caso de suspeita de uma cardiopatia congénita, marque uma consulta com o seu médico para realizar todos os exames necessários – só assim será possível fazer um diagnóstico assertivo.
Existe tratamento?
O tratamento é realizado consoante o quadro clínico do paciente, independentemente de se tratar de uma cardiopatia cianótica ou não. Em alguns casos quando se verifica que o quadro poderá evoluir para uma cura espontânea, não há necessidade de fazer tratamento – como é bastante comum em quadros de canal arterial persistente no bebé prematuro.
O uso de medicamentos para controlar os sintomas mais comuns faz parte do tratamento relacionado com a patologia. Falamos de betabloqueadores e diuréticos para regular a frequência cardíaca e de outros medicamentos para aumentar a intensidade dos batimentos.
Ainda assim, quando se trata de casos de cardiopatia congénita que tendem a evoluir para uma forma mais grave da doença, existe a opção de tratamento cirúrgico (sendo que em alguns casos o mesmo poderá ser sugerido ainda no período neonatal ou na fase lactante).
A deteção precoce deste tipo de malformações é essencial para prevenir uma condição de saúde mais grave ou com tendência para evoluir. Por isso mesmo, o seguimento médico regular tem aqui também um papel fundamental.
Em caso de dúvida ou de suspeita da doença, contacte o seu médico e explique todos os sintomas que tem vindo a sentir a fim de, juntos, perceberem o que poderá estar na origem das suas queixas. Afinal, não nos podemos esquecer que nem tudo são doenças graves ou condições de saúde complicadas.