É de manhã, prepara-se para ir para o trabalho, liga o carro e quando vai começar a condução percebe que o carro soluça no arranque.
De repente, dá por si a pensar numa panóplia de dilemas sem resposta: “o que se está a passar?”, “e agora o que devo fazer?” e, claro, “devo parar a marcha ou seguir caminho?”.
Para todas estas perguntas, há uma resposta muito generalista: depende de uma multiplicidade de fatores..
Por isso, se esta resposta não lhe interessa, e pretende saber concretamente o que está a acontecer e o que deve fazer, deve continuar a ler.
Carro soluça no arranque: causas e soluções
Mistura pobre
Para um carro trabalhar é necessário que haja uma mistura ideal entre a quantidade de ar e de combustível injetadas no motor. A mistura perfeita chama-se estequiometria e consiste em 14.7:1. Ou seja, 14,7 partes de ar para uma parte de combustível.
Na sua generalidade, os carros não costumam atingir esses valores idílicos. No entanto, pode-se dizer que as misturas que se aproximam desses níveis são quase perfeitas e, portanto, não costumam ter consequências graves.
No entanto, caso a quantidade de combustível injetada seja superior ao desejado, estamos perante uma mistura rica, enquanto, em sentido inverso, quando se injeta menos combustível do que o ideal ocorre uma mistura pobre.
Em ambos os casos, a partir do momento em que o sistema computorizado não conseguir corrigir automaticamente o erro, a luz da injeção irá acender e será aconselhável dirigir-se o quanto antes a um mecânico para não prejudicar o motor. Ainda assim, uma das formas para perceber se está perante uma mistura rica ou pobre é que, nesta última, o carro soluça no arranque.
Mau ou pouco combustível
A qualidade do combustível é essencial para que o motor funcione corretamente. É por essa mesma razão que se costuma colocar alternativas aditivas. No entanto, caso opte por soluções simples é importante perceber que, um mau combustível, sujo e carregado de resíduos, costuma provocar soluços no arranque.
Conduzir com o carro na reserva também costuma acarretar os mesmos problemas, uma vez que os resíduos mais pesados costumam “ficar” para o fim.
Neste último caso aconselha-se que encha o depósito e, se possível, com combustível aditivado para limpar os resíduos, enquanto no primeiro, não havendo a necessidade de abastecer, pode optar por colocar uma solução aditivada para limpar o motor e os injetores.
Velas de Ignição
Nos carros a gasolina, são as velas de ignição que costumam provocar a combustão essencial para o veículo circular. No entanto, estes elementos têm uma vida relativamente curta – cerca de 30 mil quilómetros – embora seja aconselhável trocá-las quando atingirem metade da sua vida útil.
Uma vez desgastadas, incapazes de provocar a faísca que provoca a combustão, uma das consequências poderá efetivamente ser o soluçar do carro ao arrancar. Trocar as velas de ignição não é muito caro e é a solução ideal. Em alternativa, limpá-las poderá resolver temporariamente a situação.
Caso a luz do motor acenda, é sinal que poderá ter algum problema nas velas de ignição. Já os carros a gasóleo estão, à partida, livres destas consequências nocivas, uma vez que as velas são pré-aquecidas.
O problema está nos cabos de vela
Apesar de nestes casos o soluçar acontecer mais em acelerações rápidas ou subidas, mais vale prevenir do que remediar e, tal como as velas de ignição – até porque estão intimamente ligadas – também os cabos têm vida curta.
Os cabos de vela têm a missão de levar a energia até às velas e estando desgastados ou mal conectados acabam por provocar o mau funcionamento destas e, consequentemente, o soluçar do motor.
Para certificar-se de que é este o problema, verifique o encaixe dos cabos ou faça um teste com um multímetro para averiguar se a passagem da corrente elétrica está intacta. Encontrado o problema, é só trocar.
Bobinas
Se o problema está na parte elétrica, mas não nos cabos, então tem de ser nas bobinas responsáveis pelo armazenamento da energia. Afinal, sem eletricidade, as velas não faíscam.
Tanto as velas, como os cabos, e as bobinas, têm uma vida curta e, portanto, são por norma as principais causas do carro soluçar no arranque. Limpá-las poderá ajudar, mas a melhor solução é sempre umas novas e preferencialmente num mecânico para garantir que os danos não se estenderam a outras partes.
Dependendo da potência do motor, pode encontrar duas ou quatro bobinas, mas o seu valor é ainda ligeiramente mais barato do que os dois casos anteriores (velas e cabos).
Deixar o veículo parado muito tempo
Os carros foram feitos para andar e, quando se pega neles após uma paragem muito longa (depreenda-se semanas e/ou meses), têm tendência a não funcionar de igual forma. Uma das consequências possíveis é o carro começar a soluçar ao arrancar. Portanto, para evitar complicações, não o deixe parado muito tempo.
Como evitar que o carro soluce ao arrancar?
Para evitar os males acima supracitados a melhor forma é ter uma condução defensiva, evitando puxar demasiado pelo motor, mas ao mesmo tempo evite deixá-lo parado muito tempo. Além disso, é aconselhável que inspecione regularmente o veículo, nomeadamente verificar o nível do óleo e das águas, e ainda limpar as velas de ignição e as bobinas.
Finalmente, recorrer a combustíveis aditivados ou colocar aditivos de limpeza ocasionalmente poderá evitar gastos no mecânico desnecessários. Lembre-se que se o carro soluça no arranque, à partida é que porque ele está a pedir a sua “ajuda”.