Se for como eu – e depois do advento da tecnologia que permitiu esta maravilha – terá uma playlist de música específica para criar um estado de espírito ideal para a escrita; uma outra que acompanhará o banho quente no final de um dia de tensão; aquela que incluí a banda sonora perfeita para fazer um jantar inspirado; ou mesmo um alinhamento para actividades caseira enfadonhas como aspirar (“I want to break free” dos Queen é obrigatória, deverá concordar comigo).
Coloquei a “Weightless” na secção “para ouvir antes de adormecer”, juntamente com Bon Iver, Kings of Convenience, Sigur Rós e José González (entre outras que dispensam apresentações).
O papel da música na História
Outrora detentora de poderes mágicos e, por essa razão, utilizada na cura de doenças, evocação de espíritos ou para motivar os guerreiros a caminho da batalha, a música é uma das artes que tem acompanhado o ser humano com uma importância especial.
Com os primeiros achados arqueológicos datados entre 60.000 e 43.000 anos de idade – flautas feitas com ossos -, estima-se que a música tenha nascido muitos séculos antes através de cânticos, palmas e batimentos em objetos.
Sob o ponto de vista evolutivo, sugere-se que terá acompanhado a nossa história à custa das suas diversas utilidades: importante na comunicação entre tribos; essencial na sintonização emocional dos indivíduos motivando-os para alguma ação em conjunto (a guerra, por exemplo); como símbolo identificativo de determinados grupos; etc.
Actualmente, “a quantidade de tempo e dinheiro que despendemos a despejar música para os nossos ouvidos constitui uma indicação do quanto precisamos de estímulos externos para dominar os nossos pensamentos e emoções”, explica David Sloan Wilson, cientista e evolucionista, no seu livro “A evolução para todos”. Ou não fossem os festivais de verão que habitam o nosso país suficientes para o provar.
A ciência em “Weightless”
O tema que poderá ouvir a seguir foi desenvolvido pela banda de Manchester Marconi Union, um psicólogo com interesse nos tratamentos de stress, ansiedade e fobia de seu nome David Lewis e… tem muita ciência por trás.
A título de exemplo, inicia-se propositadamente a um ritmo de 60 batidas por minuto e termina a 50; não tem uma melodia repetitiva, permitindo que o cérebro não fique concentrado a procurar predizer as sequências seguintes; e os sons finais relembram cantos budistas.
Conhecida como a mais relaxante do mundo, é tão relaxante que se recomenda que não a ouça ao volante.
As 40 mulheres que participaram no estudo responderam mais intensamente à música “Weightless”, com a redução significativa de 65% na taxa de ansiedade. A resposta às outras músicas da lista foi menos efectiva. No entanto, poderá ouvi-las também e tirar as suas próprias conclusões (deixamos a lista em baixo).
Experimente também, mas não se esqueça que, se ouvir esta música, não conduza. Se conduzir, não a ouça.
A lista encabeçada pela “Weightless”
- Weightless
- Airstream – Electra
- DJ Shah – Mellomaniac (Chill Out Mix)
- Enya – Watermark
- Coldplay – Strawberry Swing
- Barcelona – Please Don’t Go
- All Saints – Pure Shores
- Adele – Someone Like You
- Mozart – Canzonetta Sull’aria
- Cafe Del Mar – We Can Fly
Veja também: