Há uma semana que estava no Vale Sagrado dos Incas, tinha conhecido muita gente, quase todos a viajar por larga temporada, sem data de regresso a casa e quando perguntava para onde iam a seguir, muitos não tinham nada planificado, apenas viajavam ao sabor do vento.
Durante o festival, aprendi a construir uma estrutura de canas, a pintar com cores fluorescentes em telas gigantes, como se organiza um festival e também novas receitas de pratos típicos do Peru. Apesar dos dias parecem intermináveis a semana passou a correr e, parecendo que não, já estava há 10 dias no Peru.
Nos últimos dias de voluntariado, disseram-nos que poderíamos ficar com um espaço que tinha um forno a lenha. Aí começamos a por mãos à obra. Uns trataram da eletricidade, outros da pintura, outros das receitas e por aí fora, até termos uma pizzaria.
Fizemos o primeiro teste e estavam divinais, para mim o mais delicado era quinze pessoas que se tinham conhecido há pouco mais de uma semana chegarem a um consenso. Claro que houve uns que se dedicaram mais do que outros, mas ainda assim com tanta gente a gerir um espaço correu bastante bem.
O festival começou a meio gás. Havia um corte na estrada, eram os professores que reclamavam melhores condições e estavam a pôr loucas as agências de turismo, até Machu Picchu esteve quase deserto durante vários dias.
Dentro do festival havia workshops de yoga, massagens, acrobacia e mini conferências sob vários temas. À noite, durante os primeiros dias eram como jam sessions, onde se misturava a música peruana com de outros países.
Entretanto na pizzaria, tudo estava a correr muito bem. Ao lado do festival havia uma festa patronal, que é como um típico baile português com um pequeno palco e danças típicas peruanas, onde toda a comida e bebida é grátis.
Nunca me vou esquecer das caras de curiosidade das crianças peruanas que vinham à pizzaria e ficavam encantadas com o seu sabor. Para mim, o único problema da pizzaria é que comi farinha branca todos os dias, mas era algo temporário.
A pista principal só abriu no fim-de-semana, como decoração estavam as telas pintadas com tinta fluorescentes e a obra de arte que ajudei a fazer com canas e envolvida com fios em formas de mandalas. Na grande maioria, eram estrangeiros (talvez metade franceses, a nacionalidade que predomina na América do Sul, entre os mochileiros).
Quando o festival terminou, a festa patronal continuou com danças de máscaras e música ao vivo. O dia seguinte era de partida para quase todos os que ajudaram no festival. E não havia melhor forma de terminar.
Sob a luz das estrelas, no meio do bosque, a ouvir música Argentina e Brasileira ao som da guitarra e do cavaquinho. Para a semana espera-me um hostel em Cusco onde vou fazer voluntariado. A viagem contínua em Puririy.
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