Se também tem aquela sensação de que os bancos sabem tudo sobre si, pode confiar no seu instinto, porque é verdade. Pelo menos no que diz respeito ao dinheiro que pediu emprestado.
A Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) é uma base de dados gerida pelo Banco de Portugal que reúne toda a informação sobre as obrigações de crédito dos portugueses. Lá constam todos os créditos que cada um de nós contraiu, qual o valor das nossas obrigações e o tipo de vínculo que temos contratado.
Para que serve a Central de Responsabilidades de Crédito?
A ideia de criar uma Central de Responsabilidades de Crédito surgiu para apoiar as instituições financeiras na avaliação do risco nas concessões de crédito.
Sempre que pedimos dinheiro emprestado a um banco, a aprovação do crédito (e respetivas condições) depende muito das obrigações que já temos, ou seja, das contas que já temos para pagar. Se forem muitas e pesadas, o banco não vai querer arriscar emprestar-nos mais, porque sabe que aumenta a probabilidade de não conseguirmos pagar de volta.
Com esta plataforma, os bancos podem aceder ao registo das nossas obrigações financeiras antes de se comprometerem com um crédito, melhorando a eficácia dos processos de avaliação de risco.
Que informação consta, exatamente, da CRC?
Sobre cada português, a CRC tem o nome, o número fiscal e o montante das obrigações efetivas e potenciais, ou seja, regista não só aquilo que cada cidadão deve, mas também aquilo que tem disponível para gastar e que, gastando, se transforma em dívida (como, por exemplo, o saldo dos cartões de crédito).
Também consta da Central de Responsabilidades de Crédito informação sobre os incumprimentos. Se deixou de pagar um crédito, se pediu insolvência ou se tem descoberto em contas bancárias, essa informação vai lá estar.
De fora ficam informações detalhadas sobre os créditos. Não é possível, nesta plataforma, saber quem foram as instituições que lhe concederam créditos nem em que condições. Só lá estão os números, que é o que interessa às instituições bancárias.
Esta base de dados conta com a colaboração de praticamente todas as instituições bancárias e de crédito que operam em Portugal. Todas entregam mensalmente um registo atualizado dos seus clientes, e todas assumem a obrigação de o fazer de forma verdadeira e transparente.
Quem tem acesso a essa informação?
Só as instituições participantes podem ver o que está guardado na Central de Responsabilidades de Crédito. Cada cidadão também pode aceder à sua informação, ou seja, pode consultar o que a CRC diz sobre si.
A gestão da plataforma está a cargo do Banco de Portugal, que garante o sigilo e a segurança de todos os dados.
Como acedo à Central de Responsabilidades de Crédito?
Pode aceder à Central de Responsabilidades de Crédito, através do site do Banco de Portugal, autenticar-se com as credenciais do Portal das Finanças e consultar a informação que lhe diz respeito. Se detetar irregularidades, também pode solicitar a correção dos dados que lá constam, desde que apresente uma justificação para isso.
Em alternativa, pode dirigir-se a um balcão do Banco de Portugal, fazendo-se acompanhar do seu Cartão de Cidadão.
Se nomear um representante legal, ele pode consultar a informação que a CRC tem sobre si. Vai, no entanto, precisar de se identificar e apresentar os documentos que o autorizam legalmente a aceder a essa informação.
A minha informação fica lá para sempre?
Não. A informação que consta na Central de Responsabilidades de Crédito é atualizada todos os meses pelas instituições participantes, por isso, quando acaba de pagar um crédito, ele desaparece no relatório do mês seguinte, que diz respeito ao mês em que acabou de pagar.
Assim, se terminar de pagar um crédito em abril, por exemplo, o seu nome já vai estar “limpo” no relatório de maio (que tem informações de abril).
O registo de dados individuais na Central de Responsabilidades de Crédito é uma obrigação das instituições participantes e não pode escolher se quer ou não constar na base de dados.