Sem devaneios de design, original e simples, o Citroën AX é um pequeno automóvel tipicamente francês. Sem sombra de dúvida um triunfo da marca francesa que desde sempre apostou na irreverência e na fusão da simplicidade com função.
Ao longo dos seus 103 anos as criações além de simples caraterizam-se pela inovação, funcionalidade, fiabilidade.
E o Citroën AX não é mais do que um desses exemplos. Pensado para substituir o bem sucedido Visa, o AX foi apresentado no Salão Automóvel de Paris, em 1986. Chegou a Portugal dois anos mais tarde e logo arrebatou o troféu de Carro do Ano 1988.
Numa uma carreira comercial de 12 anos (1986 – 1998) o citadino da marca francesa acabou por averbar 2.56 milhões de unidades vendidas. Entre estas estão as muitas versões de que foi alvo e das quais se destaca a irreverente AX GT.
Citroën AX: leveza igual a rapidez
O AX GT deriva do AX – normal – cuja versão inicial possui carroçaria hatchback de três portas equipada com motorizações de 1,0 litro, 1,1 litros e 1,4 litros de 8 válvulas da série TU.
A versão de cinco portas surgiu depois e com ela vieram os motores 1,4 litros a gasóleo. Este motor viria a ser substituído, mais tarde, por bloco 1,5 litros.
O modelo tinha suspensão totalmente independente de longo curso, denunciando conforto acima da média quando comparado com modelos seus congéneres como Renault 5, Peugeot 205 ou Volkswagen Polo, entre outros.
Uma das caraterísticas do AX era ser económico, muito por influência da boa aerodinâmica (coeficiente de arrasto de apenas 0,31 cx). A este fator somava o fato de ser muito leve (a versão mais básica acusava 640 kg na balança) e por força disso era igualmente muito económico e… rápido. O que agradava aos jovens condutores.
Para obter um peso tão reduzido, a marca francesa produziu este modelo recorrendo ao uso de painéis em plástico, utilizados em áreas não estruturais do automóvel. A carroçaria, por sua vez, era construída em aço que apresentada a espessura mínima exigida para a segurança da estrutura.
Outra das vantagens que muito agradava aos utilizadores era o facto do modelo ter uma manutenção muito fácil e económica. Tudo predicados que ajudaram, mais tarde, ao sucesso do AX GT.
Citroën AX GT: uma versão picante
O ano de 1987 marcou a chegada dos modelos desportivos do AX: SPORT e GT. O primeiro, chegou em maio, e recebeu motor 1,3 litros com carburadores duplos e potência de 96 cv. O segundo, o AX GT, surge no mercado uns meses mais tarde (outubro) e veio cheio de pulmão, equipado com motor 1,4 litros e 85 cv de potência máxima, equipado apenas com um carburador simples. Segundo o sítio da Citroën o modelo GT apresentou-se, nesse ano, nos ralis de Marrocos e de Monte Carlo, dando deste modo “andamento” à sua vertente desportiva.
Com esta especificação o Citroën AX GT cumpria o sprint 0-100 km/h em 9,2 segundos e levava o ponteiro do conta-quilómetros até aos 177 km/h.
A primeira mexida em termos de atualização mecânica surge em 1991. Toda a gama é revista com as atualizações a surgirem tanto ao nível da carroçaria exterior, como no habitáculo, que era muito simples e espartano.
Melhorou-se, deste modo, o aspeto geral de um modelo que já agradava a milhares de condutores. O design da mala traseira beneficiou o aspeto geral exterior e, no habitáculo, destacavam-se o novo tablier e volante (três raios). A marca reforçou ainda o conforto de um modo geral no habitáculo e a segurança do modelo.
Sigla passa a GTI
O Citroën AX GT dava seguimento ao sucesso alcançado pelos “irmãos” AX e SPORT. O peso pluma (715 kg) fazia com que ombreasse com a rapidez dos GTI mais aguerridos no arranque 0-100 km/h.
Além disso, à leveza da estrutura, juntava a agilidade e prazer de condução, embora nesta versão mais potente (GT) exigisse do condutor algum cuidado nas saídas de curva mais rápidas, pois a leveza da traseira podia facilmente desequilibrar a compostura da frente.
O AX GT, equipado com o motor 1,3 litros de 85 cv, foi, durante algum tempo, a antecâmara do desenvolvimento de outro pocket rocket francês de eleição: o AX GTI.
Este, mais pujante no desempenho, equipado com o mesmo bloco 1,3 litros, mas com carburadores duplos, debitava 101 cv às 6.60 rpm.
GT e GTI conviveram durante alguns meses até à extinção da versão mais modesta. Recorde-se que o GT foi a versão mais potente da Citroën, até à chegada do GTI que cumpria o 0-100 km/h em 8,7 segundos e alcançava a velocidade máxima de 190 km/h. Ganhou o estatuto de Citroën AX de série mais rápido, superando de forma natural as performances até então alcançadas pelo GT.
Em 1991, com o objetivo de cumprir as normas da União Europeia sobre emissões, a Citroën viu-se obrigada a recorrer aos catalisadores. Deste modo, o motor do AX GT baixou a potência para 75 cv, com a adoção do catalisador e injeção eletrónica; enquanto o GTI passava a debitar interessantes 95 cv.
Ficha técnica do AX GT (1991)
- Potência – 75 cv
- Motor – 4 cilindros em linha
- Cilindrada – 1360 cm3
- Distribuição – 8 válvulas
- Binário – 111 Nm (6200 rpm)
- Transmissão – Tração à frente, caixa de velocidades manual 5 velocidades
- Peso médio – 745 kg
- Pneus – 165/65/R13
- Relação potência/peso – 9.9.0 kg/cv
- Coeficiente aerodinâmico 0.31 cx
- Consumo extra-urbano – 4,9l/100 km
- Consumo urbano – 8,0 l/100 km
- Velocidade máxima – 177 km/h
Citroën AX BB Cabriolet
O pequeno citadino Citroën AX GT equipado com motor 1,4 litros, durante a carreira comercial conheceu, em Portugal, uma versão, ainda que limitada. Foi em 1988 que surgiu o Citroën AX BB Cabriolet devido ao empreendedorismo do concessionário da marca francesa Benjamin Barral, sediado em Cascais.
Tratou-se de uma versão cabriolet, não oficial, que estava equipada com o nervoso motor 1,4 litros do AX GT.
Com design muito elegante o modelo acabou por destacar-se no panorama dos citadinos equipados com motor mais potente, conquistando apetência no seio dos colecionadores de automóveis, devido à sua raridade.
Ao longo da carreira o AX GT teve ainda participação em diversas provas desportivas impulsionando os percursos desportivos de jovens pilotos.
Devido à sua fiabilidade ainda encontramos muitos modelos em circulação e em bom estado de conservação, sendo as versões mais procuradas as icónicas GT e GTI.
A linhagem Citroën AX – que se manteve em produção até 1998 –, seria substituída em 1996 pelo Saxo.