Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
23 Ago, 2019 - 09:50

Decoração: é uma casa portuguesa, com certeza!

Mónica Carvalho

Por muitas influências de decoração que encontre, há itens indispensáveis numa típica casa portuguesa. Será que sabe quais são? Conheça 7 indispensáveis.

Decoração: é uma casa portuguesa, com certeza!

“Numa casa portuguesa fica bem…” – bem que esta música dá o mote para o artigo de hoje, que irá destacar os itens de decoração mais típicos de Portugal e que, confesse lá, marcam presença lá em casa.

É certo que a evolução dos tempos traz novas tendências, novos artigos, novos gostos até, mas como a tradição ainda é o que era, por que não deixar-se levar pelo saudosismo para recordar estes incríveis itens de uma casa portuguesa?

7 itens indispensáveis numa casa portuguesa

1. Azulejos

O azulejo é, provavelmente, uma das marcas mais características da cultura portuguesa. Como tal, a sua aplicação é bastante significativa e vasta. Não se limita à casa, mas também a edifícios de variadas utilidades e espaços ao ar livre, que acabam por despertar, muitas vezes, mentes mais curiosas. Além disso, quem nunca fotografou ou se deixou fotografar ao lado de um azulejo português?

O uso dos azulejos não é feito ao acaso, antes neles são mostrados fragmentos de história portuguesa, como se estivéssemos diante de um livro com tanto para contar. Por isso, tantas paredes são admiradas, tantos edifícios são conservados. E um bom exemplo disso mesmo é a estação de comboios São Bento, no Porto, onde os mais de 20 mil azulejos cobrem uma superfície de cerca de 551 metros quadrados.

Lá testemunham-se grandes feitos e momentos principalmente representativos da história do Norte do país, como a Batalha de Arcos de Valdevez; a entrada de D. João I e de D. Filipa de Lencastre no Porto, em 1387; a Conquista de Ceuta, em 1415; a vida tradicional campestre; e um friso colorido que retrata a história e desenvolvimento dos transportes em Portugal. Os azulejos foram produzidos na Fábrica de Sacavém e instalados entre 1905 e 1906 pelo artista Jorge Colaço, o mais famoso azulejador em Portugal.

Apesar de ser um objeto bem português, na realidade, o azulejo tem derivações árabes. Tem origem na palavra azzellj, que significa “pequena pedra polida” e designava o próprio mosaico usado na arte bizantina. Este objeto foi trazido para Portugal em 1498, após uma visita do monarca D. Manuel I a Espanha, que considerou o azulejo uma “riqueza artística”. Assim, decidiu importar vários para a sua residência, no Palácio Nacional de Sintra, que foi, então, o primeiro local conhecido do país a ser decorado com esta peça.

2. Renda de Bilros

 

A renda de bilros é uma forma de arte só ao alcance de mãos muito habilidosas. Resulta do cruzamento sucessivo ou entremeado de fios têxteis, executado sobre o pique (cartão onde se decalcou o desenho que irá ser reproduzido em renda) e com a ajuda de alfinetes e dos bilros, daí o nome.

Este tipo de arte tem especial expressão nas zonas piscatórias do litoral, com maior relevo para Caminha, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Árvore, Azurara, Setúbal, Lagos, Olhão, Silves, Sines, Sesimbra, Nisa (Alentejo) e Farminhão (Viseu). Porém, esta arte também é conhecida como Renda de Bilros de Peniche, dado que foi nesta cidade que atingiu, em meados do séc. XIX, elevado nível em arte e produção.

3. Galo de Barcelos

 

O Galo de Barcelos é oficialmente um dos símbolos de Portugal e tal se deve a António Salazar, um conhecido apreciador das tradições, que viu neste objeto o perfeito representante do folclore de Portugal em feiras turísticas internacionais.

Além do seu aspeto curioso, o Galo de Barcelos carrega uma lenda medieval, relacionada com um crime na cidade de Barcelos que ninguém parecia conseguir desvendar. Quer saber mais? Sente-se confortavelmente e fique atento.

Um jovem galego passava pela região a caminho de Santiago de Compostela para cumprir uma promessa, tendo sido, entretanto, acusado pelos moradores como suspeito do crime, o que o levou a ser condenado à forca por isso. Ao clamar inocência, o jovem foi levado perante um juiz, onde afirmou “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.” Ninguém o levou a sério, mas realmente, na hora do enforcamento, o galo levantou-se e cantou! O enforcamento foi parado a tempo e o jovem sobreviveu, tendo anos depois voltado ao local para construir o famoso Cruzeiro do Senhor do Galo, em louvor à Virgem Maria e a São Tiago, por lhe terem salvo a vida.

4. Tapetes de Arraiolos

 

Os tapetes de Arraiolos são das mais belas peças que podemos ter em casa. Tão representativas do que as mãos dos portugueses fazem de melhor, como ajudam a conferir uma decoração bem peculiar e única.

São tapetes bordados com lã sobre uma tela de juta ou algodão e bem típicos da vila que lhes dá nome: Arraiolos, que fica no distrito de Évora.

Aponta-se a confeção dos tapetes de Arraiolos para início do século XVII de 2 formas distintas, mas profundamente ligadas: como fruto da curiosidade de artesãs isoladas e como resultado do trabalho conventual alentejano. Os tapetes caracterizam-se pela presença de cores, bem combinadas; com contornos bordados a ponto de pé de flor sobre serapilheira; e preenchidos com ponto de Arraiolos. Têm ainda uma franja feita com agulhas de croché.

Hoje, são uma verdadeira delícia de ver (e ter) e são já poucas as mãos hábeis para conseguir levar a cabo de forma bem-sucedida tarefa tão minuciosa.

5. Cerâmicas Saramenha

 

Se calhar pelo nome não consegue identificar este objeto que existe praticamente em qualquer casa portuguesa. Mas se dissermos que se trata daquela louça feita numa espécie de barro cor de laranja, então tudo fica mais claro, verdade?

Apesar da sua presença forte em Portugal, não há feira nem festa popular que não venda este artigo. A cerâmica Saramenha tem o seu desenvolvimento em algumas cidades brasileiras do estado de Minas Gerais, mais propriamente num local conhecido como Chácara Saramenha, de onde herdou o nome, no século XIX.

Apesar do aspeto grosseiro e até meio indelicado, este tipo de cerâmica começou a ser cada vez mais apreciado pelos colecionadores de arte, principalmente a partir da década de 70, altura em que ganhou valorização internacional após exemplares serem levados à Exposição Internacional de Bruxelas.

A técnica de produção deste tipo de cerâmica utiliza um barro escuro, revestido por um verniz especial feito a partir de pigmentos metálicos.

6. Lenço dos namorados

 

Feito a partir de um pano de linho fino ou de lenço de algodão e bordado com motivos variados, entre os quais quadras ou frases românticas, o lenço dos namorados é uma peça de artesanato e vestuário típica do Minho, sendo usado por mulheres com idade de casar.

Mandava a tradição que a mulher apaixonada bordasse um lenço para oferecer ao seu amado, quando este se ausentasse da cidade. Assim, era usado como uma espécie de ritual de conquista, até porque o homem, após o receber, devia usar o lenço em público, demonstrado  que tinha dado início a uma relação.

7. Bordados de Viana

 

As mulheres de Viana do Castelo desde há muitos anos que têm vindo a embelezar os têxteis de casa, com toalhas, lenços, panos, de forma bem especial. São bordados coloridos, requintados, inspirados nos elementos naturais, que acabam por levar a exuberância da natureza para dentro de casa.

A criatividade dos bordados e bordadeiras de Viana culminaram com a atribuição de uma medalha de ouro a esta forma de arte. Hoje, é um trabalho valorizado, feito por mãos delicadas e pacientes e apreciado por todos que o testemunham.

Agora que já conhece 7 itens indispensáveis numa casa portuguesa, confira: é a sua casa uma verdadeira casa portuguesa? Se ainda não é, aproveite para renovar a decoração da sua habitação.

Veja também