Share the post "Cigarro eletrónico e vape: saúde em risco e legislação a apertar"
Os cigarros eletrónicos e vapes são uma das tendências mais recentes para os fumadores. No mercado são vendidos como produtos alegadamente menos prejudiciais para a saúde, porque não têm alcatrão e apresentam quantidades reduzidas ou inexistentes de nicotina. Mas será o cigarro eletrónico a alternativa mais viável?
A ciência não consegue apresentar respostas exatas, mas inúmeros estudos foram conduzidos para testar todas as possibilidades. Esta nova forma de fumar pode ser apelativa pela sua praticidade, diversidade de sabores e similaridade de preços com o tabaco convencional.
Com o objetivo de simular o ato de fumar um cigarro normal, estes dispositivos contêm apenas a nicotina responsável pela compulsão quimíca.
Em Portugal, o cigarro eletrónico e o vape continuam a gerar polémica na área da saúde e nova legislação entrou em vigor muito recentemente.
Cigarro eletrónicos e vape prejudicam a saúde?
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), estes dispositivos contêm quantidades variáveis de nicotina e outras substâncias tóxicas que tornam as emissões nocivas tanto para o utilizador como para os que estão ao seu redor.
Mesmo produtos que alegam não ter nicotina são igualmente prejudiciais, pois podem conter pequenas quantidades desta substância na sua composição.
A nicotina gera dependência e afeta negativamente o desenvolvimento cerebral em situações de aprendizagem e saúde mental. Além disso, alguns estudos apontam que os jovens que utilizam cigarros eletrónicos e vape têm o dobro das hipóteses de se tornarem fumadores na vida adulta.
A OPAS aponta, ainda, que não existem dados precisos e concretos sobre o impacto a longo prazo destes dispositivos. No entanto, diversos estudos sugerem o uso do cigarro eletrónico como origem do aparecimento ou aumento de determinadas doenças, tais como problemas cardíacos e distúrbios pulmonares.
Aliás, estudos científicos comprovam que a exposição constante de mulheres grávidas à nicotina ou aerossóis gerados pelos vapes impacta negativamente o desenvolvimento cerebral do feto.
Recentemente, os Estados Unidos da América reportaram 47 casos mortais relacionados com a utilização destes dispositivos, sendo registado também um aumento significativo de EVALI (E-cigarrete and vaping associated lung injury), uma lesão pulmonar associada com o uso de cigarro eletrónico e vaping.
O aditivo fatal para esta doença é o acetato de vitamina E, muito comum nos cigarros eletrónicos, que contém também cannabis.
Qual o mais perigoso: o cigarro convencional ou o cigarro eletrónico?
A verdade é que ambos apresentam riscos graves para a saúde. Os perigos associados ao ato de fumar, seja cigarro eletrónico ou convencional, variam conforme alguns fatores, como as características e o tipo do produto, a forma de utilização e a sua frequência, a fabricação e, essencialmente, o perfil do utilizador.
O nível de toxicidade não é o único aspeto que deve ter em conta, sendo importante estar atento à provável manipulação dos produtos, assim como a utilização simultânea e frequente de outros produtos com tabaco.
Criam dependência?
A OPAS confirma que a nicotina causa dependência aos utilizadores, a médio ou a longo prazo, sendo difícil cessar o seu uso por completo.
A organização acrescenta, também, que há uma probabilidade significativa de o utilizador converter-se à utilização do tabaco convencional.
Alternativa para quem quer deixar de fumar?
A DGS (Direção-Geral da Saúde) alerta que o cigarro eletrónico não é uma alternativa para quem deseja terminar com o vício do tabaco convencional, visto que não há evidências científicas que o comprovem.
A diversidade de produtos no mercado, e a sua baixa qualidade, não permitem concluir se o cigarro eletrónico e vapes auxiliam ou não no processo.
Se quer deixar de fumar, a DGS aconselha procurar aconselhamento junto do seu médico de família ou outro profissional de saúde.
Entretanto, em outubro de 2023 entrou em vigor a nova lei do tabaco que equipara os cigarros eletrónicos e vapes ao tabaco normal, no que respeita a odores, sabores e riscos para a saúde. Além disso, há outras questões previstas na lei.
- Passa a ser proibida a venda de tabaco aquecido que possua aromatizantes na sua composição;
- Os espaços públicos onde é possível fumar são mais limitados. Os cigarros eletrónicos e vapes são também visados.
- A criação de novos espaços para fumadores é proibida, em especial nos locais onde o ato de fumar já está interdito.
A nova lei tem medidas previstas para os próximos anos. Em janeiro de 2025, por exemplo, entrarão em vigor as novas alterações relativas à proibição da venda do tabaco.