Share the post "Certificados de Reforma ou PPR: qual a melhor opção de poupança?"
Durante a sua vida ativa quanto mais cedo começar a poupar, maior será o seu pé-de-meia quando atingir a idade da reforma. Porém, é necessário saber como investir as suas poupanças para, no futuro, dispor de um complemento à sua pensão de velhice que lhe permita viver com algum conforto.
Existem no mercado vários produtos direcionados especificamente para poupar para a reforma. Por isso, é natural que se pergunte onde deve exatamente investir o seu dinheiro: em Certificados de Reforma ou PPR (os chamados Planos de Poupança Reforma), ou ainda nos Fundos de Poupança Reforma (FPR)?
Embora os nomes sejam semelhantes, os produtos são distintos. Importa, por isso, conhecer em detalhe cada um deles para poder decidir qual deles se aplica ao seu perfil de poupança, ou se preferir, ao seu perfil de investidor.
Antes de compararmos cada um destes produtos, o nosso conselho é que comece por definir claramente a sua meta financeira para a reforma, isto é, pretende juntar um determinado valor ou prefere uma pensão mensal que acresça à pensão de reforma? O passo seguinte será identificar os produtos de poupança a que poderá recorrer para atingir o objetivo que definiu.
Certificados de Reforma: o que são?
Os Certificados de Reforma resultam da contribuição mensal que fizer durante a sua vida ativa para um fundo de investimento gerido pelo Estado, através do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS), e que lhe permitirá obter, quando se reformar, um complemento à sua reforma.
A Segurança Social irá descontar do seu ordenado a percentagem que indicar quando aderir. Depois, esse valor será aplicado em unidades de participação de um fundo de investimento denominado Fundo de Certificados de Reforma.
Planos de Poupança Reforma: o que são?
Os Planos de Poupança Reforma (PPR) são seguros de capitalização e, por isso na sua generalidade, são de capital garantido.
O montante que investir será aplicado pela seguradora num fundo autónomo, a mesma que tem a responsabilidade de o gerir.
Fundos de Poupança Reforma: o que são?
Os Fundos de Poupança Reforma (FPR) são semelhantes aos demais fundos de investimento mobiliário. Isto é, o capital subscrito está expresso em unidades de participação que têm um determinado valor diário, que a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) divulga e que varia conforme o mercado.
Pode escolher entre uma enorme variedade de FPR disponíveis no mercado tendo sempre em conta o seu perfil de investidor.
De uma forma geral podemos dizer que quanto maior o risco maior será a rentabilidade, já que esta pretende compensar o risco que estiver disposto a assumir. Maior risco normalmente garante um rendimento mais elevado e vice-versa.
Estes fundos são geridos por sociedades gestoras de fundos de investimento.
Certificados de Reforma ou PPR: o que os distingue?
As diferenças entre Certificados de Reforma, PPR e ainda Fundos PPR (FPR) são muitas, mas se entre PPR e FPR as principais diferenças prendem-se com a garantia do capital e com a rentabilidade que pode conseguir, com os Certificados de Reforma há que ter em conta que não os pode resgatar antes da reforma e que não têm capital garantido.
Mas por forma a conhecer as suas semelhanças e diferenças elaborámos um tabela que pode ajudar a comparar cada um destes produtos e escolher o que se mais adequa mais às suas necessidades e metas financeiras.
