Era bastante expressivo e adorava ler. Ali, os 3 naquela ilha, Logo começámos a conversar e a discutir vários temas interessantes. Ofereceu-me um livro “O mito de Sísifo” de Albert Camus que alegoricamente fala da acomodação do homem ao trabalho rotineiro do dia-a-dia.
Uma semana mais no morro do Pantanal
Esta semana éramos para ir para a casa de uma professora, de outra escola que a Susana está a visitar. Porém decidimos continuar a nossa estadia no morro do Pantanal. A companhia, as conversas alegres mas profundas e os cozinhados do nosso mais recente amigo deram-nos motivos para queremos passar mais tempo com ele.
O pedreiro apareceu apenas uma tarde onde aprendemos a colocar portas numa casa e a fazer cimento.
Aproveitámos para conhecer cada ponto da ilha. Descobrimos mais praias, trilhas e uma outra cachoeira que era possível dar saltos para a água.
Como em qualquer ilha os transportes públicos são escassos e acabamos sempre por demorar muito tempo para chegar a outros pontos da ilha. Se perdemos um autocarro o próximo pode ser apenas daqui a uma hora, mas com pouco mais de 1€ percorremos toda a ilha.
Hoje demorámos aproximadamente três horas a chegar a casa, numa distância de cerca de 40km, para além de irmos em pé no autocarro que ia apinhado de gente. A única estrada que saáa das praias estava completamente congestionada. Isto fez com que perdessemos o autocarro que parava à porta do morro, onde ficava a nossa casa, e acabámos por ter que fazer parte do caminho a pé.
Por falar em andar a pé, eu a Susana adoramos fazer trilhas pela natureza, e de certa forma estamos habituados a andar a a pé, mas nunca tinhamos andado tanto durante tantos dias seguidos. E o dia terminava sempre com o maior desafio: subir o morro até à última casa com uma inclinação absurda, em que algumas partes só se fazia de bicos dos pés.
Chegou o momento em que tivémos novamente que nos mudar. Íamos agora para Rio Tavares, que fica no sudeste da ilha. Quando temos já algum conforto e estima pelo local onde estamos, saímos e vamos com a nossa “casa” às costas à descoberta de novos lugares e de novas pessoas. Ficámos com o convite de uma estadia grátis quando o hostel estiver pronto.
Mais uma vez apenas tínhamos as indicações da morada que nos foi dada por mensagem e o nome de duas pessoas. Neste novo local, o espaço conexão, vamos trocar três horas de trabalho diárias com um dia de folga por alojamento.
A chegada foi um pouco peculiar. Carregados de malas, entrámos num pátio que tinha um alpendre e foi-nos dito para nos sentarmos enquanto chegava alguém da recepção. O local, afinal, era um hostel, e ao que parecia muita gente que lá morava não pagava alojamento. Trocavam trabalho por alojamento.
O Mohamed, responsável pela receção, apareceu em cima de um skate e recebeu-nos com um grito de festa e logo nos abraçou de forma calorosa. Ainda nos mostrou os seus dotes na flauta transversal e no clarinete. Para a semana há mais…
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