Se procurarmos a definição de cisma no dicionário, vamos descobrir que se refere a: uma ideia fixa; preocupação; mania; devaneio; desconfiança; opinião sem fundamento.
Assim, quando frequentemente escutamos alguém dizer “andas a cismar em alguma coisa; tens uma cisma”, provavelmente querem dizer a alguém que está continuamente a pensar e a preocupar-se com desconfianças sem fundamento real.
Se tentarmos transpor este conceito de cisma para a área da saúde mental, automaticamente, lembramo-nos dos pensamentos obsessivos típicos de diversas perturbações mentais, como no caso da perturbação obsessivo-compulsiva. Quem sofre desta perturbação apresenta pensamentos intrusivos e exagerados causadores de ansiedade, que não consegue controlar.
Cisma e pensamentos obsessivos: um sintoma comum de ansiedade
Pensamentos negativos persistentes são um dos sinais mais comuns de um transtorno de ansiedade, dado que a ansiedade torna quase impossível parar de se concentrar nos assuntos em que a pessoa não quer pensar.
Uma cisma ou um pensamento obsessivo raramente são positivos e estão, muitas vezes, relacionados com os medos ou as emoções da pessoa. A presença destes pensamentos obsessivos causa mais ansiedade, originando mais e mais obsessões, e a pessoa vê-se presa num ciclo vicioso que dificilmente consegue travar.
Os pensamentos obsessivos estão presentes no transtorno obsessivo-compulsivo mas também noutras perturbações de ansiedade:
a) Fobia social: pensamentos obsessivos com cenários em que a pessoa se sente envergonhada publicamente;
b) Perturbação de pânico: pensamentos obsessivos centrado no medo de ter novo ataque de pânico;
c) Perturbação de stress pós-traumático: pensamentos obsessivos centrados no trauma vivido e no receio que se volte a repetir;
d) Perturbação de ansiedade generalizada: preocupações numerosas e variadas.
7 estratégias para travar as preocupações obsessivas
Para travar os pensamentos e as preocupações obsessivas é preciso tratar a ansiedade como um todo, ou seja, mudar a forma como vemos e sentimos o mundo, aprendendo a lidar com os momentos de tensão de forma mais saudável e adequada.
1) Aceitar que estas preocupações são sinónimo de ansiedade: o primeiro passo é reconhecer que tem um transtorno de ansiedade e que os pensamentos obsessivos fazem parte dele;
2) Travar a obsessão o mais precocemente possível: a preocupação obsessiva é como uma espiral negativa;
3) Esforçar-se ativamente para travar os pensamentos obsessivos negativos: é necessário mudar de atividade deliberadamente e no início requer muito esforço; inicialmente, pode ser útil substituir essas preocupações por pensamentos positivos (afirmações positivas); encontre a sua obsessão positiva (por exemplo, fazer palavras cruzadas ou escrever);
4) Envolver-se numa atividade física: pode ajudar a acabar com o ciclo obsessivo;
5) Usar distrações: encontre e desfrute de uma atividade que lhe seja prazerosa e na qual se perca por algum tempo;
6) Ser saudável: envolva-se em atividades saudáveis; considere fazer relaxamento ou meditação;
7) Pedir ajuda: embora estas estratégias possam ajudar, nada melhor do que receber ajuda especializada em saúde mental direcionada para o seu caso específico.
Em resumo
A maioria das pessoas preocupa-se ocasionalmente, o que pode ser útil em várias situações: planear o futuro; preparar-se para um teste importante; verificar as coisas antes de uma viagem.
No entanto, quando a cisma/preocupação se torna improdutiva, excessiva ou difícil de controlar, pode ser patológica. A dificuldade em controlar a preocupação é o que distingue a preocupação patológica do tipo normal de ansiedade que a maioria das pessoas sente.
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