Certificados de Reforma | PPR | FPR | |
Onde subscrever | Segurança social | Bancos, Seguradoras, Sociedades gestoras de fundos | Bancos, Sociedades gestoras de fundos |
Tipo e periodicidade das entregas | Mensal | Programadas ou não. A periodicidade é variável (definida no produto) | Programadas ou não. A periodicidade é variável (definida no produto) |
Como são feitas as entregas | Desconto feito pela Segurança Social diretamente no seu ordenado | Débito na conta bancária | Débito na conta bancária |
Valor das entregas | Percentagem fixa do salário, a escolher na adesão. Pode ser de 2% ou 4%. Se tiver mais de 50 anos pode também escolher 6% | O montante mínimo depende do produto subscrito | Nas mesmas condições que o PPR |
Possibilidade de interromper entregas | Só é possível na data da renovação | Em qualquer altura | Em qualquer altura |
Penalização por falta de entrega | Despesas administrativas | Não se aplica | Não se aplica |
Renovação | É automática e feita anualmente em fevereiro. Nessa data pode suspender ou alterar a percentagem a descontar. | Não se aplica | Não se aplica |
Capital Garantido | Não. As entregas são convertidas em unidades de participação de um fundo que engloba dívida pública, privada, ações e imobiliário. | Geralmente sim. É um produto de capitalização (associado a um Seguro do ramo Vida) | Não. As entregas são convertidas em unidades de participação de um fundo mobiliário |
Rentabilidade garantida | Não | Sim | Não |
Possibilidade de ter alta rentabilidade | Sim, mas inferior aos FPR. Dado ser um produto de risco moderado, sem garantia de capital, tem associada a possibilidade uma rentabilidade maior do que os PPR, mas inferior aos FPR | Não | Sim. Dado ser um produto de risco, sem garantia de capital, tem associada a possibilidade de uma maior rentabilidade |
Têm liquidez? Isto é, pode resgatar se necessitar do valor? | Não (ver condições de resgate) | Sim | Sim |
Quando se pode resgatar? | Só quando tiver direito a pensão de reforma ou invalidez | É possível a qualquer altura, mas tem de devolver os benefícios fiscais acrescidos de 10%. Poderá resgatar sem penalização no caso de: – Reforma por velhice ou invalidez; – A partir dos 60 anos se o PPR já tiver mais de 5 anos.; – For desempregado de longa duração (ou o cônjuge); – Doença grave de membro do agregado familiar; Pagar crédito habitação | Nas mesmas condições que o PPR |
Como pode receber o valor resgatado | Pode optar por receber o valor total; ou renda mensal vitalícia (se o valor da renda for superior a 2,5% do valor do IAS, ou seja 10,97€); ou uma combinação de ambos (se o valor da renda resultante for superior a 48,81€, ou seja 10% do IAS) | Pode optar por receber o valor total; ou renda mensal vitalícia; ou uma combinação de ambos | Nas mesmas condições que o PPR |
Comissões | Não | – De subscrição; – Gestão do Depósito; – Resgate; – Transferência . | Nas mesmas condições que o PPR |
Possibilidade de transferir | Não | Sim, quer de PPR quer de entidade | Sim quer de FPR quer de entidade |
Benefícios fiscais das entregas | Dedução à coleta de 20% do valor entregue no ano com os seguintes limites em função da idade: – Até 35 anos: 400 euros – Mais de 35 anos: 350 euros | Valores entregues num ano permitem dedução à coleta de 20% com os seguintes limites em função da idade: – Até 34 anos, até 400€, se aplicar 2000€; – Entre 35 e 50 anos, até 350€, se aplicar 1750€; – A partir dos 50 anos, até 300€, se aplicar 1500€. | Nas mesmas condições que o PPR |
Benefícios fiscais no resgate | IRS retido de 8% | – Resgate sem penalização: IRS 8%. – Antes dos 5 anos: IRS 21,5%; – Entre o 5º e 8º ano: IRS 17,2%; – Depois do 8º ano (se pelo menos 35% da totalidade das entregas tenha sido efetuada na primeira metade de vigência do contrato): IRS 8,6%. | Nas mesmas condições que o PPR |
Adequação ao perfil do investidor | Não. | Sim | Sim. Há inúmeros e, por isso, é passível de se adequar ao perfil do investidor |
Qual a melhor opção para constituir o seu pé-de-meia?
A melhor opção entre Certificados de Reforma ou PPR e ainda entre FPR, depende do seu perfil de risco e da sua idade. De uma forma geral podemos dizer que quanto mais cedo começar a poupar melhor, já que mais irá acumular e maior será a capitalização que poderá conseguir.
Assim, no processo de escolha tenha em atenção se quererá ou não resgatar antes da reforma e se está disposto a arriscar a garantia de capital para poder ter uma rentabilidade maior.
Se não pretender resgatar e está disposto a assumir um risco moderado, os Certificados de Reforma são os mais indicados. Agora, se quiser contar com a possibilidade de resgate, uma vez que os imprevistos acontecem, então é de considerar o PPR (sem risco e sem alta rendibilidade) ou o Fundo PPR (com risco elevado, mas com a possibilidade de ter alta rendibilidade ).
É importante não escolher o primeiro produto que lhe propuserem. Analise cuidadosamente as opções e condições de cada produto e, por fim, decida-se por aquele que mais se adequa ao seu perfil e ao risco que está disposto a correr. Em última instância lembre-se que está a poupar para ter um complemento de reforma.