Ser afetivo, empático e sensível aos outros não é ser lamechas! É saber valorizar e expressar as emoções! O carinho e o afeto representam a capacidade que o ser humano tem de amar, aprovar e aceitar o outro.
Independentemente da idade, do género e do status social, todos nós precisamos de nos ligar emocionalmente aos outros, dar e receber afeto. Esta troca implica uma dança recíproca cujo equilíbrio constitui, muitas vezes, um mistério para os intervenientes.
Uma coisa é certa, quando uma pessoa depende da outra emocionalmente para se sentir feliz e amada, gera-se uma condição pesada para ambas. Isto porque quem é dependente cobra, mendiga ou manipula a atenção do companheiro e este, por sua vez, sente-se pressionado a suplantar os problemas internos do dependente, tarefa esta jamais impossível de cumprir.
Carência afetiva: como se desenvolve e como superar
Como se desenvolve a carência afetiva?
Durante a infância aprende-se a nutrir as necessidades básicas de afeto. A qualidade das relações com os pais determina a capacidade da criança receber e dar carinho aos outros, que será repercutida na vida adulta.
Na educação infantil, a falta de nutrição afetiva será geradora de baixa autoestima, impulsionadora no adulto de insegurança, rejeição, dependência, insatisfação, descrença em si e nos outros.
Uma criança que não aprendeu a ser carinhosa e não lhe foi dada a oportunidade de expressar livremente o que sente, mais tarde terá mais dificuldade em ser afetuosa, acabando por se fechar emocionalmente.
Por outro lado, crianças demasiado protegidas, com excesso de carinho e cuidado dos seus pais crescem sem aprender a resolver os seus problemas e dramas emocionais sozinhos, tornando-os adultos dependentes e sem capacidade de fazer nada sozinhas, inclusive de se amar a si mesmas.
Na carência afetiva as pessoas condicionam a sua felicidade aos outros. Entregam a responsabilidade de serem autónomas e cuidarem de si próprias aos outros. Mantêm-se crianças sempre, emocionalmente. Mantêm a dependência de colo, aconchego e atenção nos relacionamentos, como se fosse esse a fonte da sua própria felicidade.
Quais as características de um perfil com carência afetiva?
a) Extrema dependência do outro para ser feliz e sentir-se bem;
b) Para evitar a solidão e o vazio, escolhe-se parceiros sem discriminar ou selecionar, caindo em relacionamentos desastrosos e até agressivos;
c) Excesso de ciúmes e controle sobre o outro;
d) Comportamento manipulador para chamar atenção (fazer-se de vitima, sufocar o outro);
e) Abandonar os seus objetivos pessoais para viver a vida do outro;
f) Hábito de se comparar com as outras pessoas por se sentir inferior a elas.
Como resolver a carência afetiva?
Cultive o prazer de estar sozinho: aprenda a desfrutar da sua companhia. Quem usufrui da sua auto-presença, aprende a nutrir-se emocionalmente. A escolha de um relacionamento será uma opção e não uma necessidade.
Valorize o que já possui: os seus valores, as suas crenças, os relacionamentos com amigos, familiares, colegas de trabalho, etc. A gratidão sobre estes bens são geradores de amor-próprio e aos outros que estão em redor, impulsionando a confiança, o otimismo, a alegria de viver e o prazer descentrado do “eu”.
Cuide de si como gostaria que o outro cuidasse: procure aceitar os seus pontos negativos tal como deseja que o outro aceite. Aprenda a lidar com as suas limitações. Do mesmo modo, orgulhe-se das suas capacidades e dos seus talentos.
A conquista de independência emocional é uma aprendizagem que se baseia em criar uma vida própria, iluminada por objetivos próprios, gostos próprios e mais individualizada para se tornar mais integrado e completo.
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