A coleção antiprincesas é surpreendente, na medida em que apresenta ao leitor um conjunto de livros que desconstroem, perante os mais novos, a figura do herói com base no estereótipo, com superpoderes e que se distancia do mais comum dos mortais. Na verdade, a coleção antiprincesas dá a conhecer a vida de mulheres reais, que, cada uma de sua forma, mudou o mundo, deixando um legado incontornável e intemporal.
Os livros encontram-se escritos com uma linguagem acessível e são também ilustrados a cores (usando, paralelamente, algumas imagens reais) pelo argentino Pitu Sáa. Em Portugal, a edição é levada a cabo pela Tinta da China, numa parceria com a EGEAC e com o programa Lisboa por Dentro.
Cada livro é composto por 28 páginas ilustradas a cores, tendo o custo de 8,90€, e terminando com sugestões de atividades e jogos relacionados com o conteúdo lido. Estas princesas do mundo real não usam tiara, mas tiveram o poder da obra deixada. Saiba, então, mais sobre estes livros e sobre as mulheres de que falam.
Coleção antiprincesas: 4 super livros que fazem parte da coleção
1. Frida Kahlo
Frida Kahlo tinha um imaginário riquíssimo, associado a uma força enorme, tendo usados cores fortes para pintar todo o sofrimento que passou na vida, nomeadamente, o acidente que lhe partiu a coluna ou o facto de ter uma perna com deficiência motivada por uma poliomielite, quando tinha apenas seis anos.
Nasceu verdadeiramente em 1907, mas gostava de afirmar que havia nascido em 1910, por ter sido nesse ano que os camponeses tinham levado a cabo uma grande revolução no México, apreciando a ideia de que ela e o novo México tivessem nascido juntos. Ao longo da sua vida, pintou retratos de si mesma, pintou o seu país, assim como Diego Rivera, com quem casou, as lutas sociais e os animais que estavam junto de si na Casa Azul, que é hoje uma casa-museu.
2. Violeta Parra
Violeta Parra nasceu em 1917, no seio de uma família com poucas posses, e tornou-se uma artista que viajou pelo seu país, o Chile, de guitarra ao ombro, para que as canções tradicionais deste país não fossem esquecidas. Os seus pais eram músicos de folclore, mas não queriam que a filha tivesse essa vida da música, pelo que Violeta aprendeu a tocar guitarra sozinha.
Cantava na rua, a troco de esmolas. Em Santiago do Chile encontrou aquele que seria o seu grande amor, mas aí também o acabaria por perder. Percorreu as zonas mais longínquas do país, com os seus filhos pequenos, para ouvir as canções populares que estariam em risco de cair no esquecimento, gravando-as.
3. Juana Azurduy
Esta mulher nasceu em 1789, na Bolívia, e foi uma guerreira e heroína, lutando pela libertação do seu país, que na altura era colonizado pelos espanhóis. Entrou aos 17 anos num convento, mas foi expulsa pouco tempo depois, casando-se com um lavrador. Juntos lutaram pela independência, ao lado dos guerrilheiros.
Esteve à frente de um esquadrão, Os Hussardos, e teve cinco filhos. Após a morte do marido, Manuel Padilla, numa batalha, decidiu partir para lutar na Argentina, apenas regressando à Bolívia em 1824, com a independência do país.
4. Clarice Lispector
Na coleção antiprincesas, figura ainda Clarice Lispector, uma escritora brasileira, que fascina pela sua personalidade e obra. Assumia que não gostava de estruturas rígidas, de regras, e das coisas académicas. Escrevia onde e como podia, com a máquina de escrever ao colo, ou em guardanapos e papelinhos.
Ao longo da vida escreveu diferentes tipos de texto: romances, muitos com o seu característico final aberto, desconcertando o leitor; livros infantis tendo animais como protagonistas; crónicas que escrevia nos jornais para conseguir ganhar a vida, principalmente após o divórcio.
Em espanhol e ainda não traduzidos para português estão o livro Gilda – a antiprincesa do baile, da alegria, cantora e compositora, que lutou pelo sonhos e transformou-se numa santa popular – e Alfonsina Storni – poeta, escritora, docente, jornalista e, sobretudo, uma mulher livre, que nunca quis seguir o “rebanho”.
Há, ainda em espanhol, a coleção antiheróis, que apresenta aos mais novos a história de verdadeiros heróis reais, como Che Guevara, um libertador sul-americano de tempos recentes, que lutou pela liberdade de muitos e muitas.
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